Em suas Mãos (Barak 2) romance Capítulo 62

Khadija

Dois dias depois de sair da casa de Rashid...

Sim estou grávida. Penso, sentada na privada observando o teste de plástico mostrar, lentamente, uma linha cor de rosa e depois outra. Allah! Fiquei como em transe olhando o teste.

À noite Roger vai me visitar na minha casa provisória e eu mostro o resultado para ele. Então eu choro. Ele me consola e depois me explica a necessidade do exame pré-natal e as vitaminas que eu tenho que tomar.

Eu me preveni com anticoncepcional, mas acho que devo ter esquecido de tomar algum dia. Ou foi o remédio de dor de garganta que cortou o efeito do remédio? Bem, agora não adiantava me lamentar.

Quando Roger sai, entro no chuveiro e, em seguida, coloco um pijama e rastejo para a cama. Não gostaria de colocar uma criança no mundo sem um pai. Eu não tive um, e sei o quanto sofri por isso. Choro um bom tempo, até exaurida, dormir.

Rashid

Uma semana sem Khadija, Allah! Estou enlouquecendo...

Faz uma semana que que não tenho notícias de Khadija. Ela simplesmente desapareceu. Tento de todas as maneiras dizer para mim mesmo que foi melhor assim, mas a fúria ferve dentro de mim louca para sair e extravasar de alguma maneira. Dou-me conta que se não fosse meu trabalho e as responsabilidades que tenho, eu não sei o que teria feito.

Os negócios estão progredindo bem. Outro grande investidor se juntou ao portfólio da empresa. Isso tudo suga meu tempo e minha energia.

Meu humor está ruim, muito ruim. O tempo todo a minha mente se mescla de preocupação com Khadija e com meu dia a dia.

No restaurante do hotel me acomodado em volta de uma mesa com Zafir, estou tentando empurrar a comida para dentro do meu corpo. Quando ergo a cabeça vejo meu primo ao longe. Ele me procura com os olhos e me vê. Na hora me lembro da forma como ele olhava Khadija. Eu me sinto tenso e me ajeito ereto na cadeira.

Ele se aproxima e para diante de nossa mesa.

—Salaam Aleikum.(Que a paz esteja sobre vós) —Diz com um sorriso.

— Slaikum As-Salaam. (sobre vós a paz) —Zafir diz com um sorriso. Eu não respondo.

—Posso me sentar? —Ele pergunta olhando par mim.

—Claro. —Zafir diz.

Ele puxa uma cadeira e se senta à minha frente.

—Você não me parece bem. —Almir diz observando minhas olheiras debaixo dos olhos.

—Muito trabalho. —Digo seco.

—Almoça com a gente? —Zafir pergunta para Almir.

—Aceito.

—E sua esposa, Jade? Está bem? E Hassan?

—Estão todos bem, eles vieram comigo a Miami. Estamos na mansão.

—Que bom! —Samir disse com um sorriso. Então me olha.

—E a sua garota? Khadija, não é? Ainda estão juntos?

Zafir procura meus olhos. —Khadija? —Ele pergunta tentando entender de quem se trata.

Eu o encaro Almir como se tivesse duas rochas ao invés de olhos.

—Por que pergunta?

Almir fica nervoso. Eu podia ver as gotas de suor começando a se formar em sua têmpora.

—Ah, não sei. Perguntei por perguntar. Não precisa fazer essa cara.

—Fala logo. O que você precisa? Dinheiro?

Eu pergunto puxando a carteira do bolso e abro. Tiro uma nota de cem dólares depois outra e outra.

—Trezentos dólares, está bom?

Almir se levanta da cadeira, parece ofendido.

—Você está me ofendendo, Rashid. Eu não estou aqui por causa de dinheiro. O meu negócio com a venda de tapetes está indo bem.

—Rashid. O que é isso? O que você tem?

Eu ignoro Zafir. Levanto-me, imponente observando a situação se desdobrar em silêncio atordoado. Todo mundo olhando com admiração para mim, mas eu não estou nem aí.

—Se não é dinheiro que você quer, então vá. —Eu exijo.

Almir funga e sai da minha presença. Zafir me olha, tentando me entender.

—Você pode me dizer o que está acontecendo aqui?

—Esse cara é um idiota. Estou cansado de lhe dar dinheiro. Toda vez que vem aqui, se hospeda de graça no hotel, come no meu restaurante, da minha comida e vire e mexe ouço os funcionários reclamarem dele por seus insultos. E ainda por cima, quando ficou na minha casa teve a audácia de dar em cima da minha garota.

Zafir fica me olhando com as sobrancelhas erguidas.

—Isso é família Rashid. Família é família. Você precisa relevar.

—Cansei. —Eu digo seco.

—E por falar em Khadija? Por acaso é a garota que papai comentou comigo que você estava conhecendo?

