INDECENTE DESEJO romance Capítulo 53

Todo esse tempo e achei que o desgraçado era só um cretino safado.

— Que porra! — Bato meu punho contra o volante, irritado o suficiente para quebrar a cara do merdinha com um só golpe.

— Você precisa se acalmar, cara. — Guilhermino resmunga do meu lado, segurando firme em seu assento. Não tenho tempo para me acalmar, na verdade, quero guardar toda a minha raiva para quando encontrá-lo.

— O desgraçado matou a sangue frio o namorado da mãe dela, se casou com Aurora e acha que Amélia o pertence. Não me peça calma, cacete! Minha mulher está convivendo com um maldito assassino e ela nem imagina. — Rosno, passando à frente de uma Hilux em uma manobra arriscada.

— Caralho! — Meu amigo esbraveja, olhando pelo retrovisor o carro que ultrapassei.

Acelero, ultrapasso sinais e coloco nossa vida em risco, mas nada consegue desviar meus pensamentos do rosto do maldito naquelas fotos.

— Tente não nos matar. — Guilhermino sibila e não o olho, apenas acelero.

— Fale algo para me distrair. — Aperto o volante até sentir meus dedos dormentes.

— Eu já desconfiava que Pedro era envolvido com os negócios obscuros de Augusto, mas não tinha ideia que ele seria capaz disso. — Franzo o cenho e viro para checar seu rosto.

— Como assim você já desconfiava? Do que exatamente você desconfiava, Guilhermino?

Ele suspira, evidentemente nervoso.

— Tem algo que preciso te falar. — Diz, me fazendo ter uma sensação ruim no peito.

— Fale. — Ordeno e ele suspira, retirando o chapéu e coçando sua cabeça em seu gesto de nervosismo.

Porra!

Vou bater esse carro.

— Guilhermino...

— Eu e Anna estamos fazendo nossa própria investigação, ok? Desde que você saiu daquela cadeia só fala de vingança, mas quando teve a oportunidade de colocar Augusto na cadeia e se livras das acusações não fez. — Confessa, demonstrando frustração e aperto minhas sobrancelhas uma na outra.

— E qual a ligação com a mãe de Amélia?

— Alguém matou Ezequiel e ela sabia disso, nós dois achamos que o culpado era Augusto. Então, nos unimos, enquanto eu fazia isso por você, Anna queria vingar o amante, acabamos chegando ao nome de Pedro ocasionalmente, mas não tínhamos provas concretas.

— As provas que sumiram do meu cofre. — Penso em voz alta.

— Fui eu, sinto muito. — Diz, não parecendo realmente arrependido.

— Por quê não me avisou? — Questiono, ainda ingerindo as informações.

— Você não queria fazer a denúncia. Anna ligou para a fazenda a sua procura quase três meses depois da viagem que fez, atendi e ela me contou o plano. Resolvemos por deixar você e Amélia fora das investigações por segurança. Rio, sem humor, odiando o fato de terem armado nas minhas costas mais uma vez. 

— Você sabe quem me enviou as fotos?

— Não.

— Augusto não matou Ezequiel. — Pontuo e ele acena.

— Não, Pedro o matou, mas isso não significa que o pai de Amélia não tenha ligação.— Fala, no exato momento que chegamos a residência Leal e sei que ele está certo.

— E, agora? — Pergunta, olhando para o portão de ferro fechado e sorrio, sentindo meu sangue ferver por motivos diferentes.

— A gente entra e acaba com o teatro dele. — Acelero o carro e avanço, batendo contra o portão e o fazendo balançar. Os seguranças se aglomeram e exigem que me afaste, mas dou ré só para avançar novamente, repetindo o ato mais duas vezes até fazer com que a estrutura metálica desabe.

— Vai!— Guilhermino grita e volto a acelerar, avistando o dito cujo junto com minha garota. A raiva me consome e vejo tudo escuro, parando poucos centímetros deles e pulando pra fora do carro. Tudo acontece rápido demais, em um pulo estou gritando o nome de Pedro, ganhando sua atenção quando o gatilho da arma em sua mão é puxado e ao corpo do meu melhor amigo aparece na minha frente, recebendo o tiro por mim e caindo ao chão logo em seguida. Gritos e então vejo o maldito fugindo com minha garota. Me sinto entre a cruz e a espada, ponderando se entro no carro e sigo atrás dele ou fico e zelo pelo corpo de Guilhermino.

Cacete!

Isso não deveria ter acontecido. Eu não posso perdê-lo. Não QUERO e não POSSO perdê-la. 

— O que está fazendo parado, aí? Vá atrás daquele infeliz! — Ele rosna do chão, fazendo uma careta de dor enquanto pressiona a ferida de bala no ombro direito.

— Eu...— Não consigo formular a frase, fico perdido pela quantidade de sangue em sua blusa.

— Isso não é nada, vou ficar bem. Amélia precisa de você. — Afirma, fazendo mais uma careta de dor.

— Chamei a polícia e a ambulância. — Viro o rosto na direção de Anna, mãe de Amélia e me sinto perdido por breves segundos.

Polícia.

Me perco nas lembranças.

— Henrico! — Guilhermino esbraveja, parecendo fodido de tão irritado. — Eu não levei um tiro por nada, vá atrás da sua garota.

Acompanho os movimentos de Anna enquanto tudo fica em câmera lenta, ela se ajoelha ao lado de Guilhermino e pressiona seu ferimento com profissionalismo, parece dizer algumas palavras de conforto e volto os olhos pra mim. Eles estão cheios de lágrimas, perdidos.

— É culpa minha. — Ela diz, permitindo que as lágrimas finalmente caiam.

— O que é culpa sua? — Me pego perguntando.

