O dia clareou, logo cedo vários decoradores apareceram. Fomos obrigados a levantar cedo pois o café era às 7.
Daniel esfregava os olhinhos ainda cansado, eu o ajudava a tirar seu pijama de dinossauros.
Na sala de jantar, haviam uma mesa posta com uma variedade de coisas e os empregados ainda estavam colocando o resto. Edith conversava com algumas pessoas e sorriu quando nos viu. Eu sentei Daniel em meu colo e Beatriz sentou ao meu lado.
Eram muitas pessoas, talvez mais de 15 só em uma mesa, pessoas que eu nunca vi e até mesmo aquela tia desagradável de Dante. Ela me olhou estranho assim que me viu, percebi que ela não havia me esquecido também.
O horário de café era didático, todos conversavam e riam bastante. Percebi que Anne era muito querida pelas pessoas da família, todos conversavam com ela, parecia uma celebridade. Fiquei feliz em ver essa cena, pelo menos a minha irmã foi mais bem tratada que eu.
Após alguns minutos ela levantou e bateu seu garfo em uma taça chamando nossa atenção.
— Bom dia a todos! Bem, eu tenho que avisar algumas coisas para vocês. Temos ainda uma semana para o casamento, eu e Ryan não iríamos deixar vocês essa semana toda coçando o saco! — Todos riem. — Então, nós formamos gincanas para as crianças e para os adultos. Esperamos que todos que estão aqui se sintam tão felizes como nós. Sem mais enrolação, vamos começar a semana!
Todos aplaudem e sorriem. Aquilo era bem a cara dela, toda aquela vida luxuosa e fina. Talvez fosse a vida que nossa mãe sempre buscou nos dar. Se realizou, finalmente, mamãe.Quando terminei o café, peguei Dante pela mão para irmos ao quarto, mas aquela mulher de antes nos para no meio do caminho.
— Olá! Quanto tempo. — Ela fala. Eu ainda consigo lembrar das palavras dela naquele dia, o tom de arrogância não mudou.
— Sim, bastante tempo.
— Que criança mais adorável — ela faz uma expressão de cinismo —, se parece muito com o Dante quando criança.
Eu engulo a seco.
— Diga-me, por que voltou nessa altura do campeonato?
— Como?
— Dante já estava bem, mas agora, eu sinto que ele vai ficar destruído e tudo por sua causa novamente. — Ela olha para Daniel novamente.
— Vim para o casamento da minha irmã, se isso te incomoda, me desculpe, mas eu não sinto muito.
Ela sorri.
Eu não quis mais ouvi-la, subi com o peito ardendo, ela sabia de algo.
Liguei para o Guilherme com intuito de me acalmar, por webcam.
Respirei fundo e forcei um sorriso.
— Olá, meu bem. — Ele disse com um sorriso nos lábios.
— Oi, como você está?
— Sinto sua falta e de Daniel. Mas estou bem, e você?
Pensei em dizer que quase engasguei com o pãozinho mais cedo quando Edith mencionou que Daniel parecia muito com Dante na infância, mas não fiz. Manti o sorriso falso.
— Estou bem, sinto sua falta.
— Está triste? — Perguntou com entonação de preocupação.
— Só não estar sendo como eu pensei que seria. — Digo.
— Sinto muito. Mas daqui há quatro dias estou aí. — Disse. — Mostre-me Daniel.
— Está bem. Venha cá com a sua mãe. — Digo para ele, o pego em meu colo e seus olhos brilham quando ele ver Guilherme pelo webcam.
— Titio! — Disse ele.
— Olá garotão, meu deus, que saudades! — Ele disse sorrindo.
Nós conversamos bastante, mas ele precisou desligar pois iria trabalhar.
— Está com saudades dele? — Pergunto.
— Sim. — Ele responde brincando com o boneco encardido.
— Logo, logo ele estará aqui conosco.
— Podemos ir para a piscina?
— Claro que podemos.
Eu preparei Daniel para um dia de piscina, como o clima de Londres era sempre frio, era impossível pegar sol ou até mesmo entrar na piscina.
Vesti um maiô e peguei Daniel em meus braços, nós fomos para a área de lazer. Ele preferiu pegar o senhor Been, seu velho boneco de pano, cujo ele dizia ser seu preferido. Daniel ficava entretido muito fácil, ficava horas falando coisas que eu não entendia, sacodindo o boneco para lá e para cá. Eu entreguei meu celular para ele e coloquei um vídeo, aproveitei para ler um livro. Fazia tempo que eu não tinha tanta paz.
Observava ele de vez enquanto, as bochechas estavam vermelhas.
— Por que não o deixa brincando com as outras crianças? — Dante Pergunta me assustando.
— Ai, que susto! — Largo o livro de lado. — Ele é muito novo para brincar com os outros, tenho medo que se machuque.
Daniel olha para Dante e sorrir, ver eles um perto do outro me fazia pensar mais ainda que Daniel era a cópia de Dante. Não sei como não perceberam.
Daniel se levanta e mostra o senhor Been, para Dante.
— O que é isso? — Ele pergunta pegando o boneco em suas mãos.
— Uau, é um marco. Ele não deixa ninguém pegar nesse boneco feio. — Digo.
Daniel olha para o homem com os olhos apertados. Dante se abaixa na altura do menino e tira seus óculos escuros, eu havia esquecido como seus olhos eram intensos.
— Seus olhos, são iguais aos meus.
Eu prendi a minha respiração.
— Sim, são. — Dante abre um sorrisão.
— Você quer brincar de futebol?
— Eu posso? — Dante pergunta para mim.
— Claro. — Digo sem jeito.
Eles se afastam de mim, Daniel pega a bola ─ a mesma que me fez trazer do andar de cima até aqui embaixo, eu deixei ela pular pelos degraus umas cinco vezes ─ e começa a chutar para Dante. Após umas cinco idas e voltas Dante finalmente tira sua camisa, ficando apenas de short. Meus lábios se abrem automaticamente, o tempo parecia não ter passado para ele, na verdade o corpo parecia ainda mais definido que antes.
Mordo o lábio inferior e balanço a cabeça.
Dante a pega no colo em comemoração a mais uma bola que ele deixou passar de propósito para fazer o menino ganhar. Eu fico boba, não era normal, Daniel costumava ser uma criança reservada mas ao lado de Dante parecia que se conheciam há anos.
Após mais algumas partidas eles voltam para onde eu estou.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Entre quatro paredes(Completo)
Muito linda a história, valeu a pena!...
Amei, amei, amei! História objetiva, linda, detalhes que prendem! Parabéns a autora!...
Amei o livro! História que vale a pena ler até o final...
A hitótia é linda, vale a pena ler, é melhor ainda q ñ é longa....