Em suas Mãos (Barak 2) romance Capítulo 24

—Negócios. Ele veio por causa deles. Eu entendo.

—Vai se acostumando, ele é muito requisitado. Ah, desculpe não me apresentei. Sou Valentina Yussef.

Ah, logo vi pela pose de princesa da garota ruiva de olhos verdes.

—Khadija Aziz. —Eu me apresento, simpática.

Ela pega duas taças de vinho de um garçom que está passando, então passa uma para mim. Eu aceito.

— Eu nunca ouvi falar de você.

Eu dou um gole grande, pensando no que irei dizer. O silêncio cai sobre nós. Falar sobre minha vida, faz com que eu me sinta estranha.

Esse não é meu mundo, isto não é real. Nada disto. Estou apenas brincando que sou a atual namorada de Rashid. Uma mulher digna de estar ao lado do futuro sheik. Seja evasiva. Digo a mim mesma.

—Estamos nos conhecendo ainda. É a primeira vez que acompanho Rashid à uma festa.

—É sério o namoro de vocês? Rashid anda muito comportado ultimamente.

—Comportado? —Pergunto, pensando a respeito.

Ela revira os olhos.

—Sim. Sozinho. Diferente do Casanova do passado.

Não sei o que dizer. Rashid é uma incógnita. Digo o que me vem à cabeça.

—Acho que o tempo amadurece as pessoas.

Ela suspira e diz pensativa:

—Sim, pode ser.... E você? O que faz?

Logo que ela pergunta, sobe o olhar para alguém ao meu lado. Pelo perfume, sei que Rashid que acabou de chegar. Seus braços logo estão na minha cintura. Ele deve estar me salvando dela.

—Olá, senhorita Yussef. —Ele diz com sua voz profunda.

Ela sorri para ele.

—Oras, Rashid. Que formalidade! —Ela o repreende sedutoramente. —Nos conhecemos bastante tempo para “senhorita”.

—Sim, verdade. —Ele sorri bem-humorado.

—Minhas amigas não acreditaram ao te ver acompanhado. É o velho Rashid voltando à ativa?

Rashid me aperta mais em seus braços e me dá um beijo na cabeça.

—Estou mais seletivo.

Seu tom muito sério, inclusive angustiado, pegou-me de surpresa.

Ah, Rashid…Só tem autoridade para falar do amor, desse jeito, quem já viveu. Típico caso de gato escaldado e que agora tem medo de água fria. Um coração que já fora partido uma vez e que agora prefere desviar desse sentimento, com novos rumos em sua vida que façam mais sentido. Meu íntimo se agita desconfortavelmente. Afasto na hora meus pensamentos, me repreendendo por ser tão tocada por isso.

Estou meio alta pelas duas taças de vinho. Tropeço no meu vestido e quase caio na entrada da sala de jantar. Rashid me segura bem na hora. Se não fosse pelas suas mãos firmes dele, eu teria ido ao chão.

—Você bebeu demais. —Ele diz com reprimenda.

Eu o encaro séria e acuso:

—Você me deixou sozinha.

Rashid não fala nada, acho que ele no fundo sabe que me deixou sozinha no covil de lobos. Ou melhor “lobas”.

O interior é deslumbrante. A mesa é extensa. Arrumada com uma toalha de linho branco. Copo de cristais, porcelanas azuis e brancas que deve ser da dinastia Ming. Um lindo arranjo de flores no centro com dois candelabros, um de cada lado dele.

O senhor Yussef logo indica o lugar a Rashid, perto da cabeceira ao seu lado. Sim, ali era um lugar de honra. Eu me sentei ao lado dele.

Observo a arrumação da mesa. Há três tipos de garfos, três tipos de facas, duas colheres dispostos ao lado do prato e acima dele outro garfo, uma colher e uma faca, a minha direita um prato com uma faca, a minha esquerda quatro taças de cristais.

Eu aprendi como usar cada um deles, mas agora, olhando essas várias opções na minha frente, me dá um branco. Eu empalideço por isso.

Eu olho para Rashid, ele se vira e olha para mim, sua cabeça está inclinada para o lado.