O celular vibrou às sete da manhã. Era uma mensagem de Júlia.
“Preciso te ver. Urgente. Descobri algo que muda tudo.”
Sem tempo para café ou maquiagem, Helena vestiu um casaco e saiu apressada. Quinze minutos depois, estava no banco do carona do carro de Júlia, estacionado em uma rua silenciosa.
— Fala — disse Helena, tensa.
Júlia entregou um tablet com a tela já acesa. Nele, um dossiê organizado. Extratos bancários, cópias de e-mails, nomes de empresas fantasmas.
— Carlos Ferraz está envolvido com lavagem de dinheiro. E sabe aquela ONG para órfãos que ele dizia apoiar desde que Isadora foi “adotada”? — Júlia fez aspas com os dedos. — Nunca existiu de verdade. Era fachada. Os repasses iam direto para contas ligadas a ele. E tem mais: o registro de adoção de Isadora foi manipulado. Ela nunca foi realmente adotada. Ela é filha biológica dele, e ele usou tudo isso para protegê-la e desviá-la do escândalo.
Helena ficou imóvel. O sangue pulsava nos ouvidos.
— Você tem certeza?
— Total. E consegui o nome da mulher que fez o registro falso. Está disposta a falar, desde que mantenha anonimato.
Helena passou as mãos pelos cabelos. Tudo fazia sentido agora. O favoritismo, o desprezo, a forma como a mãe se dobrava às vontades de Carlos, como Isadora sempre conseguia tudo — mesmo errada.
— Eles nunca me odiaram por eu ser ruim… — ela disse, amarga. — Eles me odiaram porque eu era a lembrança viva da mentira que escondiam.
Dois dias depois, Helena entrou no prédio da empresa com a elegância de sempre. Vestido preto ajustado, cabelo preso em um coque firme, olhos delineados com precisão.
Havia convocado um evento especial para os colaboradores: um café da manhã formal para agradecer os resultados do último trimestre. Era a desculpa perfeita.
Leonardo a observava de longe, mas ela sequer o olhou.
Na sala envidraçada, todos os funcionários estavam reunidos. Helena subiu ao pequeno palco montado no centro.
— Bom dia a todos. — Sua voz soou firme. — Estou muito orgulhosa do trabalho que nossa equipe tem feito. Crescemos, superamos desafios e continuamos firmes, apesar de… ruídos.
Ela sorriu levemente.
— Mas hoje, além de agradecer, preciso avisar que me ausentarei por um curto período da diretoria. Não é um afastamento, é um movimento estratégico. O motivo? Tenho algumas verdades a colocar em ordem. Algumas máscaras a remover. E estou mais do que preparada.
Os murmúrios começaram. Leonardo ergueu as sobrancelhas, confuso. Júlia, do outro lado da sala, assentiu discretamente.
Helena continuou:
— Por muitos anos, fui silenciada por manipulações que iam além da vida pessoal. Mas hoje… eu tenho provas. E tudo será entregue às autoridades.
Ela fez uma pausa.
— Aos que mentiram, desviaram dinheiro, esconderam filhos e traíram a confiança de muitos… preparem-se. A verdade não está mais trancada. E quando ela sair… vai engolir todos vocês.
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