ENTRE O AMOR E O ÓDIO romance Capítulo 110

Alex permanece com a cabeça baixa por um longo período, lutando para assimilar a dolorosa situação que havia dilacerado sua alma. Após um suspiro profundo, ele finalmente ergue-se e inicia um percurso nervoso pelo consultório, enquanto Richard observa em completo silêncio.

— Leve-me até ela, Richard — Alex diz, parando de repente e encarando-o com olhos cheios de lágrimas.

— Alex, não tenho certeza se é a melhor opção. Não sei se isso trará algum alívio para você, e...

— Richard, não estou pedindo conselhos. — Diz, interrompe-o, com sua voz carregada de emoção. — Apenas faça isso, por favor. Leve-me até ela.

Richard mantém-se em silêncio, ciente de que nenhuma palavra conseguirá dissuadir Alex. Com um gesto resignado, ele se levanta e deixa a sala, com Alex seguindo-o silenciosamente. Juntos, percorrem os corredores até chegarem à maternidade, onde a bebê foi transferida para um quarto isolado na UTI neonatal.

— Você está prestes a sofrer ainda mais. — Richard comenta com pesar, enquanto instrui Alex a entrar. — Sua filha não está mais entre nós. Alex, você precisa considerar autorizar os médicos a desligarem os aparelhos.

Mesmo diante do conselho, Alex ignora-o completamente e adentra o quarto. Ele se aproxima da incubadora, lágrimas escorrendo pelo seu rosto, enquanto observa a filha, desejando com todas as forças que ela esteja apenas dormindo. Ele puxa uma cadeira e a coloca ao lado da incubadora, usando o dedo para acariciar suavemente a pequena mão da bebê.

— Me desculpe, minha filhinha. — Sussurra, sua voz trêmula. — Por favor, mostre a todos que eles estão errados, que você continua aqui. Abra os olhos. — Implora, as lágrimas inundando a sala. — Eu tinha tantos sonhos para nós, e todos esses sonhos se transformaram em pesadelos. Sinto que falhei em protegê-la. — Conclui, acariciando suavemente a cabeça de sua filha, enquanto deixa suas emoções fluírem em lágrimas.

Apesar dos esforços persistentes de Richard para convencê-lo do contrário, Alex continuava a visitar o hospital todos os dias, dedicando horas ao lado de sua filha. Ele acompanhava todas as atualizações sobre Rebecca, ela acordava com frequência e, após alguns momentos de desorientação, voltava a dormir. Uma semana após o acidente, finalmente, ela permaneceu acordada.

— O que aconteceu? — Rebecca pergunta com a voz frágil, enquanto encontra o olhar de Richard.

— Finalmente, você acordou. Como está se sentindo? — Richard pergunta.

— Minha cabeça dói. — Responde, levando a mão à testa. Ao tentar se sentar, uma forte dor na barriga a faz recuar.

— Não se esforce, deite-se. Vou examiná-la. — Richard orienta com cuidado. — Você sabe por que está aqui? — Pergunta enquanto Rebecca balança a cabeça negativamente. — Lembra-se do que aconteceu antes de vir para o hospital?

— Não tenho certeza. — Responde em um sussurro fraco.

— Tudo bem, você teve uma queda e bateu a cabeça. Esteve sedada por vários dias. Agora, precisaremos fazer alguns exames para entender melhor a situação.

Rebecca sente-se perdida naquele momento, suas lembranças estão confusas, e ela experimenta dores por todo o corpo. Após concluir o exame físico, Richard encaminha-a para uma série de exames e, em seguida, dirige-se a Alex, que está sentado na recepção.

— Alex? — Richard chama ao se aproximar. — Rebecca acordou.

— Como ela está? — Pergunta Alex, ansioso.

— Ela parece bastante confusa, está passando por exames agora. Quando ela voltar para o quarto, você poderá entrar.

— Você contou a ela o que aconteceu? — Indaga Alex.

— Alex, eu não disse nada. Rebecca está desorientada, sob o efeito de medicamentos. Aconselho esperarmos pelos resultados dos exames e permitir que ela assimile gradualmente o que aconteceu.

Alex encara Richard, mas permanece em silêncio. Quando Rebecca retorna ao quarto, embora já estivesse autorizado a visitá-la, Alex mantém distância. Ele simplesmente não consegue reunir forças para encará-la. Em vez disso, volta para o quarto onde sua filha está e passa horas ali. Durante a noite, quando Rebecca já estava adormecida, ele entra em seu quarto e a observa em silêncio, partindo discretamente no início da manhã, antes que ela desperte.

No dia seguinte, Richard permite a visita de amigos e familiares, orientando-os a evitar mencionar o acidente até que as lembranças de Rebecca voltem naturalmente. O clima no quarto se torna acolhedor. Nos dois dias seguintes, Alex aparece no quarto somente quando Rebecca está dormindo, partindo antes que ela desperte. Na manhã seguinte, quando Rebecca desperta, ela inspira o ar do quarto e sorri ao reconhecer o familiar perfume. Seus devaneios são interrompidos quando Richard entra no quarto.

— Richard, por que o Alex ainda não veio me visitar? Ele está com o nosso bebê? Ele não está mais aqui, está? — Questiona, levando as mãos à barriga.

— Não, ele já nasceu. — Responde Richard, visivelmente desconfortável com a direção da conversa.

— E é um menino ou uma menina? Por que você não me levou para conhecer meu bebê?

— Dr. Miller, precisamos de ajuda! — Uma enfermeira chama, e Richard agradece a interrupção.

— Becca, depois conversaremos.

— Richard, por favor, me leve até lá.

— Quando eu voltar, espere um pouco mais. — Responde, deixando o quarto apressadamente.

Rebecca fica mergulhada em seus pensamentos. Não demora muito até que outra enfermeira entre no quarto para administrar a medicação, e logo ela adormece. Durante todo o sono, ela se agita como se estivesse tendo pesadelos. No meio da noite, ela acorda em um delírio, seu corpo queimando de febre.

— Amiga, finalmente você acordou! — Melissa diz com um tom de alívio. — Becca, por que você fez aquilo?

Rebecca permanece em silêncio, seus olhos fixos em Melissa, sentindo calafrios percorrendo todo o seu corpo. Seus batimentos cardíacos estão acelerados, e ela mal consegue acompanhar o que sua amiga está dizendo.

— Você machucou o seu bebê, Becca. Como pôde fazer isso? Todos estão escondendo isso de você até que você se recupere.