ENTRE O AMOR E O ÓDIO romance Capítulo 114

Após o almoço com Eduardo, Rebecca se dirige à casa de Susan, onde agendou um encontro com algumas amigas.

— Como você está, amiga? — Susan indaga, envolvendo-a em um abraço.

— Essa sempre é uma pergunta complicada de responder, meus dias têm seus altos e baixos. — Confessa Rebecca.

— Em breve, você ficará bem! Não se preocupe. — Conforta Christine, também a abraçando. — Becca, ontem o Ryan mencionou que você telefonou para ele.

— Eu agi um pouco impulsivamente, liguei para pedir uma recomendação de advogado, embora fosse claro que ele não poderia me ajudar com isso!

— Você está planejando iniciar o processo de divórcio? — Pergunta Susan.

— Sim, Susan, eu vou! Não há mais casamento, está na hora de resolver essas coisas.

— Você já conversou com o Alex? — Pergunta Christine.

— Não, e não pretendo. Não tenho coragem de encará-lo. Além disso, nem faço ideia de onde ele está. Mas mudando de assunto, decidi acompanhá-las ao evento beneficente esta noite.

— Que ótimo, será maravilhoso para você se distrair. A vida não se resume apenas a trabalhar e estudar.

— Eu sei, Susan, mas é que… — Ela interrompe sua fala. — Será divertido. — Conclui, não permitindo que a tristeza tome conta.

No início da noite, Rebecca retorna ao hotel para se preparar para o evento. Ela escolhe um vestido preto discreto, uma maquiagem suave e prende o cabelo em um coque elegante. Complementa o visual com o conjunto de joias que havia recebido mais cedo. Ao chegar ao local do evento, encontra Eduardo esperando por ela.

— Você está linda.

— Obrigada. O que está fazendo aqui fora?

— Eu ainda não entrei, pois estava esperando por você. — Rebecca sorri timidamente. — Vamos entrar? — Pergunta, oferecendo o braço.

— Desculpe, mas não me sinto à vontade.

— Não precisa se desculpar, fui indelicado. Quis apenas ser gentil, mas compreendo que você ainda não resolveu as coisas.

Rebecca oferece um sorriso simpático e avança em direção à entrada. Ao adentrar o local, seguida por Eduardo, eles atraem olhares curiosos dos presentes. Ela se encaminha para a mesa da família Shaw para cumprimentá-los, enquanto Eduardo se dirige à sua própria mesa.

— É maravilhoso vê-la voltando à rotina. Você está lindíssima. — Olga diz, abraçando-a.

— Sentimos muito a sua falta, parece que faz uma eternidade desde que saiu da nossa casa. — Nicolas acrescenta.

— Vocês são incríveis. Acreditem, também senti falta. — Responde com um sorriso.

— Becca, vai nos fazer companhia?

— Hoje não, Sra. Ana, vou me juntar aos meus amigos.

— Aproveite a noite, querida. Você merece. — Ana conclui com carinho.

— Obrigada. Nos vemos mais tarde ou no domingo. — Ela se despede e se encaminha em direção à mesa dos amigos. — Boa noite, pessoal.

— Pensei que você já tivesse mudado de ideia.

— Claro que não, Chris. Tive que fazer uma rápida parada em uma loja para comprar algumas coisas.

— Boa noite, posso me juntar a vocês? — Eduardo pergunta. — Digamos que meus acompanhantes não são tão animados.

— Claro, fique à vontade. — Ryan responde.

Eduardo se acomoda ao lado de Rebecca, e eles passam a noite toda conversando. Muitas fotos são tiradas durante o jantar, e na maioria delas, Eduardo está ao lado de Rebecca.

— Rebecca, precisamos conversar. Onde você está? — Indaga Alex. — Vamos resolver as coisas.

Ao ouvir a voz dele, depois de tanto tempo, ela paralisa e, num impulso, encerra a chamada e bloqueia aquele número, sem coragem de encará-lo.

— Desculpe, foi um engano. Como estava dizendo, eu me sinto melhor quando estou ocupada.

No seu apartamento, Alex tenta ligar novamente para ela, percebendo que foi bloqueado. Irritado, ele joga o celular contra a parede e pega uma garrafa de uísque no bar, afundando-se ainda mais na sua rotina de beber para esquecer. Durante todo o jantar, Rebecca tenta manter uma postura agradável, escondendo a tristeza que carrega, embora seus olhos revelem a verdade. Ela ocupa seu tempo dando carinho ao pequeno James, filho de Bryan e Sophia. Após a sobremesa, os homens se reúnem na varanda, enquanto as mulheres continuam conversando na sala de estar.

— Liguei para o Alex centenas de vezes, mas o celular dele estava sempre desligado. E quando ele finalmente ligou, simplesmente me ignorou. Não entendo como ele pôde ser tão insensível naquele momento tão triste e difícil, ignorando que ela estava doente. Falei sobre isso com ele diversas vezes. — Diz Richard, incapaz de aceitar o comportamento de Alex.

— Eu só me comuniquei com ele por mensagens ou e-mail, e apenas sobre assuntos profissionais. Sinto-me muito culpado, especialmente depois das palavras dele no velório. Eu o convenci a viajar comigo, e toda aquela tragédia aconteceu.

— Ryan, poderia ter acontecido em qualquer momento. Rebecca não estava bem. As terapias estão ajudando-a muito, e ela ficará bem. Sei que pensar sobre o que aconteceu é doloroso, mas casos assim, por mais assustadores que sejam, ocorrem quando uma mulher está em depressão. Foi uma fatalidade, mas o papel de Alex era apoiar a esposa dele, não a tratar daquele jeito.

— Entendo o que você está dizendo, Richard. Como pai, sinto a dor de Rebecca, e eu não gosto do meu irmão, mas eu o compreendo. Você, na sua condição médica, aceita mais facilmente. Alex amou aquela criança desde o momento em que soube dela, e ele ama intensamente a Rebecca. Lidar com a perda, da forma como aconteceu, pode enlouquecer qualquer um. Rezo todos os dias para que eu vá antes do meu filho, porque não sei se suportaria. — Diz Bryan, compreendendo as dores de Rebecca e Alex.

— Acredito que o Alex só precise de um tempo, ele vai encontrar uma maneira de resolver tudo. — Diz Saulo.

— Ela vai pedir o divórcio, ligou para mim esses dias buscando uma indicação de advogado.

— Não a julgo, Ryan, pois faria o mesmo. Alex foi um idiota com ela, não a apoiou quando ela mais precisava. — Resmunga Richard.

— Cara, qual é o seu problema, hein? Eu nem discordo que o Alex seja um idiota, ele sempre foi. Mas, nesse caso, precisamos ser imparciais, ele está sofrendo também. Não sei se teria uma reação diferente da dele. — Diz Leandro.

— Vamos nos preparar para o inferno que está por vir. Alex enlouquecerá, isso é certo. Ele a ama mais do que tudo. E mesmo com todo o ódio em seu coração, não conseguirá suportar vê-la partir.

— Na verdade, Saulo, ela já partiu. São sete meses separados, e Alex não dá as caras. Ele colherá o que plantou, mas serão tempos muito difíceis. — Conclui Richard, incapaz de entender ou aceitar a frieza de Alex em um momento em que Rebecca precisava desesperadamente de apoio.