Sento resignado, pois agora o assunto mudou e Zafir quer matar a curiosidade sobre ela. Eu assinto.

—Sim, é ela.

Zafir ri.

— Quero saber de todos os detalhes — Ele diz. — Por acaso é por causa dela que você está agindo desse jeito?

Se Zafir não fosse meu irmão e um amigo, eu diria que ele é um cara intrometido.

—Realmente é uma história surpreendente — Diz Zafir após meu relato. — E você está assim por que ela sumiu? O que você esperava afinal? Depois de tudo que você disse e fez a ela?

Meu coração se aperta com as falas dele.

—Eu esperava consideração. Afinal, eu a ajudei.

— Toda ação sempre há uma reação de mesma intensidade e direção, porém sentidos opostos e você a repeliu.

Allah! O que é isso agora? A terceira lei de Newton?

—Eu a tratei como uma rainha. —Eu digo mal-humorado.

—Talvez ela trocasse tudo que você ofereceu por seu coração. Você ficou na superfície nessa relação. E agora mesmo, a forma que me contou tudo, percebo que você ainda está jogando cartas de negação. Você gosta da garota, mas não consegue admitir.

Eu forcei suas palavras absurdas saírem da minha mente.

—Não sei, mas vou considerar isso.

—Juro que tento te entender, sabia? Mesmo que tenha passado tudo que passou com Jéssica, você está agindo como um... —Zafir não terminou suas falas.

—Covarde? É isso?

—Sim.

—E se eu te disser que teria amado Jade se ela me escolhesse ao invés de você?

Zafir meneou a cabeça para mim.

—Você se ouviu agora? Eu “teria”. Você não a amava. Aí que está. Você não a amaria Rashid. Você está se enganando. Nem sempre nos apaixonamos pela mulher que julgamos ser a certa. —Zafir sorri para mim. —Duvido que tenha sentido com Jade a mesma coisa que sentiu quando colocou os olhos em Khadija?

Numa retrospectiva eu me lembro então do momento que eu a conheci.:

Depois que a livro da arremetida daqueles caras, eu pude reparar melhor na garota.

Ela é linda, embora seus olhos estejam muito maquiados para o meu gosto. Aquele idiota corre de mim e ela levanta seus olhos. Seu olhar é tímido e não combina em nada com sua aparência, nem com sua beleza exótica.

Ela treme muito. Sua fragilidade me toca e algo quente vibra dentro de mim, bem lá no fundo, nos lugares onde as coisas sempre ficam frias e controladas. Um lugar onde nada pode me tocar. Imediatamente sento uma faísca de desconforto por isso.

— Você está bem? — Eu pergunto e dou um passo à frente atraído como mariposa pela luz.

— Sim, eu estou bem. —Suas palavras saem um pouco roucas e tão suaves de seus lábios brilhantes. Seus olhos pintados revelam um olhar doce com um toque sensual. Essa mistura explosiva faz com que meu coração se agite no meu peito.

A brisa joga seus cabelos sobres os ombros, e os cachos negros liberam um aroma de shampoo de maçã para o meu nariz.

Allah! Seu cheiro é maravilhoso.

— Você não me parece bem. Qual é o seu nome?

—Khadija.

—Khadija. —Repito. Adorei sentir seu nome em meus lábios, e senti como se fosse algo muito íntimo. Minha curiosidade sobre ela é aguçada na hora. —Você é libanesa?

—Meus avós eram. —Ela diz um pouco seca.

Sua suave irritação retumbou em meu peito, fazendo-me rir. É confortante saber que a pequena Senhorita olhar inocente tem temperamento forte. Para não mencionar a fome sexual indesejada que endurecia meu amigo aqui embaixo.

—Posso te levar para casa?

—Não precisa, mas obrigada. Meu ônibus passa daqui a pouco.

Sim, é isso mesmo. Ela está te rejeitando.

—Já é bem tarde. Você está voltando do trabalho?

—Sim, eu trabalho aqui perto, no Sultan. É um restaurante.

Não conheço esse restaurante, mas gravo o nome pois uma ideia mirabolante começa a se formar na minha cabeça.

—Eu insisto. —Eu digo incisivo.

Ela franze a testa com a determinação esculpida em seu delicado rosto de anjo e ao mesmo tempo vejo algo vulnerável e suave nela que me fascina como um inferno.

—Não precisa. Aí está o meu ônibus.

O meu carro e de meus homens estacionado em frente ao ponto de ônibus faz com que o motorista não pare e passe direto.

Eu a encaro. Gosto da maneira que ela continua a lamber o lábio inferior, a mão esquerda apertando a correia de couro da bolsa como se fosse uma tábua de salvação. Sua postura rígida. E seu nervosismo mexem comigo.

Uma garota anônima é tudo que preciso para meu plano funcionar e ela pertencer ao meu povo é perfeito.

—Vem comigo. —Eu digo, firme. E sem dar margem para ser contrariado, coloco a mão em seu braço.

