ENTRE O AMOR E O ÓDIO romance Capítulo 43

Na manhã seguinte, Alex está em Nova York. Ao acordar, depara-se com várias chamadas não atendidas de seus familiares. Ele ignora todas e segue para o banheiro, onde realiza sua rotina de higiene pessoal. Após se arrumar, decide ligar para Luiz.

— Bom dia, filho. — Cumprimenta Luiz ao atender. — Como foi a reunião? Tudo certo? Ouvi falar do desentendimento com seus avôs e a família Deckert.

— A Sophia adora criar problemas. Sempre é um desafio lidar com ela, ainda mais porque a vovó está sempre pronta para protegê-la. Mas deixemos isso de lado por enquanto. A reunião correu bem, nada que me deixe preocupado. Hoje, o grupo Phenix apresentará sua proposta e na quinta-feira será a vez do grupo Shaw. Ainda temos alguns dias até a decisão final. Como estão as coisas por aí?

— Tudo tranquilo, Alex. Os velhos surtos de sempre, devido às suas constantes travessuras. — Diz, soltando uma risada.

— A responsabilidade é toda deles, afinal, eles que me criaram assim. — Brinca Alex.

— Você volta hoje?

— Era o plano, mas acho que vou estender minha estadia por mais um dia. Preciso de um pouco de paz para evitar o estresse.

— Certo, se precisar de algo, não hesite em me ligar.

— Obrigado, pai. — Alex encerra a ligação.

Ao longo do dia, Alex permanece enclausurado em seu quarto, totalmente imerso em suas tarefas profissionais. Já no final da tarde, uma ligação do escritório do grupo Shaw, interrompendo sua concentração.

— Sr. Shaw, peço desculpas por contatá-lo em seu celular, porém, há uma senhora que insiste em falar com o senhor. Suas tentativas de contato foram incessantes durante todo o dia, alegando tratar-se de um assunto urgente, que desperta seu interesse.

— Qual é o nome da pessoa que deseja falar comigo?

— Martina Halgrave. Decidi acionar diretamente o senhor, uma vez que suspeito que possa haver algum tipo de parentesco entre ela e a pessoa que nos causou tantos problemas ao longo de vários dias.

Diante da menção a Martina, Alex se recolhe por um instante, tentando conectar os pontos entre essa mulher e Rebecca.

— A senhora está disponível para falar agora?

— Sim, senhor.

— Então, por favor, encaminhe a ligação para o meu celular.

— Com certeza, Sr. Shaw. — Morello conduz a transferência da chamada, conectando Martina à linha telefônica de Alex.

— Pensei ter deixado claro para seu marido que não desejava mais ser contatado. — Alex comenta assim que a ligação é transferida.

— Sr. Shaw, sou a mãe de Rebecca. O irmão de meu marido colaborou com os O'Donnell para que ele arcasse com todas as consequências. — Uma risada escapa de Alex ao ouvir isso. — Isso não é engraçado. — Martina responde com irritação.

— Já havia previsto que um trairia o outro. Não sinto a mínima compaixão pela estupidez e imprudência de seu marido. Pessoas corruptas devem enfrentar as consequências de seus atos. Boa sorte, Sra. Halgrave.

— Você precisa ajudá-la. Ela ficou sozinha em Seattle, sem recursos, sem família. Minha cunhada e suas filhas tomaram para si a missão de destruí-la. Rebecca é ingênua e indefesa demais. — Ela implora por ajuda para sua filha.

Alex permanece em silêncio por vários minutos. Apesar de ter visto Rebecca algumas semanas atrás, as palavras de Robert ainda ressoam em sua mente, mencionando que ela estava retomando seu relacionamento com Peter.

— Isso não é um problema meu. Se a senhora, como mãe dela, não se importou, por que eu deveria me importar? O Sr. O'Donnell que resolva isso; ela não é minha responsabilidade.

— Você realmente acredita que haverá espaço para ela na família deles? Encare a realidade. Ela é filha de um fugitivo. Você não acompanha as notícias? Você já a ajudou uma vez, faça de novo, até que ela possa se cuidar sozinha.

— Não, eu não vou fazer nada. Boa sorte para vocês. Não ouse me ligar novamente, caso contrário, vou rastrear a ligação e entregá-la à polícia. — Alex encerra a ligação.

Ele pondera por vários minutos e, em seguida, começa a examinar as notícias do dia anterior, especialmente as principais publicações de Seattle. Ele se depara com o anúncio do noivado de Samantha e Peter, lê sobre os escândalos envolvendo o grupo Power Accessory e acha incrivelmente ingênuo como Robert se envolveu nisso. As empresas de Antônio e Magno saíram ilesas.

