A manhã chegou silenciosa, mas Helena acordou como se o mundo estivesse em chamas.
Sentou-se na cama, respirou fundo, e olhou para Leonardo, ainda adormecido ao seu lado. Havia uma paz inesperada em seu rosto — um contraste brutal com o caos que tomava conta da vida deles. Mas ela não tinha tempo para contemplações. Era hora de agir.
No escritório de advocacia mais renomado da cidade, Helena se sentava diante de uma advogada conhecida por derrubar gigantes.
— Temos um caso sólido. Os documentos que você apresentou sobre a manipulação da adoção da Isadora são apenas o começo. O que me chamou atenção foi isso aqui — disse a advogada, girando o notebook e mostrando uma planilha —, a transferência irregular de verbas da ONG presidida por sua mãe, Vera Ferraz.
Helena arregalou os olhos.
— Eles usavam a ONG como fachada?
— Parece que sim. E agora que o nome deles está no olho do furacão, é o momento perfeito pra pressionar o Ministério Público.
— Quero que tudo venha à tona. Sem piedade.
A advogada sorriu, satisfeita com a firmeza da cliente.
— Vamos começar por aqui. E depois, talvez… um pedido de investigação por crime contra a fé pública, falsificação de documentos, abuso de autoridade… A lista é longa, Helena.
Helena assentiu, sentindo-se mais forte do que nunca.
Enquanto isso, na mansão dos Ferraz, o ambiente estava cinzento, tenso. A mesa do café da manhã posta, mas intocada.
Vera andava de um lado para o outro, com os olhos inchados e o celular na mão. Carlos estava calado, as mãos trêmulas segurando o jornal, que trazia em letras garrafais:
“Família Ferraz pode ser investigada por adoção fraudulenta e corrupção em ONG”
Isadora desceu as escadas com a expressão fechada.
— Viu? Ela tá destruindo a gente. Acabou com tudo.
— Você destruiu isso, Isadora — disse Vera com voz amarga. — Você e sua obsessão.
Isadora se voltou contra a mãe, os olhos carregados de ódio.
— Você sempre foi fraca. Sempre colocou Helena num pedestal só porque ela era “certinha”. Eu tive que lutar por cada migalha! E agora… agora ela quer me tirar tudo!
— Ela só quer o que é justo — murmurou Carlos, cansado. — E está conseguindo.
Isadora bufou e saiu batendo a porta.
No caminho de volta para casa, Helena ligou o rádio no carro. Uma comentarista falava sobre o caso:
“O que mais impressiona é a frieza com que Helena Ferraz foi tratada dentro da própria casa. É simbólico. Quantas outras mulheres sofrem caladas dentro de famílias perfeitas por fora, mas apodrecidas por dentro?”
As palavras bateram fundo.
Ela não era mais apenas uma vítima.
Agora, era um nome.
Uma história.
E, principalmente, um exemplo.
Mais tarde, no apartamento, Leonardo a esperava com uma expressão indecifrável.
— Você mexeu num vespeiro perigoso.
— Eu sei — respondeu ela, tirando os sapatos. — Mas era isso ou passar o resto da vida calada.
Ele se aproximou, tocando o rosto dela com delicadeza.
— E se eles revidarem?
— Eu estou pronta. Por mim, por quem eu fui, e pelas mulheres que ainda vivem presas em mentiras de famílias poderosas.
— Eu admiro você mais a cada dia, Helena.
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