Estaciono o carro pouco mais de duas horas depois. Se alguém me perguntasse como eu consegui dirigir até aqui no estado que me encontro, eu simplesmente falaria que foi o pão celestial me guiando, pois foi quase impossível manter a concentração no trânsito quando minha cabeça estava sendo bombardeada a cada segundo. Entro correndo no casarão, sentindo os olhares curiosos dos empregados me seguindo a cada passo que dou.
— Onde ele está? — Pergunto, assim que encontro Guilhermino conversando com outro homem. Ele arqueia uma sobrancelha e me olha hesitante, examinando cuidadosamente meu estado.
— Acho que já vi esse filme antes. — Murmura.
— Não, dessa vez eu só quero... — Paro, sem saber o real motivo de ter vindo até aqui, buscar refúgio junto dele, talvez?.— Só me diga onde ele está.
— Falo. Ele hesita no primeiro momento, mas, suspira logo depois apontando na direção das escadas com a cabeça.
— Ele foi tomar banho, você sabe o caminho. Assinto, subindo direto para o quarto dele. Não bato na porta e pra minha sorte a encontro destrancada, mordo o canto da minha boca, ouvindo o barulho do chuveiro ligado assim que adentro o cômodo.
Mordo o canto inferior dos meus lábios, me sentindo nervosa. Observo a decoração do lugar, reparando pela primeira vez os pequenos detalhes. As cortinas claras, o armário robusto e de aparência antiga. O grande quadro de um cavalo negro ao lado da cama. O que eu estava pensando ao vir até aqui? Me movo para a porta disposta a ir embora, foi um erro. Nós temos passados muito tempo juntos, mas não somos amigos. Ele confessou uma vez que odeia minha família, não vai abrir mão de sua vingança e certamente eu não deveria me relacionar com ele.
E quem você vai procurar? Minha consciência acusa, lembrando-me que afastei todas as possíveis amigas pra longe, excluindo qualquer chance de ter agora um ombro amigo. Não importa. Ele também não é meu amigo. Seguro a maçaneta da porta, decidida a ir embora. Sim, este é o certo.
— Amélia? — A voz masculina me faz travar no lugar e sou obrigada a virar de frente para ele, envergonhada por ser pega antes da minha fuga.
— Eu ia esperar lá fora.
Não, você não ia. Minha consciência pontua.
Ele dá um sorriso de boca fechada, mostrando que ele sabe exatamente o que eu pretendia fazer.
— Você não precisa esperar mais. — Diz, segurando meu olhar com o seu. Provocando um calor desconhecido pelo meu corpo.
Desço meus olhos constrangida, deslizando para o peitoral nu e molhado. Percebendo só então que ele está enrolado apenas em uma toalha cor areia, involuntariamente faço um inventário sobre a parte descoberta do seu corpo. Percebendo pela primeira vez a tatuagem de cruz que ele tem no antebraço.
— Veio visitar Cristal? — Pergunta, segurando um sorriso convencido nos lábios. Nego com a cabeça, tentando não descer os olhos para o abdômen definido. Esculpido.
Balanço a cabeça, tentando racionalizar.
— Você pode se vestir? — Peço, tendo a certeza de que estou corando nesse exato momento. Ele abre mais o sorriso, dessa vez mostrando sua dentição alinhada e desce seu olhar sobre o próprio corpo.
— Estou de toalha.— Provoca, indicando o tecido felpudo com o dedo indicador.
— Algo decente. — Digo.
Seu sorriso se torna diferente.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: INDECENTE DESEJO
Ótimo romance. Intenso como Indecente desejo são excelentes. Parabéns à autora....
Você é excelente escritora, parabéns. Intenso desejo é excelente, dos melhores q li. Este também é muito bom. PARABÉNS....