Em suas Mãos (Barak 2) romance Capítulo 63

Eu estou na All in. Uma boate elitizada. Estou à procura de sexo com alguma desconhecida. As ofertas não são escassas. Enquanto eu deslizo uísque pela garganta observo as mulheres sentadas num banco de couro vermelho ao meu redor, acomodadas numa grande mesa.

Nessa noite estou tendo sérios problemas para me concentrar na loura de lábios enxertados, seios cirurgicamente aumentados, ou na morena-alta de corpo bem feito, ou na oriental seminua dando aquele olhar que significa “vai em frente”.

Estou distraído, ocupado demais observando uma garota do outro lado do salão. Não estou a observando essa loira pelo fato de ela ser bonita, com seu vasto cabelo loiro caindo sobre os ombros e belos olhos verdes. Nem mesmo pelo vestido que marca seu corpo perfeito.

A garota bebe sozinha no bar. Alguns rapazes surgem ao lado dela, mas não tem cacife para despertar sua atenção. O motivo de observá-la é que eu estou me sentindo enfadado, mesmo quando as garotas tentam chamar minha atenção, rindo, puxando conversa.

Irritado em ouvir um bando de mulheres falantes. Eu me levanto de repente e decido vou até ela.

É com ela que irei satisfazer o grandão!

Apartamento da família Barak, minutos depois...

A língua macia e úmida passa pela minha barriga, sobe pelo meu pescoço, mas quando seus lábios vão em direção a minha boca, eu não permiti e a brequei.

—O que foi? —Ela pergunta ofendida.

—Nada. Estava bom aí. Continue onde estava.

Em reposta, a garota suga meu dedo para dentro da boca, sorri e escorrega os lábios no meu peito. Eu não posso dizer que isso agita as coisas dentro de mim. Até agora, desde que a peguei, espero o raio de eletricidade acender entre nós. Aquela deliciosa conexão que eu sentia com Khadija, mas nada!

Fecho os olhos com força afastando meus pensamentos dela. Tentando apreciar o que a boca dessa loirinha pode me proporcionar. Mas dentro da minha cabeça imagens de Khadija começam a me assolar. A agonia dentro de mim aumenta e abro os olhos. Vejo a garota com a boca no grandão.

Esqueça essa mulher! Ao menos por agora! Deixando essas divagações de lado, tento relaxar e começo a apreciar as sensações que ela está me provocando.

Então ordeno afastando-a de mim:

—Vire-se.

Sem qualquer pudor ela se vira. Tento encontrar atrativo no traseiro bem feito da garota. Mas para mim parece um pedaço de carne exposta. Até o perfume dela começa a me dar náuseas.

Sinto-me abalado por constatar que algo em mim mudou. Sem vontade de dar continuidade em tudo isso, eu quase desisto. Mas meu ego masculino, aquela coisa de macho que deve ir até o fim não me deixa abandonar tudo.

Coloco a camisinha e a pegando de jeito, a penetro. Ela geme alto. O som lascivo que sai de sua boca fere meus ouvidos.

Com raiva desenfreada de tudo e todos, começo a me mexer com força na esperança de afastar aquela confusão de sentimentos da minha cabeça.

Quando tudo termina, me sinto vazio. Eu nunca me senti tão vazio em toda a minha vida.

Eu controlo o sentimento ruim de dentro de mim e digo num tom calmo:

—Garota, não me leve a mal, mas gostaria que fosse agora.

Ela aperta os lábios e começa a pegar suas coisas do chão, fico lá olhando para ela se vestir. Suas mãos tremem de nervoso. Então ela me olha, parece estar por um fio, as palavras ferinas estão para sair de sua boca. Ela parece então tomar coragem.

—Você não é nada do que pintam de você por aí. —Sim, senti uma nota de decepção em sua voz.

Claro, eu não a beijei, não consegui mover meus lábios sobre o corpo dela.

Nu deitado na cama eu a olho solene.

