A manhã começou com um silêncio incômodo.
Leonardo saiu cedo, alegando uma reunião de última hora com um cliente importante. Helena apenas assentiu, mas no momento em que ele cruzou a porta, ligou para Júlia.
— Já descobriu algo?
— Ainda estou checando, amiga. Mas tem algo estranho, sim. Ele teve contato recente com um ex-funcionário que foi demitido por desvio de verba… e adivinha quem mais esteve com esse cara essa semana?
Helena engoliu seco.
— Isadora?
— Exato. Parece que estão tentando montar alguma coisa. Eu ainda não sei o quê, mas se eu fosse você, não confiaria cegamente.
Helena se encostou na parede, sentindo o mundo girar ao seu redor. Por um instante, quis acreditar que era tudo coincidência. Mas já vivera demais para ignorar sua intuição.
No mesmo instante, em um café de luxo, Isadora digitava furiosamente em seu notebook.
Com a ajuda do ex-funcionário rancoroso, ela plantava arquivos comprometendo Helena em negócios fictícios — desviando valores, assinando contratos com cláusulas fraudulentas. Ela estava criando uma teia. E sabia exatamente como lançar isso para a mídia.
— Ninguém vai desconfiar — disse ele, orgulhoso da falsificação. — Essa aqui vai direto pra área de compliance da empresa. Vão questionar sua Helena antes do almoço de amanhã.
Isadora sorriu, triunfante.
— Ela queria guerra? Então vai ter. E dessa vez, ela não escapa inteira.
Na empresa, Helena caminhava pelos corredores com o estômago revirando. Sentia olhares estranhos, cochichos contidos. Algo estava acontecendo.
— Helena? — chamou uma funcionária do RH. — Você pode ir até a sala do diretor jurídico? Ele pediu pra falar com você.
Ao chegar na sala, encontrou dois diretores e o advogado da empresa. O clima era pesado.
— Algum problema?
O advogado abriu uma pasta.
— Recebemos um relatório anônimo com documentos graves. Acusações de desvio de verba e favorecimento pessoal. Está no seu nome.
Helena arregalou os olhos.
— Isso é mentira. Eu nunca… — ela parou. Respirou. — São provas forjadas. Isso é coisa da minha irmã. Vocês conhecem meu histórico. Me deem tempo. Eu provo.
— Esperamos que sim — disse um dos diretores. — Mas, por precaução, vamos suspender seu acesso aos contratos e finanças da empresa temporariamente.
Helena saiu da sala com o coração disparado. Sentia-se traída, exposta… e pior, sozinha. Mas não ia se curvar.
Mais tarde, em casa, Leonardo chegou e a encontrou sentada no sofá, imóvel, com os olhos fixos no nada.
— Helena? O que aconteceu?
Ela levantou o olhar devagar. Por um segundo, considerou contar tudo. Mas não confiava nele. Não ainda.
— Só um dia difícil — mentiu, forçando um sorriso. — Nada que eu não aguente.
Ele se aproximou, tentando tocá-la, mas ela recuou sutilmente.
— Vou tomar um banho — disse. — A cabeça está pesada.
No banheiro, trancada, Helena chorou silenciosamente.
O que antes era uma história de amor forjada em vingança… agora se tornava uma guerra onde ela não sabia mais em quem confiar.
Mas uma coisa era certa.
Ela não iria cair.
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