INDECENTE DESEJO romance Capítulo 50

O taxista estaciona no portão de casa assim como peço e desço de forma discreta, observando sem acreditar a cena que desenrola bem à frente, do lado de dentro do portão. Minha mãe está beijando o rosto de Guilhermino como se eles fossem amigos íntimos, ele à envolve em um abraço e lhe entrega uma pasta com documentos. Que porra está acontecendo aqui? Eu não tinha noção que eles eram tão íntimos. Eles se despedem e o homem entra no táxi que o estava esperando esse tempo todo, me escondo entre os arbustos que ficam do lado de cá do portão quando o carro passa por mim. Volto o meu olhar para minha progenitora e a observo entrar em casa com um sorriso largo nós lábios.

Oh...

Eles estão tendo um caso?

— Meu pai está em casa? — Pergunto à uma das empregadas assim que entro em casa.

— Não, senhorita. Deseja algo?

Nego com a cabeça e ela sorrir, voltando a caminhar rumo ao andar de cima.

— Espera... Onde está minha mãe?

— No escritório do seu pai. — Lhe dou um sorriso e disfarço, pegando o destino da cozinha enquanto ela some das minhas vistas.

***

Finjo demência e ignoro todos os olhares que estou recebendo e me acomodo na cadeira ao lado de mamãe, estamos todos reunidos envolta da mesa como uma família unida e perfeita. Estão todos aqui, inclusive Pedro e Aurora que deixou o hospital há três dias e veio direto para o castelo encantado, adotando seu antigo quarto junto de seu marido. Ela passou por uma cesariana, mas como fez todo o procedimento de recuperação de forma correta está praticamente recuperada e preferiu vir pra cá por conta do espaço, porém como ela não fica transitando devida as escadas eu não a tenho visto muito.

Infelizmente, meu sobrinho não foi liberado junto da mãe e teve que ficar mais esses dois dias de observação, mas amanhã terá alta e estou radiante por saber que ele ficará conosco aqui em casa. Vou mima-lo de todas as formas possíveis, o encher de carinho antes que sua mãe o envenene contra mim. Dene-se. Vou aproveitar a companhia do meu sobrinho enquanto a tenho e ninguém vai me impedir. Um psicólogo também tem visitado Aurora nesse meio tempo, apesar de não falarmos muito sobre o assunto um com outro fiz minhas próprias pesquisas sobre depressão pós—parto e estou preocupada com ela.

Isso é frustrante pra cacete, eu adoraria ajudá-la, dividir os problemas e ouvir seus receios, mas sua mágoa e raiva de mim nos impede.

O jantar é servido sobre um clima tenso, quando palpável e tendo ter uma indigestão daquelas.

Cruzes.

— Então, vocês estão felizes com a vinda de Arthuzinho? Ele é tão lindo. — Mamãe tenta puxar conversa, forçando um sorriso simpático e o clima piora.

Como esperado, Autora a ignora.

Quase bufo.

Por quê ela ainda tenta?

— Estamos radiantes, Anna. Obrigado, meu filho é realmente lindo. — Pedro intervém, com a voz toda boba ao mencionar o filho e eu quase esqueço de como ele vem sendo um idiota nesses últimos dias.

É notável seu apego e carinho pelo filho, algo realmente admirável.

Volto meus olhos para mamãe que mantém uma postura impenetrável, dando o sorriso mais falso do universo e quase deixo um riso escapar. Ela tem implicado com o marido de Aurora desde que voltamos de viagem, sendo que antes ela o tinha endeusado pra caramba, o usando como modelo para os meus pretendentes.

Essa mulher está estranha. Sem dúvidas.

Primeiro dois as ligações secretas quando ainda estávamos nos Estados Unidos, logo quando chegamos a peguei no flagra beijando papai em um beijo de cinema, super apaixonados e não caí na encenação.

Ainda tem Guilhermino e o bendito documento.