Um dos meus seguranças abre a porta. Com um suspiro ela desliza para o interior do veículo. Eu me acomodo ao seu lado e tão logo meu segurança fecha a porta, procuro seus olhos. Seu perfume se intensifica e isso faz minha respiração se agitar.

Quero saber tudo sobre ela.

Eu a encaro cativado por seu jeito delicado, frágil. Sua pele parecia ser lisa e sem falhas debaixo de toda aquela maquiagem. Logo me imagino experimentando aquela boca linda.

Ela me olha, eu lhe dou um sorriso:

—Quantos anos você tem?

—Vinte e cinco. —Ela diz seca.

Vinte e cinco? Parece menos. Ergo minhas sobrancelhas surpreso, passando os olhos por ela.

—Não parece. Você parece ser muito mais nova.

Ela sorri.

—Que bom.

Será que ela é uma garota de programa? Ela não parece ser uma garçonete.

—Eu estou me perguntando se você é algo diferente de uma garçonete. O que você me diz sobre isso?

—Eu não sou uma garçonete.

Suas palavras não me surpreendem. Eu seguro um sorriso ao pensar em pagar por seus serviços. Eu gosto do que estou vendo, ela é linda.

—Eu sabia! O que você faz então?

Eu balanço a cabeça, tentando sufocar a minha irritação.

—Sou dançarina.

Dançarina?

O motorista interrompe e desce o vidro que nos separa.

—Para onde vamos? —Ele pergunta.

—Av. Collins.

Quando meu motorista ergue o vidro eu pergunto curioso:

—Que tipo de dança?

—Dança do ventre.

Meus olhos brilham ao imaginá-la dançando.

—Verdade?

Ela acena um sim. Ela é bem magra, mas seu corpo é firme, suas pernas bem parecem bem torneadas debaixo daquela calça.

—Está explicado porque tem um corpo tão bonito. —Eu elogio.

Ela me encara.

—Obrigado. —Diz, seca.

Ela me instiga a saber mais. Preciso saber se ela se encaixa nos meus planos.

—Trabalha durante o dia? Estuda?

Ela me olha meio desconfiada.

—Não. Há pouco tempo meu irmão estava hospitalizado com câncer. Nos últimos dias ele piorou muito e eu precisei largar tudo para ficar com ele. Ele acabou falecendo.

Lágrimas surgem em seus olhos, meu coração se agita no peito, fascinado pela sua fragilidade, com vontade de lhe dar conforto.

—Sinto muito. —Eu digo sério, tocado de repente.

Ela acena um sim para mim e desvia seus olhos dos meus.

—Onde Senhorita? —O motorista pergunta, pois, o carro chega ao seu destino.

—Pode parar aqui.

Ele joga o carro para o meio-fio e para.

—Bem, mais uma vez obrigada. —Ela diz como se fosse a última vez que me veria. Mas eu tenho planos bem diferentes.

—Não precisa agradecer, foi um prazer. —Eu digo com um sorriso aberto.

Meu irmão interrompe meus pensamentos.

—Rashid, sei que está confuso. Eu sempre te admirei. Nunca expressei com palavras o quanto. Você é um cara inteligente. Você conseguiu pegar o esqueleto dos negócios da família e conseguiu colocar carne nele. O que eu fiz em relação a isso? Só assinei como sócio, mas toda a decisão do que fazer foi sua. Mas você é uma negação quando se trata da sua vida sentimental. Relaxa cara!

Eu aperto meus lábios ignorando o último comentário dele...

—Até hoje não entendo sua escolha de ser professor.

Zafir sorri.

—Rashid. Eu gosto do anonimato. Viver num lugar e passar despercebido. Eu detestava os holofotes em mim. Esse bando de mulheres fúteis babando no meu pescoço. Ter me mudado para o Arizona, foi a melhor decisão que tomei na minha vida. Não me arrependo. Foi lá que conheci Jade, a mulher da minha vida. Eu sou feliz dando aulas. Lá tenho tudo que preciso. Uma família linda. Uma bela casa. Recebo uma porcentagem gorda dos lucros das empresas da família e dou aula que é algo que faço por amor.

Realmente não é da minha conta a vida dele, da mesma a forma a minha. Um pequeno sorriso cruzou meus lábios.

—Está certo. —Eu digo e me levanto. —Nos falamos em casa, tenho uma reunião marcada daqui a pouco.

—Claro. Não quero atrapalhar.

Dez minutos depois entro no meu escritório pronto a pegar as rédeas da minha vida e parar de pensar em Khadija. Sou seguido por minha secretária. Ela me dá alguns papéis para assinar e confirma minha reunião.

Lutei muito para conseguir chegar onde estou agora não posso me sentir abalado assim por uma odalisca.

Mulheres tem aos montes.

É isso! Preciso achar uma nova distração.

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