No dia seguinte, na tarde ensolarada de Seattle, Rebecca finalmente pousa na cidade. Após alugar um carro, dirige diretamente para seu refúgio favorito, um lugar que a transporta para lembranças de tempos mais felizes. Escolhe o mesmo cantinho onde esteve com Alex, e assim que se acomoda, uma brisa suave acaricia seu rosto. Contudo, a felicidade não faz parte daquele momento, em vez disso, a tristeza a envolve como uma sombra persistente. Com um suspiro pesaroso, ela abre sua bolsa e retira a pequena urna que contém as cinzas de sua filha. A dor que a consome parece insuportável, mas ela sabe que precisa enfrentá-la. Com lágrimas escorrendo, ela abraça a urna com ternura, mantendo-a próxima do coração, como se isso pudesse trazer sua filha de volta, pelo menos por um instante.
— Filhinha, eu gostaria tanto que você estivesse aqui comigo, em meus braços, mas não dessa forma. — Sussurra com as lágrimas escorrendo. — Eu não sei como me desculpar com você, nem minhas orações parecem surtir efeito. Sinto muito por tudo, sinto por ter te machucado. Sempre que eu tinha um pensamento negativo em relação a você, era uma dor dilacerante e uma culpa que me consumia, e eu sempre orava e pedia perdão por estar te rejeitando, porque meu amor por você era maior que aqueles momentos ruins. É difícil acreditar que fiz algo tão terrível, principalmente porque nos dias bons, você era a minha prioridade. Sentir as batidas do teu coração era uma felicidade indescritível e uma alegria que não cabia no meu peito. Odeio o fato de não lembrar quando e como comecei a fazer, porque parece que estou me protegendo de uma dor que eu deveria carregar, pois mereço sofrer por todo o mal que causei. — Abre a pequena urna, com as mãos trêmulas. — Eu não sou digna de perdão, mas saiba que eu te amo com todo o meu coração, e minha vida ficou vazia com a sua partida. Te amo, minha pequena bebezinha. Que você tenha se tornado um lindo anjinho no céu. Te amarei por toda a minha vida.
Rebecca se ergue com cuidado e, enquanto as lágrimas continuam a fluir incessantemente pelo seu rosto, espalha as cinzas naquele lugar que sempre ocupou um espaço especial em seu coração. É um momento de profunda tristeza, um doloroso adeus à sua filha. Ela observa as cinzas se misturando à paisagem, tornando-se parte do refúgio que compartilhara com a sua bebê.
Após espalhar as cinzas, ela volta a se sentar, imersa no silêncio daquele momento de despedida. As horas se desenrolam lentamente, com a solidão pesando sobre ela enquanto confronta suas memórias e a dor que a acompanha. Cada minuto parece uma eternidade, e Rebecca se agarra às lembranças, procurando consolo na conexão que ainda sente com sua filha, mesmo que agora ela exista apenas como parte da natureza que a rodeia.
Finalmente, decide partir para um hotel, o mesmo lugar onde conheceu Alex. Ao fazer o check-in, ela se retira para seu quarto, onde permanece, buscando refúgio nas lembranças e na privacidade. Enquanto Alex está em Nova York, essa foi a maneira que ele encontrou de não ser constantemente atormentado pelo passado. No sábado, durante a tarde, Rebecca retorna a Boston, onde é calorosamente recebida no aeroporto por Susan e Christine. O abraço delas é um consolo para a dor que ela carrega.
— Bem-vinda de volta, querida. Como estão todos em Seattle? — Indaga Susan enquanto abraça a amiga.
— Obrigada, amiga. Não vi ninguém. Passei a maioria do tempo no meu quarto, focada nos estudos.
— Pensei que você tivesse viajado para relaxar e se divertir um pouco. Estávamos com saudades suas. — Comenta Christine, envolvendo-a em um abraço afetuoso. — Você precisa se permitir alguns momentos de descontração, Becca.
— Cada coisa tem seu momento, estou bem assim. Concentrar-me nos estudos me ajuda a manter meus pensamentos longe do passado.
— Vamos lá, temos toda uma tarde pela frente. Deveria ter voltado ontem para que pudéssemos nos preparar juntas para esta noite. — Conclui Christine, segurando suavemente a mão de Rebecca enquanto a conduz em direção ao estacionamento.
