O som ritmado dos saltos de Helena preenchia os corredores da Torres Group. Ela caminhava com elegância e poder, vestida com um conjunto preto de alfaiataria impecável, cabelos presos em um rabo de cavalo alto e maquiagem sóbria que destacava seus olhos determinados.
Quando ela passou pela recepção, os funcionários se ajeitaram nas cadeiras, e até os mais ousados desviaram os olhares.
— Bom dia, senhora Torres. — disse a recepcionista, quase em um sussurro.
— Bom dia. — respondeu, sem parar de andar, abrindo caminho até o elevador privativo.
Ao entrar na sua sala, encontrou Leonardo já sentado, analisando uma pilha de documentos. Ele ergueu os olhos e arqueou uma sobrancelha.
— Eu vi a coletiva. — disse ele, seco. — E imagino que esteja aqui para traçarmos uma estratégia.
— Você me conhece bem. — Helena jogou a bolsa sobre a mesa, respirou fundo e se acomodou na cadeira. — Não vou permitir que essa cobra coloque as mãos em nada do que construímos.
Leonardo cruzou os braços, encarando-a. — A questão é: quer resolver isso no campo jurídico... ou está disposta a ir além?
Ela respirou fundo, e seus olhos brilharam com algo que misturava dor, raiva e determinação.
— Leonardo... — cruzou as mãos sobre a mesa. — Eu passei a vida toda abaixando a cabeça para aquela família. Aceitando migalhas, humilhações, traições... e ainda assim, me reconstruí. Virei pó e renasci.
Ela fez uma pausa, olhando fixamente para ele.
— Eu não estou mais no campo da diplomacia. Se Isadora quer guerra... vai ter. E eu vou jogar com as armas que forem necessárias.
Leonardo sorriu de canto, passando a mão no queixo. — Gosto de ouvir isso.
Ela pegou um controle e apertou um botão. Uma parede inteira de vidro deslizou, revelando uma tela gigante com várias informações, dossiês e conexões.
— Isadora pode até carregar o sangue de Carlos Ferraz... — disse, apontando para a imagem da meia-irmã. — Mas ela também carrega os podres. E eu vou usar cada um deles.
Leonardo se aproximou, analisando o que ela havia preparado. — Você andou investigando...
“Amiga, acabei de saber... Lorenzo Falcão voltou para Montserra. E adivinha? Ele agora é sócio da Isadora.”
Helena sentiu o sangue gelar. — Maldito Lorenzo.
Leonardo percebeu a mudança na expressão dela. — Algum problema com ele?
Ela respirou fundo, apertando o celular na mão. — Digamos que ele tem um passado... bem complicado comigo.
— Então acho que o jogo ficou ainda mais interessante. — Leonardo cruzou os braços, sorrindo com diversão.
Helena ergueu o queixo, olhando para a tela onde a foto de Lorenzo Falcão agora também aparecia.
— Então que seja. Que venha Lorenzo... que venha Isadora. Eles vão descobrir que brincar comigo... tem um preço.
Ela apertou um botão, desligando a tela. Seus olhos agora não tinham mais espaço para inseguranças. Só havia espaço para uma coisa: vingança.

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