INDECENTE DESEJO romance Capítulo 49

“A depressão pós-parto é comum entre mães de primeira viagem e geralmente é ocasionada por alterações dos hormônios estrogênio e progesterona, que são responsáveis pelas alterações no corpo da mulher desde a puberdade e costumam trabalhar com mais intensidade no período gestacional. Algumas mães podem ser afetadas ao fim da gravidez e sentirem tristeza e desesperança logo após o parto, estas mudanças junto de um estado psicológico frágil pode tornar essa depressão mais difícil, por isso é necessário o apoio dos familiares e um acompanhamento, mesmo que na maioria dos casos o uso do medicamento não é necessário e as sensações que impedem a mãe criar um vínculo mais forte com o filho cessam algum depois do parto. "

Leio a matéria que achei em algum blog de maternidade uma e outra vez, vinculando as informações com que o idiota falou para Amélia naquele telefonema, chego a conclusão de que talvez seja este o diagnóstico da minha ex esposa. Eu não deveria depois de tudo que ela me fez está preocupado, mas me sinto culpado pelo estado de Aurora e estou decidido ir até o hospital para vê-la, afinal, nada me tira da cabeça que ela foi parar naquele hospital e teve sua gravidez dificuldade por conta da conversa que tivemos naquela manhã. Meus pais criaram um homem honroso, com princípios e fazer mal para uma mulher grávida decepcionaria minha mãe. Fecho a aba do celular aberto na matéria e desço da caminhonete, colocando o aparelho telefônico no bolso detrás da minha calça. 

— Bom dia, como posso ajudá-lo? — Uma jovem sorridente que acredito ser umas das recepcionistas da clínica pergunta solícita, me encarando com olhos ávidos.

Devolvo o sorriso, me curvando sobre o balcão e chegando mais próximo dela. — Bom dia, Laura. — Uso um tom galante, fitando a mulher com todo o charme que possuo. — Acredito que você possa me ajudar, estou buscando por Aurora Leal.

Ela desvia os olhos para o computador a sua frente e move os dedos com agilidade sobre o teclado, voltando a me olhar quando encontra o que quer. — O senhor é da família? — Pergunta, me mostrando todos seus dentes alinhados com o sorriso.

— Sou o cunhado, sou noivo da irmã mais nova dela. — Os olhos da mulher perdem um pouco do brilho, mas ela continua sorrindo com uma profissional.

— Qual o seu nome, senhor?

— Henrico Zattani. — Pisco, após ela me dá uma credencial de visitante e me passa o número do quarto, aceito, mesmo já sabendo onde ele fica. — Obrigado.

Aperto o número do andar assim que entro no elevador e agradeço por estar sozinho, desde que saí da cadeia tenho evitado lugares pequenos e aglomerado para evitar as lembranças da prisão.

Suspiro, olhando a porta branca de madeira e me pergunto o que estou fazendo aqui. Bato na porta e espero autorização para entrar, mas ninguém responde. Dou mais duas batidas e checo ao redor, procurando por algum enfermeiro ou médico que possam me impedir de entrar, quando percebo que todos estão concentrados em seus próprios afazeres adentro o cômodo de uma vez sem exitar.

— Henrico? — A voz assustada vem de um canto do quarto, onde um pequeno banheiro está acoplado.  — O ... que você está fazendo aqui? — Gagueja.

— Você está bem? — Checo seu corpo, preocupado com o que li no site. — A mulher me olha confusa, mas passa a dar passos curtos até a cama hospitalar.

— Eu não esperava vê—lo. — Diz após se deitar, puxando a coberta para cobrir suas pernas.

Dou um pequeno sorriso, feliz por ela parecer racional.

— Você me parece bem. — Observo, a deixando ainda mais confusa.

— Eu não deveria está? — Questiona, olhando—me com curiosidade. Dou de ombros.

— Li que um parto cesariano pode ser complexo em sua recuperação. — Desconverso, tocando em um assunto com sentido.

— Sim, precisa de uma média de 2 a 4 dias para uma boa recuperação, mas ainda me sinto inchada, algo que só vai mudar por completo daqui uns três dias.

Balanço com a cabeça, me sentando sobre uma poltrona próxima de sua cama.

— Amélia sabe que está aqui? — Questiona e aperto meus olhos em sua direção.

Ela não me parece nenhum pouco com alguém depressiva.

— Não. — Resolvo dizer a verdade.

— E o que você veio fazer aqui, Henrico? Por favor, me diga a verdade. — Seus olhos me analisam com cuidado e aproveito para fazer o mesmo, seu rosto está limpo de maquiagem, os fios loiros estão alinhados e caem perfeitamente em seus ombros, no seu corpo está uma espécie de vestido hospitalar de tonalidade lilás.

— Fiquei sabendo que não está lidando bem com o fato de ser mãe. — Insinuo, lhe fazendo torcer o rosto.

— E você veio me ajudar nessa adaptação? — Debocha.

Abro um sorriso, gostando de vê—la revidar de forma tão ávida.

— Qual o problema? Você está mais hostil do que o normal. — Comento e ela bufa.

— Eu só... Não consigo olhar pra ele e não pensar em tudo que vou perder. — Arqueio uma sobrancelha, pedindo em silêncio para que continue. — Não terei mais paz, todos os momentos da minha vida irão girar em torno dele e tudo que consigo sentir é tristeza.

Levanto da poltrona, um pouco atordoado pela que ela acabou de dizer. Uma mãe não deveria dizer coisas assim, um filho é uma benção divina, mas não tenho o direito de opinar, pois sou homem e nunca saberei dizer com clareza o que é pra uma mulher ter seu corpo inteiro modificado e se tornar responsável por uma vida sem ter tido nenhum preparo pra isso. Ele saiu de dentro dela, porra. Isso deve ser confuso pra caralho.

— Entendo. — Solto, meio que perdido sobre minhas próximas ações.

O que eu vim fazer aqui mesmo?

— Sério isso? Esse é um conselho muito bosta, Henrico Zattani. — Caçoa.

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