O primeiro rosto que vejo ao chegar no hospital é o de Pedro, sua expressão está séria, carregada de algo sombrio e debochado que nunca antes vi em seu rosto, e é exatamente por esse motivo que passo direto por ele e sigo para mamãe, sentada em uma das poltronas logo a frente. Foi ela que me ligou e informou da situação de Aurora em todo caso, ninguém mais teve qualquer consideração de me informar sobre a saúde de minha irmã, embora eu entenda que como marido ele esteja sobrecarregado para pensar em qualquer outra coisa além do bem estar de sua mulher e filho.
— Como ela está? — Pergunto assim que chego perto o suficiente. Mamãe ergue a cabeça e encontra meus olhos, seus braços circulam meu pescoço sem aviso prévio e a seguro firme pela cintura de volta, correspondendo ao seu abraço.
— Não temos notícias ainda, seu pai foi tentar falar com o médico responsável. — Sua voz está trêmula e posso enxergar as lágrimas presas em seus olhos.Assinto, sentindo meu corpo tremer a menção de papai. Olho de soslaio para o homem ao meu lado, Henrico insistiu para me acompanhar, na verdade, ele informou que viria comigo para o hospital assim que saltamos dos cavalos e cá estamos. Dirigi até aqui pelo fato dele não ter recuperado sua carteira de motorista. Engulo a seco, percebendo a péssima ideia de ter ele e meu pai na sala na mesma sala.
Augusto Leal não gosta de ser desafiado e eu já fiz isso mais vezes do que deveria para a minha própria segurança, no entanto, não é comigo que estou preocupada e sim com o homem ao meu lado. A porcaria dessa sala de espera vai se tornar um banho de sangue se eu não tomar uma atitude rápida.
— Henrico, eu ... — Começo a falar.
— Como você ousa trazer ele ? — A voz acusadora de Pedro me interrompe ao mesmo tempo que provoca calafrios em meu corpo, me pegando de surpresa. Olho em sua direção, encontrando indignação e raiva em seus olhos.
Ele nunca me olhou assim antes. Como se eu não fosse digna o suficiente, como se eu o tivesse traído de alguma maneira.
— Você não é o dono da porra desse hospital. — Henrico esbraveja, agarrando em minha cintura e se colocando a minha frente, quase como se estivesse tentando me esconder da visão de meu cunhado.
Pedro rir sarcástico, balançando a cabeça de um lado para o outro.
— Quem você acha que é? — Pedro pergunta ao vento, mas se direcionando a Henrico.
— Você sabe quem sou. — O homem a minha frente provoca, ainda me mantendo escondida as suas costas.
Droga. O que ele está fazendo?
Procuro por mamãe, buscando ajuda de alguma maneira e a encontro encarando os dois homens se engalfinharem através de palavras.
Balançando a cabeça, saindo de trás de Henrico para me posicionar no meio dos dois homens.
— Parem! — Falo ríspida, ganhando a atenção de ambos. Eu não sei se este é o primeiro encontro dos dois, mas estou farta de confusão e o único motivo para estarmos aqui é por Aurora e meu sobrinho, então eles podem guardar os hormônios para depois.
— Você dormiu com ele? — Pedro pergunta, me fulminando com o olhar. Estremeço, sentindo o nojo em suas palavras.Empino o nariz, descartando sua pergunta e a sensação horrível que ela me causou e o olho de igual pra igual, questionando no meu íntimo que tipo de pergunta era aquela.
A minha irmã. A mulher dele está correndo risco de vida junto com seu filho e ele está aqui, me questionando com quem eu dormi.
— Sim. — Henrico confirma, agarrando minha cintura com um de suas mãos e me trazendo de encontro com seu corpo.
Gemo baixo, incomodada com a pressão que ele pôs na mão e tento me desvencilhar. Pedro bufa, encarando a mão de Henrico me apertando.
— Sua irmã estava discutindo com seu pai por sua causa quando passou mal, enquanto você fodida com o ex marido dela. O homem que odeio sua família. — Ele cospe, me atirando um olhar de superioridade e decepção.
Eu não entendo porque ele está com tanta raiva de mim. Sinto-me pequena sobre suas acusações, a revelação de que minha irmã estava me defendendo me choca tanto quanto o fato de que ele acreditou que passei a noite com Henrico, ele nem ao menos considerou que fosse uma mentira, me julgou como se não conhecesse meu caráter. Uma lágrima cai contra a minha vontade e se arrasta pelo meu rosto até cair na minha blusa. Aperto minhas mãos em punhos e me preparo para revidar quando o aperto de Henrico afrouxa.
— Ela não te deve satisfação alguma e não a culpe por um acidente, Amélia estava a quilômetros de distância quando Aurora passou mal e tenho certeza que ninguém nessa família estava a defendendo de qualquer coisa. — Henrico rosna, insinuando um ataque a Pedro, mas sou mais rápido e volto a tomar sua frente, implorando com o olhar que ele vá embora.
Por favor, apenas vá.
Pedro sorrir, demonstrando uma frieza até então desconhecida por mim.
— Não, ela não me deve satisfação. — Declara. Prendo a respiração não gostando do seu tom ou olhar, ele está irreconhecível e me pergunto o quão grave minha irmã estava quando ele a trouxe para o hospital.
— Porém, ela deve explicações para o pai e tenho certeza que isso. — Aponta com dedo pra mim e Henrico. — Não é algo que o velho Augusto Leal vai tolerar.
— Nós não precisamos da autorização dele. — Henrico volta a rosnar, apertando os punhos, insinuando mais uma vez que existe algo entre nós, piorando minha situação.
Céus, onde está mamãe?
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: INDECENTE DESEJO
Ótimo romance. Intenso como Indecente desejo são excelentes. Parabéns à autora....
Você é excelente escritora, parabéns. Intenso desejo é excelente, dos melhores q li. Este também é muito bom. PARABÉNS....