Meu pai desata uma conversa sobre seus reeleição com Pedro e mamãe, enquanto me concentro em cortar um pedaço do meu bife. Fico alheia a conversa, completamente indecisa se devo ficar frustrada por ter que participar desses jantar ou se agradeço pela conversa está sendo direcionada para longe de mim.

Olho de soslaio para Aurora que parece tão à vontade quanto eu e ela me encara no mesmo exato momento, devolvendo meu olhar curioso com um carregado de indiferença, seus olhos se apertam e ela parece buscar algum tipo de resposta enquanto me olha.

— Não estou me sentindo bem, boa noite. — Ela diz, encarando apenas papai. Deixa a mesa e sua praticamente intocada para trás. Pedro a segue, me dando um olhar enigmático antes de se afastar por completo.

Aproveito a deixa e me levanto também em silêncio, mas ao invés de pegar o caminho para o andar de cima sigo direta para o jardim.

Me jogo em um banco de madeira, bem afastado da casa e suspiro alto, jogando minha cabeça pra trás.

Sinto que minha vida está um completo caos e cada vez que tento arrumar a coisa só piora, não é possível. Estou quase ligando o foda—se para tudo e metendo a louca.

Não existe diálogo com Aurora, meu relacionamento com mamãe está cada vez mais ruim, Pedro vem se tornando cada vez mais incoveniente e sinto que todos ao meu redor metem pra mim, manipulam as minhas emoções, inclusive Henrico.

Encaro o céu, sorrindo ao perceber a beleza do luar e o quão romântico o brilho das estrelas pode ser. Argh!

Quem eu quero enganar?

Eu sinto falta dele, a última vez que o vi foi no hospital e de longe foi o melhor dos encontros. Eu estava furiosa por vê—lo sair do quarto de Aurora, me sinto insegura com o ex relacionamento deles e ainda tem o fato de que algo mudou entre nós. Ele está diferente, eu machuquei seu coração quando fui embora do país sem avisar e o deixei na espera por todos esses meses, sem nenhuma ligação ou mensagem além daquela que ele insiste em dizer que fui eu quem mandei.

Impossível.

Não mesmo.

Que caralho! Eu não consigo para de pensar nesse desgraçado ele nem sequer acredita no que digo. Gostoso demais.

Estou com tanta raiva dele que nem o informei sobre a visita "discreta" que Guilhermino fez para minha mãe, mas também eu quero ter o documento em mãos antes de fazer qualquer alarde também.

— Acho que nunca perguntei se você já escolheu uma profissão? — A voz grave me faz pular do banco assustada.

— Porra! — Ponho a mão no coração e o sinto bater em descompasso.

— Você anda com a boca tão suja, princesinha. Acho que terei que lavar ela com sabão. — Seu tom é de brincadeira, mas fecho a cara pra ele.

— O que está fazendo aqui? — Olho de um lado ao outro, procurando a sombra de algum segurança.

Henrico rir baixo, acabando com o espaço entre nós em poucos passos, eu recuo, andando para trás e ele segura meu braço.

— Eu estava com saudade. — Sussurra, olhando fundo em meus olhos. — Sou louco nessas íris esverdeadas, quero me afogar nelas.

— Henrico...

— Amélia. — Uma de suas mãos aperta minha cintura enquanto a outra acaricia meu rosto, afastando alguns fios do meu rosto.

— Henrico...Por favor, se meu pai ou Pedro te pegar aqui a confusão vai tá feita. — O empurro, botando tão pouca força que chega a ser patético.

Eu também senti saudades.

— Vamos conversar. — Diz, me agarrando pela mão e nos direcionando de volta para o banco.

— Você não deveria ter vindo, alguém pode nos flagrar. — Olho mais uma vez ao nosso redor em busca de algum segurança e nada.

Amém.

— Estou cansado disso, Amélia. Sou homem e não vou ficar me escondendo, sua irmã tem razão. Você é uma criança e não serve pra mim. — Suas palavras queimam, são como um murro no meu estômago.

— O quê? — Puxo minha mão da sua, sentindo as lágrimas crescerem em meus olhos.