— Alex, mantenha-se afastado disso, não é da sua conta. — Ele resmunga, tentando se convencer de que não deve se envolver.

Naquele momento, a decisão de voltar para Boston toma conta de Alex. As notícias o desviaram completamente de seu foco, e ele não consegue evitar pensar em Rebecca e como ela está naquele instante. Enquanto isso, em Seattle, Rebecca está devastada. Ela está na casa de seu amigo Luan, ponderando todas as possibilidades. Todos ao seu redor são pessoas abastadas, mas nenhum deles ofereceu recursos para ajudá-la. Sabem que essa ajuda poderia ser um investimento incerto e que talvez não houvesse retorno, afinal, são todos homens de negócios que valorizam seus lucros.

— Não posso permanecer aqui. A família do meu tio vai me arruinar. Voltarei para Massachusetts e começar o emprego no grupo Shaw. Alugarei um pequeno apartamento e seguirei em frente. Decidi não continuar na faculdade neste semestre, pois não tenho como arcar com as despesas. Essa é a minha única opção. Espero que permitam que eu trabalhe na empresa mesmo sem estar matriculada na faculdade. No início da próxima semana, irei para Massachusetts e conversarei com eles.

— Becca, pense bem sobre isso. Você pode ficar aqui. Posso te oferecer um emprego na minha empresa. Como pretende se manter em Massachusetts apenas com o salário do grupo Shaw?

— Ainda não tenho certeza, mas é crucial que eu encare essa nova fase da minha vida. Agradeço profundamente, amo você por isso. Porém, seguirei em frente no início da semana. Deixarei tudo organizado aqui e recomeçar do zero. Quero que saibam que não desejo que sintam pena de mim. — Entre lágrimas e risos, ela tenta se convencer de que tudo dará certo no final.

No dia seguinte, em Boston, Alex está em seu escritório no grupo Shaw, ponderando sobre as diversas possibilidades diante dele. Mantém-se atentamente acompanhando todas as notícias relacionadas à família Halgrave. Absorto em seus pensamentos, enquanto ainda explora a ideia de ajudar Rebecca, Ana e Olga adentram seu escritório.

— Olá, senhoras Shaw. Como posso auxiliá-las hoje?

— Alex, evite ser cínico. Nossa conversa ainda não terminou. — Repreende Olga.

— Na verdade, já terminou. Já deixei claro que não desejo lidar com isso no momento. Resolvê-lo será algo para outra ocasião, quando estiver mais disposto. Mas, saiba, Sra. Shaw, que não tenho a intenção de me casar com Sophia.

– Alex, onde foi que errei com você? Eles são nossos amigos há tanto tempo. Como você se atreve a humilhar Sophia? Ela sempre o amou, sempre se dedicou a você. Comporte-se como um homem, peça desculpas a ela. Você foi insensível. Peça desculpas e case-se logo com ela. — Ordena Ana, visivelmente irritada.

— Não adianta, nunca irei me casar com ela, muito menos pedir desculpas. Por que vocês não conversam com a Srta. Spencer e a questionam sobre nossos problemas? Por que presumem que sou o único culpado? Seria bem mais prático do que continuarem me importunando. Eu me casaria com qualquer outra mulher antes de considerar a possibilidade de me envolver novamente com a Srta. Spencer. O que vocês têm com essa família? Pelo amor de Deus, por que estão tão insistentes para que eu me case com essa mulher? Eu simplesmente não a suporto.

— Alex, o que você é, um homem ou um menino? Você namorou ela por anos, a traiu e agora a descarta assim? Você perdeu o juízo? — Questiona Olga com firmeza.

— Talvez eu tenha realmente perdido o juízo, mas não planejo ficar com ela, de jeito nenhum. Não traí Sophia, e ela sabe muito bem disso. Se quiser, vá até ela e descubra por si mesma o tipo de mulher ridícula e hipócrita em que ela se transformou. Por favor, compreendam de uma vez por todas que não vou me casar com ela. Parece algo de séculos atrás, quando os mais velhos determinavam os destinos dos mais jovens. Vocês estão totalmente equivocadas se imaginam que possam me forçar a fazer qualquer coisa.

— Alex, saia desta empresa imediatamente. Você não merece assumir esse cargo nem representar o nosso nome, se não se comporta como um homem de responsabilidade.

— Vovó, a senhora está falando sério?

— Sim, estou. Você voltará arrependido, Alex, depois de não conseguir concretizar nenhum dos seus planos.

