ENTRE O AMOR E O ÓDIO romance Capítulo 48

Rebecca toma seu lugar à mesa, observando seus amigos fazendo o mesmo.

— Tivemos o privilégio de desfrutar de um café na companhia do seu amigo. Sua presença traz um prazer inexplicável. Agora compreendo por que você o mantém por perto. — Diz André, carregando suas palavras com sarcasmo.

— Sério, André? De novo com isso? — Repreende Melissa, exasperada.

— Muito bem, prossiga, André. Diga o que você está tão ansioso para falar. Desde aquela noite, você adota um comportamento bastante peculiar. Quase dois meses se passaram e, sempre que Alex está por perto, você parece se perturbar.

— Hum! Alex… vocês já chegaram a esse nível de “intimidade”, não é mesmo? Desde que ele esteve aqui para assumir suas responsabilidades financeiras, em troca de favores que não precisam ser explicitados, não consigo enxergar qualquer diferença entre você e alguém que se prostitui. É isso que você se tornou.

Uma onda de espanto varre o ambiente enquanto todos encaram André. Incapaz de tolerar aquelas palavras, Rebecca se levanta e desfere um tapa no rosto de André.

— Saia imediatamente da minha casa. Você não deveria estar no espaço de alguém que você considera tão desprezível, não acha? Vá embora!

— Sim, é exatamente isso que você é, já que foi ele quem pagou por este lugar. Se você realmente estava tão determinado a desempenhar esse papel inferior, bastava ter se manifestado; nós mesmos teríamos conseguido ajudar. Não era necessário depender de um homem qualquer para isso. Nós três poderíamos ter nos organizado e te remunerado após termos fodido você.

Rebecca caminha até a porta, sua expressão carregada de raiva enquanto as palavras de André ecoam em sua mente.

— Saia agora mesmo, você é um completo idiota. — Ela diz, segurando firmemente a maçaneta.

— Poupe-me das suas ordens, já sinto repulsa pela pessoa em que você se transformou. — André avança em direção a Rebecca, abre a carteira, retira diversas notas e as joga na sua direção. Surpreendida, Rebecca fecha os olhos por um instante. — Talvez na próxima vez eu também dividir a cama com você, ou isso seria muito pouco comparado ao que ele te paga? — Ele sugere com um toque de ironia.

— Porra, André, droga, saia daqui. — Grita Luan.

— Vão todos se foder, bando de imbecis. — Ele resmunga, se afastando e os deixando sozinhos.

Rebecca fecha a porta com determinação e vira-se de costas para seus amigos, secando suas lágrimas. A exaustão de ser vista como uma mulher frágil é evidente em sua expressão, mas ela força um sorriso antes de enfrentá-los.

— Vamos prosseguir com o café. — Ela diz, embora sua voz revele a emoção contida.

— Rebecca, você está bem? Ninguém aqui tem essa imagem de você. André está apenas passando por um momento difícil. E tenho certeza de que você já percebeu a origem disso.

— Luan, eu não entendo, sinceramente. Não sei o que fiz para merecer esse tratamento dele, especialmente vindo do meu melhor amigo. — Rebecca mantém o controle, evitando ceder às lágrimas.

— É bastante evidente, na verdade. Ele está apaixonado por você, Rebecca. — Marcelo comenta com franqueza.

— O quê? Apaixonado por mim? Desde quando? — Ela questiona, encarando-o com surpresa.

— Parece que ele tomou consciência disso naquele final de semana em que você estava com o Sr. Baker. — Melissa esclarece, apontando para o momento em que a dinâmica entre eles mudou.

— É isso mesmo, querida, todos nós já tínhamos percebido. Ele está nitidamente com ciúmes e, imagino, sentiu-se intimidado ao te ver com ele ontem. Ele sabe que existe a possibilidade de você retomar algo com o Alex. — Completa Susan, compartilhando sua análise perspicaz da situação.

— Apaixonado e ainda age desse jeito? Olha só para isso, me ofende, atira dinheiro na minha direção… é profundamente desrespeitoso. Ele está agindo como um autêntico idiota.

— Apesar de nunca ter expressado isso, Becca, nós homens, infelizmente, podemos nos comportar dessa maneira em certas ocasiões. Com frequência, não sabemos bem como lidar com nossos próprios sentimentos e acabamos agindo de maneira imprudente quando percebemos que vocês possam estar interessadas em outros. Tenho certeza de que ele irá refletir sobre isso e, provavelmente, se desculpar com você. — Conclui Luan, oferecendo uma perspectiva empática e compreensiva.

Ao longo de todo o dia, permaneceram ao lado de Rebecca, proporcionando um apoio inabalável, especialmente considerando seus planos de partir para Massachusetts na manhã seguinte, visando se preparar para seu novo cargo no grupo Shaw. Enquanto isso, no hotel, Alex estava imerso em suas obrigações profissionais, lutando para não se deixar levar por seus próprios pensamentos. No entanto, sua concentração é abruptamente interrompida pelo som do celular.