No shopping, elas passeiam pelas lojas, escolhendo vestidos para a noite. As amigas fazem o possível para manter Rebecca animada o tempo todo, e ela se esforça para não deixar que seus pensamentos negativos estraguem aquele momento. Enquanto fazem um lanche, elas conversam sobre assuntos triviais, até que Rebecca decide falar pela primeira vez sobre os eventos que mudaram sua vida.
— Sei que estava passando por dificuldades naquela época, que tive algumas crises. E a cada sessão de terapia ou consulta com os psiquiatras, parece que essa lacuna na minha memória fica ainda maior, e a incerteza sobre o que aconteceu me consome. Como é possível que eu não me lembre de algo tão terrível? — Lamenta com a voz embargada, sentindo a dor se intensificar.
— Amiga, aquele dia foi trágico. Você bateu a cabeça, foi uma situação horrível. Mas não fique se culpando por não se lembrar completamente. Você estava doente na época, e agora está trabalhando na sua recuperação com a terapia. Talvez seu cérebro esteja protegendo você, evitando que reviva um trauma muito doloroso. Tenha paciência consigo mesma, um dia as peças vão se encaixar, e você conseguirá se perdoar. — Susan responde com empatia.
— E o Alex, ele me perdoará? Eu disse coisas terríveis para ele, o levei ao limite e carrego a dor das palavras que ele usou contra mim naquela tarde. — Indaga, com uma expressão de tristeza.
— Vocês dois passaram por um momento doloroso. Com o tempo, tenho certeza de que vocês encontrarão uma maneira de se perdoar. Continue focando em sua própria recuperação para que, eventualmente, possa dar e receber o perdão. — Acrescenta Christine, com uma voz gentil e reconfortante.
— Sinto que nunca conseguirei receber o perdão, porque não consigo me perdoar. — Confessa, com um suspiro pesado e uma tristeza profunda.
— O tempo consegue curar até as feridas mais profundas, amiga. Mantenha um sorriso no rosto e viva um dia de cada vez. — Conclui Susan, oferecendo palavras de apoio.
Rebecca permanece em silêncio. Ela anseia, do fundo do coração, ser capaz de se perdoar e receber o perdão de Alex pelo que fez e por todas as palavras cruéis que proferiu. No entanto, naquele momento, ainda não está pronta para esse perdão. Durante a tarde, elas concluem as compras e retornam às suas casas para se prepararem para o evento da noite. No local do evento, os amigos já estão presentes, socializando animadamente.
— Vocês estão deslumbrantes, desconheço mulheres mais bonitas que vocês. — Diz Richard, elogiando suas amigas. — A Becca desistiu de vir?
— Daqui a pouco ela deve estar chegando. Como ela ajudou a organizar todo o evento, ela será a acompanhante do Eduardo. — Responde Susan, enquanto os homens trocam olhares sugestivos.
— Que troca de olhares foi essa?
— Nada de mais, Chris. Apenas achamos interessante. Ela tem passado bastante tempo com ele, não é?
— Querido, não tente esconder nada de mim. Que expressão foi aquela? Lembre-se de que sei como ser vingativa.
— Alex esteve conosco há alguns dias e mencionou algo sobre Walsh. Rebecca está tendo algum tipo de envolvimento com ele, meu amor?
— Meu Deus, depois de todo esse tempo, Alex esteve com vocês e continua com essas ideias malucas na cabeça? Ele enlouqueceu de vez? Não, eles são apenas amigos.
— Mas não é isso que Eduardo deseja. — Conclui Benjamin.
— Alex está tentando plantar ideias absurdas na cabeça de vocês. — Diz Bruna com firmeza.
Rebecca e Eduardo entram no salão, chamando a atenção de todos enquanto caminham lado a lado, com sorrisos simpáticos.
— Boa noite, senhoras e senhores, agradecemos por se juntarem a nós esta noite. — Diz Eduardo, ao se aproximar.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: ENTRE O AMOR E O ÓDIO
Também estou amando esse romance estou lendo ele no taplivros estou no capítulo 135, pensei que iria encontrar todos os capítulos disponíveis aqui....
Obrigada pela leitura,quero muito saber como termina e o que acontece com aquela megera de amiga e a maluca da Nicole....
Gratidão pela leitura .... por favor mais capítulos...
Quando vai ter a continuação do livro? Ou termina aqui ?...