—Eh? Tipo o quê? Chicote e palmatória? Uma coleira e exigir que ela me chame de mestre? Ou amarrá-la à cama e fazer o que eu quisesse com ela? Ou exigir que ela se ajoelhe servilmente aos meus pés?

—Sim. São os boatos em torno de você.

Eu dou uma risada.

—Garota, eu tenho isso na vida real e já acho uma merda. Prefiro uma mulher que me desafie do que se submete. Allah! Por que, atualmente, todos parecem obcecados com esse tipo de coisa? O que é publicado nos tabloides é fofoca e fantasia. Especulações sensacionalistas e manchetes inventadas para vender mais que os outros jornais.

Ela assente e ajeita o vestido.

—Quando nos vemos novamente? —Ela pergunta.

Eu coloco minha cueca.

—Não nos vemos. Boa noite.

Conduzo a garota pelo meu apartamento até a saída. Depois de trancar a porta faço o caminho de volta me sentindo oco, transtornado por isso.

Onde está Khadija?

A imagem dela pegando a rodoviária e partindo para longe aperta meu coração. A imagem tremulou e vacilou atrás das lágrimas dos meus olhos. É tanta dor no meu coração, que eu não sei o que fazer para aliviar isso. Eu tenho que encontrar Khadija, tentar reverter esse mal.

Deito na cama e rolo, sem conseguir dormir.

Eu amo demais, Khara! A noção disso cresce em minha mente a cada minuto que passa. O que explica essa dor que estou sentindo?

Allah! Quanto tempo me enganei. Claro que era muito mais que uma atração que eu sentia por ela. Olho para o teto do quarto. As sombras se alongando dando lugar ao dia. O tempo todo rejeitei meu sentimento, tentando deixar minha relação como algo tangível, prático. Não quis reconhecer que apesar de Khadija não ser a mulher que eu escolheria como esposa, meu coração a tinha escolhido.

Eu ganhei fortunas, construí um império e eu conheci muitas mulheres bonitas, mas nenhuma delas me deixou tão em luta comigo mesmo.

Um cara como eu, acostumado a dar ordens e ser obedecido. Faz parte da minha personalidade ser líder. Esse tempo todo vivi uma batalha de sentimentos controversos, me negando que eu estivesse apaixonado. Rejeitando estar preso a uma mulher como ela pela gaiola do amor.

Zafir estava certo. Eu quis Jade pela maneira desinteressada que ela me olhou e agiu. Isso instigou minha curiosidade a respeito dela e quando soube suas origens, sua boa família, gerou dentro de mim a vontade de conhecê-la. Como consigo tudo que quero, eu chantageei o pai dela.

Isso era apenas eu planejando meu futuro friamente. Tentando enterrar meu passado para garantir que ninguém se aproximasse. Com o coração e alma destroçados, jamais acreditei que poderia me apaixonar por alguém novamente, até conhecer a linda dançarina. Agora percebo que apesar do seu lindo sorriso e da sua enorme sensualidade, eu sentia por ela muito mais que um forte desejo.

Meneio a cabeça me lembrando da minha idiotice de erguer um muro de argumentos que me diziam que ela não era a mulher ideal para eu me envolver sentimentalmente. E o mais forte deles me dizendo que ela não era uma pessoa confiável. Acredito que por causa de sua profissão tão sedutora.

Meu único pensamento foi de deixá-la longe do meu coração, por isso me esforcei o máximo para que nossa relação ficasse na superfície.

Allah! Só que ela foi me surpreendendo com sua força de espírito. A garota maquiada que eu conheci no ponto daquele ônibus era nada mais que uma mulher doce conquistando todos na casa, inclusive eu. Longe dela sou arremedo de homem! Um enorme pedaço de lixo!

O que eu fiz? O que eu fiz?

Todo esse tempo me enganando, me achando um maldito valentão tentando manter meus sentimentos neutros ao lado dela....

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