—O que foi? —Ele pergunta.
—Eu não estou me sentindo muito bem.
Eu fico olhando para ele, Rashid suspira. Se inclina e fala ao meu ouvido.
—Você está nervosa com a quantidade de itens na mesa?
Eu coro. Ele me olha.
—Sim. —Sussurro.
Rashid me dá um sorriso do tipo "está tudo bem". Então ele procura a minha mão fria embaixo da mesa e a leva aos lábios, deposita um beijo quente nela. Depois fala ao meu ouvido.
—Acalme-se! Observe as pessoas e faça o mesmo.
Assinto para ele.
—Rashid, meu rapaz. Como está seu pai? Sei que ele não gosta de reuniões, badalações.
—Sim, meu pai é quase um ermitão. Gosta do canto dele. Ele está bem. Está aposentado.
Eles continuam a conversa sobre economia, enquanto os garçons servem uma sopa dourada salpicada com salsinha. Ela parece ser de batata ou mandioquinha. Observei todos pegarem a colher maior, eu faço o mesmo. A sopa é divina. Maravilhosa. Como a sopa ignorando os olhares das mulheres na minha direção. Acho que o desejo é que eu me engasgue.
Quando finalizamos, nossos pratos são retirados. Logo uma pequena porção de salmão ao molho de maracujá é servida. Observo todos pegando o garfo menor e faço o mesmo.
Maravilhoso também. Amei a combinação agridoce com o peixe. Rashid continua entretido na conversa com o senhor Yussef e as mulheres continuam me encarando, como se eu fosse uma atração.
Depois do peixe é servido o prato principal. Uma porção pequena de risoto de camarão todo arrumado, cheio de desenhos envolta dele com molho negro. O prato é tão bonito que dá dó de comer.
Amei o sabor do risoto. O arroz ao dente, o camarão macio.
De vez em quando eu observo também a atitude das pessoas na hora das mudanças dos pratos. As senhoras conversam num tom baixo, cerimonioso. Os homens são os mais animados, acho que se dá o fato de estarem altos, depois de consumir tanta bebida. Mas o que mais me incomoda são as mulheres mais novas, as solteiras, sentadas ao lado de Valentina. Elas cochicham durante o jantar inteiro, rindo com suas piadas particulares e toda hora olhando para mim.
Rashid embora converse em um papo animado com o senhor e a senhora Yussef, ele me observa o tempo todo. Seus olhos estão sempre atentos aos meus atos.
Eles então servem a sobremesa. Petit gateou com sorvete.
Hum, uma delícia.
Isso é bom, muito bom.
Rashid olha para mim, bem na hora que sinto meus lábios sujos de chocolate. Ele sorri e lambe o dele vendo os meus. Eu fico vermelha e limpo minha boca. Olho para aquele grupinho de mulheres, elas me fuzilam com os olhos.
Fim do jantar, todos fomos convidados pelo senhor Yussef para irmos à uma sala ao lado. Rashid me ajuda com a cadeira pesada, arrastando para mim. Então, ele me envolve pela cintura. Eu seguro o vestido para caminhar.
—Precisa segurar o vestido assim?
—Sim, ele é muito comprido.
—Então deveria ter colocado sapatos melhores.
Eu engulo em seco. Sério isso? Ele reparou nos meus sapatos?
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