— Eu deveria tê-la mantido longe disso. Era só questão de tempo.— Ela pausa, tomando uma longa respiração.

Crispo o cenho, não gostando nada dessa conversa.

— O que era questão de tempo? — Me vejo obrigado a perguntar, segurando seu olhar ao meu.

—O jeito que ele olhava pra ela...— Seu olhar cai sobre o ferimento de Guilhermino e ela cessa suas palavras.

— O quê? —Pressiono para que continue.

Ela me olha, dando um sorriso fraco e sem vida. — Era o mesmo olhar que o pai dela me direcionava anos atrás, porém, Pedro tem algo sombrio e possessivo em seus olhos. — Confessa e um arrepio me toma.

— Henrico.— Guilhermino volta a chamar pelo meu nome, mas mantém seus olhos na direção da entrada da mansão Leal.

Parado, há dez passos de distância está o patriarca da família Leal. As vozes das pessoas ao meu redor se tornam cada vez mais distante e tudo que eu posso enxergar é ele,meu inimigo.

Augusto Leal.

— Desgraçado. — Meu punho acerta seu rosto e o pega desprevenido, fazendo um grupo de empregados gritar em defesa do chefe.

Alguém me segura por trás e impede que eu dê o próximo golpe.

—Soltem ele.— Uma voz feminina grita e não preciso checar para saber que foi Anna quem deu a ordem.

—Soltem. — Augusto reforça a ordem da mulher e sou liberado.

Ele tem uma mão apertando o nariz, evitando que o sangue escorra e mantém os olhos cravados em mim.

—Eu sei de tudo. — Digo firme, ainda o mantendo preso com o olhar.

—Tudo? — Diz, mantendo sua invejável expressão de indiferença.

—Sei que a minha prisão foi armada por você e Pedro. — Digo, voltando a cerrar meus punhos.

—Ah, sim. Você fala sobre isso. — Usa um tom debochado.

— Você também é o responsável pela morte de Ezequiel. — Dessa vez é Anna quem faz a acusação, tomando lugar ao meu lado.

Augusto desvia os olhos para ela, deixando sua expressão de intocável decair quando encontra o olhar da mulher.

—Seu amante.— Ele diz em um fio de voz, parecendo de alguma forma estar decepcionado.

—Ezequiel era um bom homem. Você o matou por vingança, simplesmente porque não conseguia lidar com o fato de que eu o deixaria por ele.

Seu olhar ganha um brilho de diversão e ele sorrir para a mulher, dando uma gargalhada alta.

— Você realmente acha que eu gastaria meu tempo com aquele verme insignificante, querida? —Caçoa, trincando o maxilar quando profere a última parte.

— Não, você mandou Pedro fazer o trabalho sujo. — Digo, cruzando meus braços na frente do meu corpo e o encarando firme.

Ele bufa, soltando um riso debochado quando para seus olhos em mim.

—Pedro?

—A polícia já sabe de tudo. Entreguei as provas da sua corrupção esta manhã, você e seu cúmplice estarão preso assim que o encontrará. —Anna diz, aumentando o tom de voz para chamar sua atenção.

O homem sorrir de lado, descendo e subindo o olhar sobre sua mulher.

— Eu sempre soube que você seria minha ruína, Anna. No entanto, não tenho nada com a morte do seu amante.

Franzo o cenho, estudando sua postura tranquila.

Ele não parece surpreso.

—Você não parece surpreso. — Digo, fazendo com que ele me encare.

—Sou um homem influente, rapaz. Quando você vive uma vida risco tem que estar preparado para tudo. —Confessa, não me convencendo em nada.

—Onde está minha filha? —Anna rosna, dando um passo na direção do marido. Ele se mantém imóvel, fixado no rosto da mulher.

— O que está dizendo? —Diz, por fim.

—Ele levou Amélia com ele. — Digo, analisando sua reação.

Seu rosto se contorce em surpresa e agonia, voltando seus olhos para mim.

— O que está dizendo?— Sua voz sai em forma de rosnado.

—Ele atirou na meu amigo e levou Amélia junto dele.

— Eu não... — Ele leva suas mãos ao cabelos. — Eu mandei que ele pegasse Aurora e Arthur e fizesse uma viagem até as coisas relaxarem. — Admite, olhando de uma lugar para o outro em busca de algo ou alguém.

—Onde está Aurora? —Pergunto, lembrando de não tê—la visto no carro com Pedro e Amélia.

— Ele a levou junto de Arthurzinho. —Augusto admite e rosno.

O maldito levou as duas com ele.

O barulho alto de sirene nos desperta, fazendo com que me vire e encare Guilhermino ainda deitado no chão, sendo amparado por uma da empregadas da casa. Uma sensação ruim me invade e levanto as vistas, uma frota de cinco carros da polícia federal estacionam bem na frente.

— Eu sei pra onde ele às levou. — A voz de Augusto soa logo atrás de mim e o encaro.

—Pra onde? — Rosno, intercalando meu olhar entre ele e Guilhermino.

Augusto não responde, apenas sai em direção ao fundo da casa antes que os policiais o vejam.

—Vá. — Guilhermino murmura pra mim e faço que diz, sigo ao encalço do meu inimigo assim que os socorristas chegam para atendê-lo.

— Onde está Augusto Leal? — Escuto um policial perguntar para Anna.

— Eu não sei. —É tudo que escuto antes de entrar na residência e traçar o mesmo caminho que o meu inimigo fez. Ele está me esperando em um carro esportivo, simples e discreto.

— Vamos dar um intervalo ao nosso ódio mútuo por elas. Sei que você tem apreço por Aurora e sente algo por Amélia. —Diz com notável desgosto e eu assinto.

— Apenas o tempo de eu encontrá-las e ter minhas mãos no pescoço daquele maldito. — Concordo com seus termos.

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