INDECENTE DESEJO romance Capítulo 19

Ele é insolente. Arrogante e extremamente dissimulado.E, eu não deveria ter dado seu número de telefone para o bar Man e muito menos ter vindo com ele para a fazendo. Argh! Henrico Zattani quer destruir meu pai, seu ódio por minha família se arrasta por anos e com certeza, não estou saindo impune da sua vingança, tenho plena convicção que o homem não vai me livrar de suas garras e rancor. Ainda assim, estou em seu quarto, acordando depois de uma noite de muitos sonhos e com uma ressaca horrível. Ninguém da minha família pode ficar sabendo disso.

Fecho meus punhos, os batendo contra o colchão um par de vezes, pra lá de enraivecida com os efeitos que o bastardo anda causando em mim. Olho mais uma vez para meu corpo, passando meus dedos pela sua camisa, não estou usando sutiã por baixo e cenas minhas da noite passada aparecem como flashbacks na minha cabeça. Eu estava pra lá de bêbada quando ele me pegou no bar e me trouxe para a fazenda, consigo me lembrar vagamente de uma moça jovem me ajudando a tomar banho e depois a vestir estas roupas, provavelmente a tal Marisa que ele mencionou. Minhas bochechas esquentam e posso afirmar que elas estão vermelhas mesmo sem vê-las, tenho que me lembrar de achar a mulher e agradecer, também não posso passar despercebido que o idiota foi gentil quando poderia ter se aproveitado, mas não posso parabenizar um cara por não ser abusivo.Saio da cama, ainda com esse pensamento rastejando pela minha cabeça e sigo em passos lentos até a grande janela, afasto as cortinas grossas e espio o lado de fora, um sorriso repuxa o canto dos meus lábios com a imagem estonteante da mata verde. A paisagem desse lugar sempre me deixou tonta, mesmo quando eu ainda era só uma menina e me sentia uma intrusa na casa da minha própria irmã, esse lugar sempre me roubou a atenção e fazia valer a pena cada olhar afiado que Aurora me dava. Também não era como se eu quisesse a companhia dela de qualquer maneira, naquela época papai ainda nos obrigava a lidar com a presença uma da outra e forçar alguma aproximação, bem, nunca funcionou. Aurora me odeia e sempre será assim.

Me afasto da janela quando ouço batidas na porta.

— Quem é? —Pergunto, alisando a camisa e desejando que o seu comprimento fosse maior.

— Marisa, o patrãozinho me enviou. Trouxe suas roupas. — Uma voz feminina fala, me fazendo suspirar em alívio.

Corro em direção a porta, percebendo que ela estava aberta todo esse tempo. Claro, ele saiu ainda agora.

— Oi. — Digo, usando um tom baixo.

A menina entra, desejando um bom dia com simpatia. Enquanto ela segue para a mesinha próxima a cama para colocar minhas roupas, observo sua figura pequena, meio pálida para quem vive em uma fazenda ensolarada e com tantos lugares para serem explorados. Ela se vira, me dando um sorriso singelo, mas verdadeiro. O rosto meio magro e bem desenhado carrega traços sofisticados, mas tristes. Ela é bonita. Muito bonita.

— Precisa de algo mais? — Pergunta.

Nego com a cabeça, me sentindo tímida por estar quase nua na casa do ex marido da minha meia irmã. Afinal, estou no quarto dele e vestindo suas roupas, sem falar que ele dormiu  aqui. De repente, a ficha cai e pela primeira vez penso no que a cena toda parece.

Ele e eu no mesmo quarto!

Céus! O que todos devem estar pensando ao meu respeito...

— Não aconteceu nada. — Me apresso a falar quando a menina faz menção em deixar o quarto.Ela para, me olhando com olhos confusos, que só agora percebo serem de cor amendoada, contratando com seu longo cabelo castanho claro. Então, ela volta para uma expressão compreensiva.

— Você não tem que me explicar nada, também não estou fazendo quaisquer conclusões. Fique tranquila.

Sua fala me deixa ainda mais desconfortável, me fazendo perceber que só o fato de que estou me explicando já dá a entender que existe algo para ser explicado, eu não deveria me importar, mas me importo. Bufo, Ajeitando minha postura, aliso meus cabelos para atrás de minhas orelhas.

— Apenas esclarecendo, ele e eu não temos nada. — Afirmo, encarando a garota ainda parada. Ela assente, se forçando a engolir o sorriso que ameaça se destacar em seus lábios finos.

— Tudo bem, mas ele parece se importar com você. Não trabalho aqui faz tanto tempo, mas meus pais trabalhavam nessa fazenda desde que eu me entendo por gente e sempre vi Henrico por aí, galopando e ajudando seu pai. Ontem ele tava com uma gastura de vê você naquela situação, sei que não é da minha conta, mas acho que ele gosta leras de você. — Ela diz, tomando seu caminho de volta para saída, me deixando desnorteada por vários segundos.

— Marisa, é...— Ela volta a parar, me olhando por cima do ombro, segurando a maçaneta com a mão. — ...Obrigado por ontem. — Digo, apontando para meu corpo, indicando que eu sei que foi ela a me ajudar.

Ela sorrir, dessa vez mostrando todos os dentes. — De nada, Amélia. Gostei da sua tatuagem, o que o pássaro significa?

Minhas bochechas coram, a saliva deixando minha boca. Ela está falando da tatuagem no meu quadril, um pequeno pássaro que fiz aos dezessete anos de forma clandestina. Ninguém além de mim e do tatuador viu, tomei cuidado em manter escondido longe dos olhos de mamãe e dos fotógrafos, o que foi fácil já que eu pouco vou a praia ou piscinas.

— Liberdade. — Digo.

— Bom. — Ela diz, um brilho diferente aparece em seus olhos e sinto que ela tem uma paixão secreta por tatuagens. — Quando eu completar 21, farei uma fênix nas costas. — Assenti, me deixando influenciar pela convicção e emoção em sua voz. Não questionei o porque ela esperaria até os vinte um ou motivo da escolha da fênix, mas eu pude visualizar o pássaro grande em sua pele pálida, uma imagem tão significativa e forte, por algum motivo eu soube que era uma escolha perfeita e combinaria com ela. Marina parece ter muita história pra contar.

— Te levo no meu tatuador, apenas me diga quando estiver pronta. — Falei, não sabendo o real motivo da minha oferta.Seus olhos brilham.

— Mesmo? — Pergunta.

— Sim. — Afirmo.Então, ela sai do quarto. Sorrindo de orelha a orelha como Vivi e Dieguinho fazem ao comer chocolate.

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