INDECENTE DESEJO romance Capítulo 33

— Vou resolver a balburdia lá fora. — Papai fala, sacando o celular de dentro do terno e seguindo para seu escritório em passos seguros.

— Vamos. — Mamãe diz diretamente para mim, apontando com a cabeça para a escada. Assinto e passamos a subir lá degraus, deixando minha meia irmã e o marido para trás.

— Bela camisa, irmãzinha. — Aurora provoca, me dando a dica de que sabe a quem pertence a blusa.

Meu corpo endurece e lembro o que o deixei fazer noite passada. Sua boca, sua língua e suas mãos me marcando. Aperto meus punhos, me obrigando a não chorar. Ele me usou, mas nunca mais vai voltar a tocar em mim. Traidor de uma figa!

Maldito mentiroso.

Ele vazou as fotos e atuou pra mim, mas eu sei que foi ele.

Eu não vou perdoar você, Henrico Zattani. Não vou.

HENRICO ZATTANI.

— Caralho, eu não fiz isso! — Digo, olhando incrédulo para a tela do computador.

— Tem certeza? — Guilhermino questiona, me atirando um dos seus olhares de irmão mais velho.

Bufo, revirando os olhos para o maldito babaca.

— Tenho. Eu não dei ordens para ninguém... — Paro, lembrando da ligação que recebi mais cedo e de como meu investigador particular estava animado com a sua descoberta.

Porra!

— Você realmente não tem nenhuma ligação com isso? — Guilhermino volta a se pronunciar com meu silêncio, indicando com a cabeça a tela do computador, se referindo a matéria sobre a mãe de Amélia.

Abaixo a cabeça, desviando meu olhar do seu, permanecendo de boca fechada e me jogo na cadeira ao meu lado, me sentando de forma desajeitada, acometido por um dor intensa acima da têmpora.

Cacete!

Isso não poderia ter acontecido. Não podia.

Não agora, quando estamos nos dando bem.

Ele toca meu ombro, mas me nego a encara-lo, pois se o fizer ele saberá a verdade e não estou disposto a lidar com seus sermões nesse momento. Porque sim, eu tenho participação na divulgação das fotos, mesmo que indiretamente, afinal fui eu quem contratou a pessoa para tirá—las, mas eu não queria atingir minha menina com isso. Quando meu detetive disse semana que tinha algo para mim, algo realmente grandioso eu fiquei em expectativa, mas quando ele me ligou hoje cedo eu tinha Amélia a poucos metros de distância, no meu banheiro para ser mais exato e nada mais importava. A informação que ele tinha pra mim já não despertou tanto interesse e encerrei a ligação rapidamente, já que não quis correr o risco de ser pego por ela tramando contra a sua família, então o dei carta branca para fazer o que achasse melhor. Em todo caso, dei ordens diretas para que ele divulgasse nos meios midiático em primeira mão, mas eu não estava pensando no momento, nem sequer vi as fotos quando dei as ordens.  

Só que...

Caralho!

Eu não tinha ideia que as fotos eram sobre a mãe de Amélia, se soubesse o teria mandado apagar.

— Henrico...— Guilhermino começa a falar, mas é interrompido quando me levanto de forma brusca e o encaro de frente.

— Você não é o meu pai, Guilhermino. Pare de agir como se fosse. — Rosno, impaciente com seu tratamento desde que saí da prisão.

Ele segura meu olhar, trincando o maxilar. Ficamos os dois em silêncio, esperando que o outro cedesse primeiro, mas eu sou teimoso pra caralho e mesmo errado não costumo voltar atrás, então ele cedeu, mesmo contrariado.

— Você tem, não é? — Questiona, me olhando decepcionado. Eu não preciso falar, meu silêncio é a confissão que ele precisa, mas falo assim mesmo.

— Eu não sabia que as fotos eram sobre a mãe dela. — Me defendo, mas ele bufa, balançando a cabeça de um lado para o outro.

— Jesus... Henrico. Estou começando a ficar preocupado com você, tem noção do que acabou de confessar? — Diz, retirando o chapéu de vaqueiro da cabeça e  passando as mãos pelo cabelo.

— Preciso vê-la. — Digo, pegando as chaves da sua caminhonete de sobre a mesa. Sua mão segura meu ombro, me impedindo de sair.

— Você não dirige desde aquela noite. — Pontua, se referindo a noite da minha prisão, trazendo memórias ruins à tona.

Rosno, odiando as lembranças que agora se aglomeram na minha cabeça.

— Foda—se. — Digo, me soltando do seu aperto, mesmo sabendo que ele tem razão.

Eu não fui renovar a minha carteira de habilitação desde que deixei a cadeia, há praticamente sessenta dias atrás. A última vez que eu estive guiando um carro foi também a pior noite da minha vida.

— Você precisa esfriar a cabeça. — Diz, tomando a minha frente e passando a chave na porta do escritório.

Rosno.

— Abra a porra dessa porta! Não estou com paciente para brincadeiras, Guilhermino. — Grito, furioso.

— Não estou brincando, Henrico. Não posso permitir que saia nesse estado. — Diz, guardando a chave na bolso da frente de sua calça.

Volto a rosnar, chutando a cadeira para descontar minha raiva e volto a encara—lo.

— Saia. — Ordeno.

— Você terá que passar por cima de mim. — Diz, cruzando os braços e me dando uma de suas expressões sérias e contidas.

Meus lábios puxam em um sorriso debochado, perverso e o encaro de cima abaixo.

— Sem problemas, irmão. — Falo cínico, praticamente cuspindo a última palavra, pronto pra avançar pra cima dele.

— Você realmente gosta dela, não é? — Aperta os olhos na minha direção, tentando enxergar alguma coisa em mim que não está claro.

Bufo.

— Do que está falando?

Ele sorrir.

Sorrir como se tivesse acabado de descobri algo que ninguém sabe.

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