INDECENTE DESEJO romance Capítulo 40

Parece que o destino quer brincar com a minha cara, fazendo com que meu sogro e minha ex-mulher fiquem alinhados bem na minha frente, assim como no passado. Aurora mantém uma mão em sua barriga de forma protetora, seus olhos azuis estão assustados e vão de mim para seu pai.

Ela se meteu no nosso meio, impedindo que eu devolvesse o soco que o maldito traiçoeiro me deu.

— Caralho, mulher. Saia da minha frente! — Me sobressalto, apertando meus punhos até as palmas das minhas mãos ficarem brancas.

— Saia, eu vou acabar com esse desgraçado. — Augusto rosna, empurrando a filha para o lado, Ela se desequilibra e quase cai. Guilhermino pragueja atrás de mim e aperto ainda mais meus punhos.

— Você não tem respeito, não é? Nada é mais importante pra você do que a si mesmo. — Seus olhos apertam e por um segundo, vejo um lampejo de arrependimento em seus olhos quando encara a filha.

— É melhor você ir, Henrico. — Aurora fala, soando cansada. Aperto meus olhos pra ela, estudando sua imagem, o cabelo está amarrado em rabo de cavalo no alto da cabeça, uma maquiagem leve enfeita seu rosto e ao contrário do costuma vestir, ela está usando uma calça longa de tecido leve e uma camisa branca, a barriga redonda é perceptível e marca a malha da camiseta.

— Não vim falar com você. — Falo ríspido, controlando o máximo possível meu temperamento explosivo.

— Não, você veio causar tumulto. — Ela rebate, olhando fixamente para a minha boca, onde sinto escorrer um filhete de sangue.

Bufo.

— Corte a postura de boa moça e mude essa expressão de preocupação, querida. Não acredito mais em suas atuações, tenho motivos suficientes para causar quaisquer danos para sua família.

A postura dela se torna mais rígida, altiva e ela aperta os lábios finos um no outro, em um gesto nervoso, percebo.

— Então, foi por isso que você veio? Vai sair batendo em todo mundo da casa?

— Primeiro, eu não tive tempo de bater em ninguém, você chegou e me impediu para na hora da festa. Segundo, fui o único agredido. — Aponto para a minha boca.

— Por favor, vá embora. — Ela pede, quase IMPLORANDO.

Olho para Guilhermino que me encara de volta, sua expressão está séria e seu maxilar travado.

Ele carrega o mesmo ódio que eu por essa família, apesar de não carregar o desejo de vingança consigo, deseja a ruína de Augusto Leal do mesmo jeito.

— Onde está, Amélia? — Pergunto.

Augusto bufa, cruzando os braços. Me dando um olhar debochado.

— Como eu disse anteriormente, você chegou tarde. Ela partiu poucos segundos antes de você chegar, foi embora do país junto da mãe. — Sinto um amargo na boca, uma sensação ruim se apodera do meu corpo e tudo que consigo fazer é negar com a cabeça.

— Está mentindo. — Afirmo, odiando o sorriso vitorioso que ele mantém no rosto.

— É verdade, Amélia decidiu acompanhar a mãe em uma viajem para fins culturais. Minha irmã finalmente vai fazer o intercâmbio que tanto adiou e Anna decidiu ir junto da filha.

Encaro com incredulidade o rosto da mulher que acreditei amar não acreditando em nenhuma de suas palavras, apesar do tom suave e fala convincente, sei que algo está errado.

Irmã?

Ah, por favor. Desde quando ela chama Amélia assim?

— Não acredito em nada do que fala. — Rosno, impaciente.

Ela solta um grito abafado, se assustando com minha reação e volta a levar a mão ao ventre, como se para me lembrar que está grávida.

Suspiro, frustrado.

— Ela foi embora, não quer mais vê-lo ou ter qualquer ligação, escolheu a família como deve ser. Agora, saia da minha propriedade ou chamarei a polícia. — O maldito leal fala, arrancando meu último resquício de paciência e avanço para cima dele, o puxo pelo colarinho e lhe dou um soco no rosto.

Aurora grita alarmada e Guilhermino vem para me tirar de cima do homem.

— Bom trabalho. — Meu amigo diz, batendo no ombro.

Minha respiração está irregular e não consigo desviar os olhos do meu inimigo, completamente rendido no chão. Ele me olha com fúria.

— Você vai pagar por isso, garoto. — Ameaça.

Aurora se agacha so lado pai e verifica o nariz do homem, com o canto do olho consigo avistar seguranças correndo em nossa direção e sei que é momento de recuar.

— Vamos. — Guilhermino chama, batendo no meu braço. Ele provavelmente também viu os seguranças.

— Ela foi embora, estava no carro que passou por você no portão. — Aurora explica, com a voz trêmula pelo nervosismo que a situação deve ter lhe causado.

Eu lembro do carro que ela fala, estava saindo da residência quando nós estávamos chegamos e foi justamente por causa dele que conseguimos passar pelo portão.

Ela foi mesmo embora? Depois da noite que tivemos?

Não.

Ela não me deixaria depois de tudo, eles devem ter feito alguma coisa.

Isso não pode ser verdade.

Guilhermino me puxa e me coloca dentro do carro, assumindo o volante. Escuto minha ex mulher gritar para que abram o portão, mas pode ser apenas criação da mente, já que estou perdido em meus pensamentos.

— Cara, você está bem? — Olho para seu rosto, meio que saindo de transe e franzo o cenho, percebendo pela paisagem  que já não estamos na propriedade dos Leal.

Não o respondo, no entanto.

Pego meu celular e procuro por seu nome, deslizando meus dedos pela tela quando encontro. Ela é diferente, eu não senti todas aquelas coisas sozinho. Amélia se entregou pra mim como nenhuma outra mulher, ela é minha agora. Não vou deixá-la ir tão fácil.

— Vamos para o aeroporto. — Digo decidido.

Sinto o olhar de Guilhermino sobre mim, mas ele faz o que peço, tomando o caminho para o aeroporto mais próximo.

— Isso é loucura. — Sussurra, fazendo uma ultrapassagem perigosa.

Meu celular apita na mesma hora que ele para em um sinal vermelho, rosno, o mandando prosseguir.

— Não mesmo, cara. Apenas fale a boca e espere. — Diz, mantendo os olhos presos no semáforo.

Encaro o celular, sentindo meu coração acelerar quando vejo o nome da minha garota aparecer.

— É ela. — Falo só pra mim.

Coloco na mensagem meio desesperado.

"Estou indo embora por tempo indeterminado, não me procure ou ligue nesse tempo, por favor. Você odeia a minha família e não tem como darmos certo, eu os escolho em seu lugar. Nos esqueça e viva sua vida longe da gente. "

Leio e releio a mensagem dez vezes, sem acreditar.

Que porra é essa?

Não. Ela não pode está falando sério.

Aperto o botão para ligar e caio direto na caixa postal, ela deve já ter embarcado. Bato com o celular contra o rádio do carro, irritado com a melodia repetitiva que exala da caixa de som.

— Que porra! O que deu em você? Estou indo o mais rápido que posso. — Guilhermino protesta.

Conserto minha postura, voltando a ficar sério e indiferente.

— Esqueça, vamos para casa. Está na hora de voltar ao plano original e esquecer as distrações.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: INDECENTE DESEJO