INDECENTE DESEJO romance Capítulo 11

O gosto do chocolate trufado, recheado com licor de cereja inunda meu paladar na primeira mordida e em poucos segundos os hormônios da felicidade são estimulados, fazendo com que pequenos suspiros de prazer saiam de minha garganta. Essa foi a sobremesa que ele deixou pra mim.

Acabo com todos os bombons em poucos minutos, me questionando a cada mordida como o filho da mãe sabe da minha preferência por chocolate, certo que esse deve ser um doce apreciado por quase todo mundo, mas como ele pode saber que esse em questão é o meu PREFERIDO.

Gemo, culpada por ter esvaziado a caixa toda e ser tão fácil manipulada.

Aceitei ser vendada enquanto jantava com um desconhecido, nem ao menos sei seu nome e mesmo assim fui, me submeti a um ato de submissão apenas para saciar minha curiosidade. Ele tinha razão, eu fiquei excitada com toda a situação. O mistério, a sua voz rouca me puxando sempre ao seu encontro e o jogo todo me envolve e instiga a querer mais e mais.

No entanto, estou ficando cansada de nunca receber respostas. Aquele trem sabe até dos meus gostos e nada sei dele, mas estou cada vez mais certa de que é alguém próximo, dessa última vez tive a sensação de já conhecer seu cheiro, seu perfume adentrou minhas narinas assim que se aproximou e até agora não esqueci do que senti, sem falar que sua presença é sempre familiar e reconfortante. Me jogo na cama, balançando a cabeça para me livrar dos pensamentos da noite passada.

Uma batida na porta e a voz de Dona Anna Maria me fazem levantar de supetão, surpresa demais.

— Ratinha, você está aí?

Franzo o cenho, convicta de que minha progenitora está mesmo batendo minha na porta quando deveria discursar hoje à tarde.

— Mamãe? — Pergunto assim que abro a porta e a vejo de pé me olhando. Um vestido branco colado e elegante cobrem seu corpo até cinco dedos abaixo do joelho, um decote simples, porém jovial e discreto cobrem o busto.

— Eu mesma. — Sorrir, já se jogando pra cima de mim.

Seus braços envolvem minha cintura e eles me apertam forte. Retribuo o abraço, gostando do carinho exagerado que tanto senti falta.

Essa mulher anda tão envolvida com a gestão de Augusto que mal temos nos encontrado, o pessoal do marketing acredita que o envolvimento dela tenha uma boa repercussão para a próxima campanha eleitoral, sem falar que segundo eles a interação de mamãe com assuntos sérios a tiraria da visão de amante que muitos eleitores ainda tem, trazendo respeito e admiração no lugar. Minha primeira reação ao ouvir isso foi torcer o rosto insatisfeita, minha mãe é a mulher legítima do governador de Minas Gerais, mas antes de tudo ela é uma mulher íntegra, inteligente, amorosa e excelente mãe.

Sua imagem não deveria ser denegrida quando a de papai saiu ilesa, no fim de tudo ele foi o grande traidor. Dona Anna Maria era uma jovem esperta, mas ingênua e apaixonada por outro quando conheceu papai, apesar de não saber os detalhes sórdidos da história sei que a mulher que me trouxe ao mundo merece todo o respeito e admiração sem ter que precisar provar nada pra ninguém. Só que Dona Anna Maria sempre foi defensora e botou na cabeça que precisa se modificar para me preservar, apesar de que eu nunca tenha ligado para as piadinhas e olhares afiados do meio sórdido que é a classe alta.

Tudo que eu faço é por ela.

Me saio do seu aperto, encarando o rosto bonito com poucas rugas.

— O que faz aqui? — Pergunto, fazendo com um brilho de insegurança cintile em seus olhos quase tão claros como os meus.

— você estava comendo chocolate? — Desconversa e vacilo  com a pergunta.

Me afasto, insinuando para que entre por completo no quarto, ela o faz em silêncio e aproveito para encostar a porta.

— Tem algo para falar, não sei como você vai reagir. — Sua voz soa tensa e de repente o ambiente parece desconfortável.

Analiso sua figura nervosa, se recusando a parar quieta em um só lugar.

— Deve ser algo realmente sério. — Murmuro, ainda a observando.

Ela esbraveja alguns palavrões baixo, deixando a situação ainda mais inusitada. Um sorriso zombador ameaça surgir na minha e tento me controlar, seja qual for a notícia que tem pra me dá, parece sério e não posso rir por mais cômico que seja ouvi-la xingar.

— Mamãe? — Paro na sua frente, segurando seus ombros firmes e mantenho nossos olhares concentrados.

— Vou me separar do seu pai. — Solta de uma vez.

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