— Alô? — Ele diz ao atender, mantendo um tom de voz seguro.

— Boa noite, Sr. Baker. É um prazer falar com você. Soube que está na cidade. Que tal nos encontrarmos para tomar uma bebida?

— Qual dos indivíduos desagradáveis você é? Refresque minha memória.

— Magno O'Donnel. Que tal irmos ao pub Tricks para uma conversa?

— Não, obrigado. Não estou aqui para isso. Talvez em outra oportunidade, eu me disponha a gastar meu tempo com pessoas tolas como você. — Alex desliga e opta por ignorar as persistentes tentativas de contato de Magno.

— Que desgraçado! Ele não quer nos encontrar. — Reclama Magno.

— Quem é que não quer se encontrar com vocês, pai? — Pergunta Peter, entrando na sala.

— Estávamos aguardando a oportunidade de nos encontrarmos com o Sr. Perez do grupo Mortix, esta noite no pub Tricks, mas parece que ocorreu algum imprevisto.

— Qual foi a razão exata para escolher aquele local, pai? Está ciente de que minha entrada é impossível lá, dado que pertence àquele idiota do Alex Shaw.

— Não precisa se preocupar com isso. Essa pessoa não será mais um obstáculo para nós, visto que agora estamos colaborando diretamente com o Sr. Nicolas Shaw.

No término da noite, a ansiedade de Alex cresce à medida que ele espera ansiosamente por Rebecca. Ele tenta persuadir-se de que está tratando apenas de negócios e que jamais permitirá que sentimentos se desenvolvam. Todavia, está se tornando cada vez mais desafiador negar a intensa atração que sente por ela. Sempre que a encontra, seu desejo parece se intensificar. Enquanto isso, no apartamento, Rebecca está sozinha, organizando seus pertences para a viagem do próximo dia. Ela está imersa em pensamentos sobre a decisão que está prestes a tomar. Sua reflexão é abruptamente interrompida pelo som da campainha.

— Tio, o que o traz aqui? — Ela questiona ao abrir a porta.

— Não tente se fazer de ingênua, por que você entrou em contato com esse homem? Você acha o quê? Que ele pode te proteger? Na primeira vez relevamos o desrespeito dele, mas nem você, nem ele, escaparão disso. Seu pai não está aqui, acredita que pode se envolver com esse rapaz, manchando nossa reputação? Agindo de maneira inaceitável. Eu preferiria te matar antes que você possa sequer chegar perto dele.

— Não chamei ninguém, ele que veio até aqui e eu o mandei embora. Por favor, deixe-me em paz. O senhor não tem direito de opinar sobre minha vida.

— Que mudança impressionante para uma mulher de reputação duvidosa você se tornou, sinto desgosto ao olhar para você. É por isso que tua própria família te rejeitou, jovem ridícula.

— Não me insulte quando suas próprias filhas são ainda piores. Peço, por favor, que saia da minha casa. — Ao concluir suas palavras, ela sente o ardor do tapa que lhe foi aplicado. — O que pensa que está fazendo? — Questiona, com a mão sobre o rosto, batalhando contra as lágrimas.

Antônio se aproxima e desfere mais um tapa em seu rosto. Em seguida, a empurra contra a parede, apertando seu pescoço com força.

— Escute com atenção, menina. Você vai se certificar de afastar esse homem de uma vez por todas, encontrará um emprego em alguma empresa da região e será independente. E parará de me causar problemas, está claro? Caso contrário, eu farei você desaparecer completamente. Você não envergonhará esta família, sua puta. — Conclui, mantendo ainda sua mão no pescoço dela.

Rebecca se debate, tentando soltar-se, enquanto Antônio observa com prazer o desespero em seus olhos. Vendo que ela mal consegue respirar, ele a solta e a observa cair no chão, tossindo desesperadamente, lutando para recuperar o fôlego.

— Você é tão lamentável. O chão é o seu lugar adequado. Tome isto como o meu último aviso. Da próxima vez, você estará acabada. — Ele sai, deixando-a sozinha após tê-la machucado.

Após permanecer vários minutos no chão, Rebecca começa finalmente a se recuperar. Com esforço, ela se ergue e caminha até seu celular, discando o número de Susan.

— Susan, por favor, preciso de ajuda. Venha até aqui. — Sua voz está baixa, embargada pelo choro.

— Becca, o que aconteceu? — As palavras de Rebecca são substituídas pelas lágrimas que escorrem por seu rosto. — Estamos indo para aí, amiga. — Diz Susan antes de encerrar a ligação. — Melissa, precisamos ir até a casa da Rebecca, algo sério aconteceu.

— Você não acha que ele a machucou? — Pergunta Melissa, referindo-se a Alex.

— Não sei dizer, mas não podemos perder tempo. Vamos logo. — As duas saem apressadas em direção ao apartamento de Rebecca.

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