— É isso que você ouviu, preciso de uma mulher feita e não uma criança amedrontada. Decida o que quer e lute. Estou cansado desses seus joguinhos.

— Eu ...— Gaguejo, sentindo um aperto no peito devido suas palavras.

Por quê ele está fazendo isso comigo?

— O quê, Amélia? Achou mesmo que eu me interessaria por você tendo uma mulher feita à minha disposição? Gosto de mulheres em todos os sentidos, apesar de ter sido muito bom foder você, gosto de ter alguém pra compartilhar bons momentos fora da cama também. Não precisa mais de uma puta, você está dispensa. — E, com essas palavras ele crava a estaca no meu peito e dilacera meu coração.

Maldito.

Tomada pela ira, ergo minha mão e marco seu rosto com toda a minha força.

— Nunca mais chegue perto de mim, ouviu? Não vai mais me usar. — Aponto o dedo para seu rosto, ignorando as lágrimas que são como arames farpados agora.

Eu o odeio.

— Suma. — Grito e ele começa a rir, parecendo se divertir com minha desgraça.

Quero socar seu rosto bonito e quebrar um dos seus dentes da frente, deixá-lo desdentado vai amenizar minha raiva.

— Não posso ir, você me chamou aqui. — Franzo o cenho, não compreendendo.

O quê? Eu não o chamei aqui. Ele veio sozinho.

— Você está louco! Quero que vá embora. — Rosno, me controlando para não avançar no seu pescoço e destroçar essa sua cara de sonso.

— Se você quer mesmo que eu vá embora, então precisa acordar. — Diz sorrindo.

— O quê?

— Acorde, Amélia. — Sua voz fica distante, como se ele estivesse há milhas de distância e isso fosse apenas o eco.

O olho confusa, completamente desnorteada quando sua imagem começa a sumir. Evaporando com o vento.

Tinha alguma coisa naquele bife, não é possível.

— Acorde, Amélia...— Volta a falar, parecendo ainda mais distante.

Me acordo em sobressalto, alarmada e completamente atordoada. A luz fraca do dia entra pela pequena frecha na janela e fico ainda mais desorientada. Me levanto da cama, observando que estou no meu quarto e já é dia.

Que porra!

Tudo foi um sonho?

Balanço a cabeça para afastar os pensamentos, olhando novamente para a cama quando passo por ela. Eu não me lembro de ter subido para o quarto depois do jantar.

Que loucura!

Abro o chuveiro e entro embaixo da água com roupa e tudo, precisando aliviar minha mente.

A culpa é dele.

Henrico Zattani fez um estrago na minha mente, fodeu com meu psicológico e agora só consigo pensar nele.

— Onde estão todos? — Pergunto ainda da escada, Pedro vira o rosto e me encara sorridente.

— Venha aqui, Amélia. — Seu tom é bem humorado, divertido e fico curiosa para saber o motivo até que avisto, todo empacotado com um roupinha branca.

— Senhor, meu coração errou uma batida agora. — Meio que grito empolgada, descendo os últimos degraus da escada em uma rapidez inexplicável.

— Olha quem está aqui, titia. — O homem adulta faz uma voz infantil, balançando a mãozinha de Arthur como se ele estivesse me dizendo um "oi".

Morri. Meu sobrinho é a coisa mais linda desse mundo todinho, sem dúvidas.

— Titia já quer, me dá ele?! — Estico os braços, fazendo uma expressão de cachorro abandonado, não dando escapatória para o homem e ele me entrega a criança.

Ele é tão pequeno.

Senhor.

— Ele é a coisa mais linda desse mundo todinho. — Inspiro o cheirinho de bebê dos cabelos de Arthur e fico toda boca olhando seu rostinho.

— Ele gostou de você. — Diz, vindo para trás de mim, acariciando a cabeça do filho com uma mão e depositando a outra em minha cintura. Me mexo, desconfortável.

— Pedro...— Começo, mas ele me cala com um beijo.

— O que está acontecendo aqui, porra?

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