Entre quatro paredes(Completo) romance Capítulo 35

Ouvia barulhos de aparelhos apitando, cheiro de hospital, e pessoas andando. Abri meus olhos lentamente a luz forte incomoda meus olhos enquanto a minha cabeça girava. Quando recobrei meus sentidos pedi aos céus que a noite anterior fosse um maldito pesadelo.

As pessoas que estavam na sala percebem que eu despertei depois de alguns minutos e se aproximam de mim rapidamente.

— Vai chamar o médico! — Beatriz diz para Anne que sai correndo da sala.

— O que, o que aconteceu? — Pergunto confusa.

— Você desmaiou. — Beatriz passa sua mão pelo meu cabelo.

— Quanto tempo eu estou apagada?

— Não muito tempo.

— Minha, minha mãe, Beatriz. Diga que foi tudo um sonho... — meus olhos se enchem de lágrimas.

— Alice, é melhor não falarmos sobre isso agora.

Não pude conter minhas lágrimas. Beatriz me abraçou. A porta do quarto de abre e uma mulher aparece acompanhada de Anne vem até mim.

— Bom dia, senhorita Alice. — Ela vem até os aparelhos ao meu lado e mexe em alguns deles.

Eu permaneço em silêncio, sentia meus olhos pesarem, provavelmente estavam caídos e vermelhos.

— Está tudo bem, foi apenas uma queda de pressão. E também porque a senhorita não havia comido — ela me encara feio —, mas fora isto, está tudo bem com você e o bebê.

Meus olhos se arregalaram instantaneamente, meu lábio inferior tremia. Eu balançava a cabeça repetitivamente. Não podia ser, um filho, justo agora.

— Não, não, d-dentro de mim!? Não pode ser! — Eu negava.

— O que? — A médica pergunta — Você não sabia? Me desculpe por ter dado a notícia desse jeito. Você já está com quase dois meses.

— Não... — coloco minhas mãos em minha cabeça e continuo negando.

— Acalme-se.

Eu só conseguia sentir ainda mais raiva de toda a situação com o Dante.

— Você tem que deixar esse orgulho — Beatriz fala seriamente. — Mas nós não falaremos.

Eu nem lembro como saí do hospital, sentia apenas a mão de Beatriz me puxando pelo antebraço até o carro de Ryan. Meus olhos já estavam secos de tanto chorar, eu não conseguia mais emitir um som sequer.

Os dias passaram rápidos, mesmo com Beatriz e Anne tentando me dizer que minha vida não tinha acabado ali, eu só conseguia pensar na minha mãe.

Durante o enterro dela, enquanto Anne se debruçava sobre o caixão, eu só me perguntava: "por quê?". Se existisse um Deus, ele provavelmente nem se lembrava de minha mísera existência.

Eu me sentia fraca, imponente, tudo o que fiz havia sido em vão, de nada adiantou.

Eu olhei para o lado e afastado de todos os outros estava ele, com óculos escuros e as mãos dentro dos bolsos. Senti uma leve vontade de correr para seus braços e chorar como uma criança desorientada, mas não fiz. Permaneci rígida como uma pedra, completamente estagnada olhando diretamente para o pai do meu bebê. Ele percebeu meus olhares, talvez a expressão que fiz fosse tão assustadora que logo em seguida ele tirou seus óculos por poucos minutos e depois saiu andando em direção ao seu carro. Meu peito ardeu.

Beatriz e Anne me forçavam a comer por conta da gravidez. A única coisa que eu fiz durante metade de um mês, foi dormir e chorar. Eu já não tinha forças para viver.

Emagreci 15 quilos.

Eu já não me reconhecia mais, a Alice cheia de viva e força morreu dentro de mim.