Em suas Mãos (Barak 2) romance Capítulo 18

Olho para a mesa e vejo a carne envolta em um molho vermelho vivo, fumegante. O salmão emana o seu cheiro característico, com a sua cor típica, bem viva, muito bem cozido. E o macarrão tipo espaguete parece bem soltinho.

—Estou muito impressionada! Isso faz parte das suas cartas na manga para conquistar uma mulher?

Rashid que está me servindo para e me olha de forma enigmática.

—Você acha que um cara como eu precisa se socorrer desse tipo de joguinhos de sedução? Não, habibi. Eu cozinho porque gosto, mas faço isso apenas para os amigos mais chegados, e estes posso contar nos dedos e é claro para a minha família. Já cozinhei muito para o meu pai. Hoje não, porque ele segue uma dieta rigorosa, como você viu.

—Está certo. —Digo sem saber mais o que dizer.

—Assombrada?

—Eu apenas caí em mim. Realmente um homem como você não precisa disso para ter a garota que quiser aos seus pés. Foi um comentário infeliz.

—Para se roubar um coração é preciso ter muita habilidade, muito mais do que a da culinária. Conquistar verdadeiramente um coração dá trabalho, requer paciência. Não se alcança o coração de alguém com pressa. E também não podemos deixar perceptível que queremos roubá-lo, na verdade temos mesmo é que furtá-lo, docemente, e acima de tudo com carinho e sinceridade. Mas você não pode se esquecer de que o seu também ficará com essa pessoa. Ambos se completam. Mas as vezes o pior vem depois, pois você percorre todas essas etapas e acredita piamente que tem o coração desta outra pessoa, mas quando vê, ela te surpreende e você percebe que amou sozinho.

—Você...

Rashid me interrompe.

—Chega! O acordo é não falarmos da intimidade um do outro. Vamos ficar na superfície, é melhor assim. Nem sei por que eu deixei está conversa ir adiante, além disso, eu estava generalizando. Coma, senão sua comida vai esfriar.

Sim, eu ia perguntar se ele falava de si mesmo.

Sinto o meu coração bater nos ouvidos com a repentina frieza dele. Um homem indomesticável, é isto o que ele é.

Rashid não está errado. Eu acho que no fundo ele está certo. Será muito mais fácil quando tudo isso acabar. Eu não sou o tipo de mulher que ele teria como namorada. É claro que ele busca alguém de família, talvez uma moça que siga os costumes, eu não sei.

Certamente não uma odalisca que se sujeitou a estar com ele porque ele pagou.

—Tudo bem.

Comemos em silêncio. Tento não me chatear com a frieza dele e me focar em saborear esta comida maravilhosa e bem temperada. O molho está ácido na medida certa.

Sim, ele cozinha muito bem.

Quando finalizamos o almoço eu encontro os olhos de um Rashid pensativo:

—Estava muito bom.

—Que bom que gostou. Fique à vontade, eu vou dar uma olhada no meu pai, logo depois partiremos.

—Está certo.

Começo a retirar os pratos sujos da mesa.

—Deixe tudo aí. Tenho uma pessoa que fará isso quando chegarmos.

Eu deixo os pratos e vou para área externa, encosto na barantilha. O sol está forte, alegrando a água com o seu brilho. O ar quente transporta o cheiro do mar.

Durante alguns minutos eu fico com o olhar perdido no horizonte, usufruindo do encantamento do espetáculo que a vista me proporciona. Até que eu sinto o ronco dos motores e o iate começa a se mover. Com cuidado eu me sento à sombra.

Rashid não aparece, ele se demora lá dentro. Somente depois de algum tempo ele se senta perto de mim. Seu semblante está pensativo.

—E o seu pai?

Ele me encara sério.

—Não tão bem, ele está sentindo falta de ar. O coração dele está fraco. Ele está recebendo oxigênio.

—Oxigênio?

—Sim, mandei instalar um na sua suíte.

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