— Ah, deixa-me adivinhar. É porque não consigo conduzir negociações sem recorrer ao nome Shaw, não é? Sempre vivi à sombra do vovô, nunca tive oportunidade nessa competição. Olha só para mim, que espécie de homem sou eu, um fracasso, uma vergonha. Sophia nem deveria cogitar me desejar, sou uma piada. — Alex debocha, sua voz carregada de amargura. — Tudo bem, vovó, você me concedeu alguns dias de folga. Acho que aproveitarei para fazer uma viagem. Nos encontramos no anúncio da venda do grupo Technologies Ci&t, se me permitir, é claro. Seria como meu pedido de despedida do grupo Shaw. O que acha? — Ele esboça um sorriso sarcástico, deixando a sala sem aguardar resposta.

Alex tira o restante do dia de folga e permanece em seu apartamento próximo ao grupo Shaw. A todo momento, ele acompanha as notícias de Seattle, ainda dividido entre ajudar Rebecca ou não. Pegando o celular, ele envia uma mensagem para Ryan.

— Assim que voltar de Nova York, passe no meu apartamento. Preciso conversar com você.

No final da noite, após aterrissar em Boston, Ryan se dirige diretamente ao apartamento de Alex.

— Então, o que é tão urgente? — Indaga Ryan assim que Alex abre a porta.

— Preciso que você elabore um contrato para mim, preciso dele até sábado.

— Alex, eu só queria passar um tempo com minha namorada, por que você está me trazendo trabalho agora? Não poderia ter me pedido isso amanhã?

— É o seu primeiro trabalho para o grupo Wealth, você concordou em trabalhar para mim.

— Ainda posso mudar de ideia? — Responde, rindo. — Então, sobre qual negócio tão importante se trata?

— Você não tem permissão para fazer perguntas, eu sou o cliente aqui, entendeu?

— Tudo bem, Sr. Shaw, o que você precisa?

— Não é Shaw, a partir de agora, você vai me chamar de Alex Baker!

— Entendido, Sr. Baker. Que tipo de contrato devo elaborar para você?

— Um contrato de casamento!

— O quê? Você decidiu se…

— Eu disse sem perguntas, Ryan. — Diz, interrompendo-o. — Agora, não somos amigos. Concentre-se em fazer o que estou mandando.

— Certo, Sr. Baker. Quais são os termos do contrato? — Questiona, ainda surpreso, pois não acredita que Alex finalmente aceitou se casar com Sophia.

— Você deve elaborar um contrato com duração de 2 anos, incluindo as seguintes cláusulas: em primeiro lugar, este casamento é estritamente um acordo comercial, sem qualquer envolvimento íntimo; em segundo, ambos têm permissão para manter relações com outras pessoas, desde que fora do nosso círculo social; terceiro, ela concorda em estar disponível para discussões sempre que necessário. Caso o item 2 não seja respeitado por qualquer uma das partes, uma multa de 10% do valor deste contrato será aplicada. Se o item 3 não for seguido rigorosamente, ela receberá apenas 50% do valor acordado neste contrato, valor este que será deduzido ao final do período. Para o primeiro ano de casamento, comprometo-me a pagar a ela 5 milhões, e para o segundo ano, 5 milhões, totalizando 10 milhões, sob a condição de que ela cumpra integralmente os termos acima. Ao término do segundo ano, ela receberá o valor acordado, e nos divorciaremos. Redija o contrato em nome da senhorita Rebecca Jenkins Halgrave e no meu.

— Alex? Isso é brincadeira? — Questiona Ryan, incrédulo, ao ouvir os termos do contrato e o nome da mulher.

— Sem perguntas, Ryan. Isso é completamente confidencial. Você pode ir agora. Nos encontramos amanhã à noite no Pub Shaw.

Ryan abre a boca para questionar, mas logo desiste. Ele se levanta e vai embora, completamente incrédulo com o contrato que Alex pediu para ele elaborar. No trajeto até sua casa, ele pesquisa novamente sobre Rebecca e fica surpreso com a enxurrada de notícias relacionadas à família dela.

Enquanto isso, em Seattle, no início da noite, Rebecca toma a decisão de jantar com seus amigos em um dos restaurantes da cidade. Será o último final de semana deles juntos, então escolhem aproveitar ao máximo, numa tentativa de animá-la e respeitar sua determinação de mudar para Massachusetts para trabalhar. A mesa está cheia de conversas leves e superficiais. No entanto, o clima na mesa sofre uma reviravolta quando as famílias Halgrave e O'Donnel entram no restaurante. Todos os amigos voltam os olhares para Rebecca.

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