ENTRE O AMOR E O ÓDIO romance Capítulo 155

Rebecca passou aquela noite em claro, seus pensamentos completamente tumultuados, e a dor que seu corpo suportava era apenas uma sombra diante da tormenta emocional que a assolava. No silêncio sufocante do quarto, ela toma finalmente a decisão que vinha recusando nos últimos dias. Com as mãos acariciando sua barriga, lágrimas escorrendo sem controle de seus olhos, ela sabe que não pode mais adiar o que precisa fazer. Quando Richard entra no quarto para examiná-la, ele é surpreendido pela visão de Rebecca, vestida e com um olhar vago, sentada na cama.

— Você demorou hoje. — Comenta, observando-o com olhos distantes. — Para onde devo ir? — Pergunta, desviando o olhar para o chão.

— Do que você está falando? — Indaga, confuso e preocupado

— Vocês não passaram a semana inteira me dizendo que eu deveria ir embora? Estou pronta para isso! Qual é o meu destino? — Pergunta, com um olhar que esconde uma mistura de emoções incompreensíveis.

— Eu não sei, Ryan estava cuidando de tudo. Ele estará aqui mais tarde. Mas por que mudou de ideia? — Indaga, curioso, enquanto seus olhos demonstram preocupação.

— Acho que preciso desse tempo sozinha, longe de tudo. — Diz, ocultando a ligação que recebeu de Alex, uma lembrança que a puxa para um abismo de recordações dolorosas.

— Você tem certeza de que quer fazer isso? Rebecca, você está apenas com seis meses de gravidez, não quero que isso cause estresse para você. — Adverte, preocupado com o bem-estar dela.

— Tenho certeza, Richard. Sinto ser a coisa certa a fazer neste momento, enquanto as coisas se resolvem. — Responde e a determinação em seu olhar é inegável.

Na delegacia, Alex encontra-se com seu advogado, que o observa impaciente enquanto ele percorre a sala de interrogatório de um lado para o outro. A tensão no ar é perceptível, como se estivessem presos em um jogo de xadrez onde cada movimento é de extrema importância.

— Quando será a audiência? — Alex pergunta, sua voz carregada de ansiedade.

— E isso faz diferença? — Daniel Marshall responde, sua expressão tensa e irritada. — Você arruinou todas as chances que tínhamos ao fazer aquela ligação ontem à noite!

— Eu te pago para resolver as coisas. — Expressa com firmeza. — Não há nada de mais naquela ligação. O conteúdo da conversa foi ambíguo, plausível para interpretações. Portanto, resolva isso e trate de me tirar daqui, tenho muitas coisas para resolver lá fora.

— Ambíguo? Foi claramente você ameaçando a Srta. Jenkins! — Rebate, seus olhos injetados de raiva. — O que passa pela sua cabeça?

— Ameaçando? Apenas falei sobre terminar o que começo, nada demais. — Retruca, sua paciência desaparecendo rapidamente. — Me disseram que você é o melhor advogado, então pare de surtar e resolva isso.

— Estou começando a me arrepender de aceitar esse caso. — Resmunga, chateado pelo temperamento difícil de Alex.

— Ainda está em tempo de desistir, Sr. Marshall. Mas se decidir prosseguir com isso, pare de resmungar e faça o seu trabalho. — A voz de Alex é áspera, revelando sua irritação, enquanto ele deixa a sala sendo conduzido de volta à sua cela.

— Sr. Baker, por favor, mantenha-se longe de problemas. Foi um processo árduo conquistar sua liberdade. — Adverte Daniel, com uma expressão de preocupação evidente em seu rosto. No entanto, Alex permanece em silêncio, sua mente mergulhada em um turbilhão de pensamentos e emoções, ansioso para chegar logo em casa.

Ao chegar em seu prédio, acompanhado por Daniel, Alex é submetido a uma enxurrada de informações que parecem deslizar por sua mente sem qualquer retenção. Sua única obsessão é estar finalmente em casa, abandonando os quase quatro meses de prisão, marcados pela acusação injusta de um crime que ele não cometeu. Ignorando as palavras de seu advogado, ele sai do carro, abandonando Daniel em meio as suas sentenças não ouvidas.

Ao atravessar a porta de sua cobertura e adentrar seu apartamento, o coração de Alex dispara ao se deparar com a pequena caixa que ele enviou para Rebecca, o balão em forma de coração ostentando a simples e poderosa mensagem “eu te amo”. As palavras de Richard ecoam em sua mente enquanto ele se aproxima e desvenda o conteúdo da caixa. Os dois pares de sapatinhos brancos, tão delicados e repletos de significado, enchem seus olhos de lágrimas, e ele leva uma mão trêmula à boca, tentando conter a dor que ameaça consumi-lo por completo.

Desorientado e atormentado, Alex caminha até o bar em seu apartamento, buscando refúgio na antiga amiga das noites solitárias e vazias. No silêncio abafado da cobertura, ele luta contra as lembranças e os sentimentos que inundam sua alma, ansiando por alguma forma de consolo em meio a toda a angústia que o envolve.

— O que foi que fiz para merecer tudo isso? — Questiona, com a voz carregada de tristeza. — Por que tenho que perder tudo o que amo? — A dor o consome lentamente, corroendo-o de dentro para fora. — Não importa se eu morrer, mas juro que farei o responsável por isso desejar a morte por roubar minha felicidade novamente. — Conclui, sua voz carregada de ódio e raiva.

Alex deixa-se cair no sofá, a garrafa de uísque ainda firmemente em sua mão, enquanto fita o teto da imensa sala. Suas lágrimas espelham suas dores, e a sensação de impotência o domina. Ele culpa a si constantemente por não conseguir proteger seus filhos e a mulher que ama. Seu peito se aperta com a dor da perda, e ele se vê afogado em um oceano de emoções, preso em um turbilhão de sofrimento que ameaça consumi-lo por completo.

— Me perdoa, meu amor. — Sussurra, com sua mente focada nela. — Fui impotente para te proteger. Mas, não importa quanto tempo passe, vou me vingar de quem te feriu.

Alex tinha plena consciência de que Rebecca não estava mais em Boston, e o ato de enviá-la para longe havia custado meses de sua vida na prisão. Contudo, ele não nutria nenhum arrependimento por tê-la mantido a salvo, afastando-a do perigo que se esgueirava silenciosamente em sua vida. Pois sabia que, desse modo, ela estaria segura, não importando onde estivesse.