Em suas Mãos (Barak 2) romance Capítulo 43

Fim das lembranças, presente momento...

Barulhos vindos do quarto me fazem lavar o rosto rapidamente tirando qualquer vestígio de choro. Dou uma olhada no meu grosso e lindo vestido negro. Embora essa cor, ele é todo bordado e modela minhas formas. Suspiro...

Agora que o sheik morreu a incerteza sobre o futuro paira sobre mim como uma enorme nuvem negra.

Saio do banheiro com o coração descompassado.

Rashid está em frente à janela, quando ele me ouve se vira para mim. Eu estou olhando para um par de olhos escuros. Ele é quente, isso é certo. O calor nos olhos dele me joga em momentos de devaneio e eu me lembro-me da primeira vez que eu coloquei meus olhos nele.

Um breve olhar e eu o achei lindo. Logo vi que ele era bem mais velho que eu, seus cabelos tinham um leve grisalho nas laterais. Dele emanava uma energia sedutora, mas mortal...

Agora seu cabelo escuro que está caído um pouco sobre sua testa, numa elegância casual.

—Venha cá. —Choque reverbera através do meu corpo quando ele diz isso, mas eu obedeço.

Minha inteligência é um dom; eu sempre tirei boas notas na escola, sem precisar estudar muito. Mas por causa da morte da minha mãe e depois com a saúde precária do meu irmão, parei de estudar. Ele pode me olhar como uma idiota, mas eu sei que sou inteligente, ninguém pode tirar isso de mim.

Quando estou na frente dele, Rashid me estuda por um momento e me puxa para os seus braços. Eu sou metade do tamanho dele, então quase sumo em seus braços.

Agora seus lábios quentes passam pelo meu pescoço e ele diz rouco:

—Eu fiquei pensando lá na sala. Algum dia teremos que seguir caminhos diferentes. —Ele diz suavemente, como se isso fosse algo natural. — Mas cheguei à conclusão que isso ainda está longe de acontecer.

Prolongar o inevitável. Nossa separação. Será que ele tinha ideia como me feria esse tipo de comentário? Parte de mim estava com raiva, a outra parte confusa e apreciando no fundo isso.

Eu o amo muito, não quero ir.

Eu engulo um caroço, com raiva de mim mesma por me sentir emocional. Os homens nunca me fizeram chorar. Nunca, jamais lhes dei o poder para me machucar. Mas com Rashid é diferente.

Ele se afasta e olha para mim.

—O que foi?

Eu o encaro e ergo meu queixo.

—Você já tem quarenta e um anos. Não pensa em se casar?

Ele está muito sério com a minha pergunta. Senti-me contorcer por dentro e me odiei por permitir que ele tenha esse efeito sobre mim!

Rashid faz uma careta. Exala lentamente e sacude a cabeça em descrença. Meu coração torce no peito.

—Por que essa conversa agora?

Eu estremeço e sinto que a coragem me abandonou.

— Só estava imaginando se alguma vez chegou a pensar nisso. É que eu cheguei a conversar com ele e sei que era isso que seu pai queria para você.

Ele está com raiva. Sempre essa raiva que ele não consegue esfriar

—Khadija. Tudo que diz respeito sobre a minha vida não é algo para ser discutido, você sabe disso e quando eu achar que está na hora, eu resolvo isso.

Sim, ele é o escuro e eu queria ser a luz nas trevas dele.

—Ah, tudo bem. —Digo seca.

Olhei em seus olhos tempestuosos. O exterior nada passivo. Mas ele é bipolar, pois sua expressão muda e ele se inclina para frente até que seu nariz toque no meu. Seu olhar é intenso e profundo. Meu coração se aperta dolorosamente no peito.

—Agora, por Allah! Quero você! Hoje eu enterrei a pessoa que eu mais amava no mundo. Preciso que me leve essa noite ao esquecimento, exatamente como tem feito. —Ele diz suavemente, como uma cobra sinuosa, me envolvendo em seu aperto.

Seu rosto desce mais e seus lábios tomam os meus num beijo urgente e bom. Estremeço em seus braços enquanto sua boca se move sobre a minha.

Eu, como sempre, não resisto e correspondo seu beijo. Sua língua invade minha boca, uma mão se move para o meu cabelo e agarra um pedaço dele de modo que meu rosto está inclinado para o seu. Seus lábios então escorregaram para o meu pescoço.

Fazer sexo sabendo o jeito que ele me olha —uma transa ocasional— está começando a me incomodar. Embora tenho no sangue uma mistura, Americano-libanês e nunca segui os costumes, então não é isso que me corrói por dentro. Lembrando-me que a princípio foi apenas para eu fazer o papel de sua noiva.

Eu me entreguei sim. O que era para ser uma noite de amor, de entrega, foi um sonho desfeito logo que aquele momento tão bonito acabou. Eu me lembro até hoje da forma como ele me encarou na manhã seguinte. Ele se sentou na cama e com o rosto sombrio passou a me ditar aquelas malditas regras.

Eu o afasto, preciso saber por que ele me quer ao seu lado.

—Rashid...Por que não me deixa ir?

Seus olhos brilham nos meus. Há uma hesitação dentro deles. Ele não está preparado para falar. Eu nunca tinha visto ele despreparado com praticamente nada.

— Allah! Por que isso agora? Eu não raptei você. Não te bati ou te droguei. Você aceitou tudo de bom grado. Foi conveniente para ambos. — Ele disse acariciando meu cabelo.

Por alguma razão, eu sei que o que direi irá incomodá-lo.

—Seu pai morreu. Eu imaginei que nosso acordo tivesse com isso se encerrado. Você não precisa mais das encenações. —Eu digo de queixo erguido para sentir sua reação.

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