Carlos Ferraz caminhava de um lado para o outro no escritório luxuoso de sua mansão. As mãos trêmulas seguravam o celular enquanto ele fazia ligações atrás de ligações.
— Eu não quero desculpas, eu quero soluções! — rugiu. — Encontrem a Luciene. Ela não pode abrir a boca. Façam o que for preciso. Entenderam? — desligou sem esperar resposta.
Seu rosto, antes sempre altivo, agora exibia linhas de tensão, suor escorrendo pela testa. Pela primeira vez na vida, Carlos Ferraz não se sentia no controle.
Do outro lado da cidade, Isadora estava em completo surto.
— Eu não vou perder tudo por causa daquela vadia! — gritou, jogando um vaso contra a parede do próprio quarto. — Eu sou a filha dele! Eu mereço tudo! — urrava, como uma criança mimada, chutando cadeiras e quebrando o que via pela frente.
Ela não sabia se chorava, se gritava ou se ria como uma louca. O fato era que, pela primeira vez, o mundo não girava ao seu redor. Pela primeira vez, Helena estava no comando… e isso a consumia de ódio.
Enquanto isso, no apartamento dela, Helena observava calmamente os arquivos no notebook. Sua expressão era de pura serenidade, contrastando com o caos que havia causado.
Ao lado dela, Júlia rolava as redes sociais.
— Menina… você não tem noção. — Ela mostrou o celular. — Seu nome tá nos trending topics. As pessoas te chamando de mulher poderosa, corajosa, inspiração! Olha isso! — riu. — Você virou meme, gif, reels. Tá viralizando. Você se tornou o terror dos hipócritas dessa cidade.
Helena apenas sorriu de canto.
— Isso é só o começo.
Ela abriu uma nova pasta. Dentro, estava tudo: comprovantes, documentos escaneados, extratos bancários, prints de conversas, fotos comprometedoras. Um verdadeiro arsenal.
— Está pronto? — Júlia perguntou, nervosa.
— Quase. Só falta mais um movimento — respondeu Helena, fechando o notebook.
Na manhã seguinte, Leonardo bateu na porta da sala de Helena, no escritório da empresa.
Ela autorizou a entrada sem sequer olhar.
— Podemos conversar? — Sua voz soava menos fria do que gostaria.
Helena ergueu os olhos, cruzando os braços sobre a mesa.
— Se for sobre negócios, sim.
Leonardo fechou a porta, se aproximou e se sentou.
— O que você está fazendo, Helena? — Sua voz estava mais baixa, quase... preocupada. — Eu sei que você é forte, determinada, mas essa guerra com sua família... isso pode acabar mal.
Ela respirou fundo, ajeitando a postura.
— Leonardo, deixa eu te contar uma coisa sobre guerra. — Seus olhos estavam duros, afiados. — Guerra nunca é bonita. Nunca é limpa. Mas quem me jogou nesse campo de batalha foram eles. Eu estou apenas devolvendo.
— E se isso te destruir no processo? — ele rebateu, olhando nos olhos dela.
Helena segurou o olhar dele, firme.
— Então eu renasço das cinzas. — Ela se levantou, caminhou até ele e completou, em tom baixo e cortante: — Mas uma coisa é certa, Leonardo. Eu não vou mais ser a vítima da minha própria história.
Ele a olhou por alguns segundos. Havia algo naquela mulher... algo que misturava dor, força, ferocidade e uma sensualidade avassaladora. Uma mulher que ninguém mais conseguiria colocar de joelhos.
— Só me diz uma coisa — Leonardo respirou fundo. — Você vai me deixar fazer parte disso... ou devo me afastar?
Helena sorriu, enigmática.
— Isso depende, senhor Vasconcellos. — Ela deu dois passos para perto, quase tocando o queixo dele com os dedos. — De qual lado você quer estar... no dos vencedores ou no dos destruídos?
O silêncio se estendeu, denso, carregado de tensão. E naquele instante, Leonardo soube: não havia mais volta.
Enquanto isso, no escritório de Carlos Ferraz, um de seus seguranças entrou às pressas, pálido.
— Senhor... nós temos um problema.
Carlos se levantou de imediato.
Helena sorriu. Um sorriso frio, cortante, de quem provava o sabor da vitória.
— Eles ainda nem imaginam.
Do outro lado da cidade, Isadora tremia. Ela se olhava no espelho, os olhos borrados de maquiagem, o rosto manchado de lágrimas, os cabelos desgrenhados.
— EU VOU ACABAR COM ELA! — gritou, jogando o espelho no chão, que se estilhaçou em mil pedaços. — Vadia! Desgraçada!
Seus olhos estavam insanos, e dentro dela crescia um ódio doentio, sufocante.
— Se meu pai não der um jeito... eu mesma faço.
Pegou o telefone, discou um número que nunca imaginou precisar usar.
— É você? — perguntou, com a voz trêmula, quase sussurrando. — Eu... eu preciso de um serviço. Discreto. Muito discreto.
De volta à empresa, Leonardo caminhava até sua sala, ainda digerindo a conversa com Helena. Seus pensamentos estavam um caos. Ela era muito mais do que ele imaginava. Forte. Inteligente. E absolutamente perigosa para quem ousasse cruzar seu caminho.
E, de alguma forma, isso o atraía de um jeito que ele não sabia explicar.
Quando chegou à mesa, encontrou uma pasta com documentos. Em cima, um bilhete escrito à mão:
"Você precisa saber exatamente quem eu sou... e do que sou capaz."
Ele abriu. Ao ler as primeiras páginas, seus olhos se arregalaram.
— Santo Deus...
Helena tinha um arsenal que poderia não só destruir Carlos Ferraz... mas também derrubar metade dos poderosos de Montserra.
E, naquele momento, Leonardo soube de uma coisa com absoluta certeza:
Se antes ele tinha entrado naquele casamento por gratidão... agora, estava lá por escolha. E proteger Helena não era mais uma obrigação. Era uma necessidade.

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