INDECENTE DESEJO romance Capítulo 9

—É um menino. — É a primeira frase que ele fala assim que envolve seus braços ao meu redor, me abraçando com força.

Os olhos brilhando em encantamento me fazem sorrir e trazem uma felicidade inexplicável para meu coração, Pedro é uma das poucas pessoas que me fazem bem, além dele só tem mamãe e as crianças do orfanato. Correspondo ao seu abraço e o aperto de volta, permitindo que meu corpo relaxe junto do seu, embora esteja confusa sobre sua fala.

— Descobrimos o sexo hoje cedo e não sei por qual motivo, mas quis dividir com você. Acho que é por ser como minha irmãzinha mais nova e melhor amiga. — Diz e uma pedra de gela se infiltra no meu estômago.

Irmãzinha.

Sério? Entre todas as palavras, ele tinha que usar essa?

— Eu sei que sua irmã iria lhe falar, mas não me aguentei e quis ser primeiro. — Engulo a seco, me sentando na cadeira quando ele faz o mesmo e se senta à minha frente.

Minha irmã. Não estou certa se Aurora me contaria sobre o sexo do filho, meu sobrinho, na verdade, tenho certeza que ela ficaria feliz se eu não fizesse parte dele. Nossa interação ficou pior ao longo dos anos, mas piorou desde o seu casamento e agora somos velhas demais para tentar uma aproximação e mesmo sabendo disso, Pedro apenas tenta fingir que não enxerga e força a barra.

— Já sabem um nome? — Pergunto, afastando os pensamentos lamuriosos pra longe. Ele sorrir, mostrando todos os dentes.

— Arthur. — Fala, como se me confessasse um belo poema. — Meus lábios se repuxam pra cima, em um sorriso verdadeiro ao imaginar pela primeira vez meu sobrinho.

Uma ansiedade cresce em meu peito e de repente me vejo com ele nos braços, ninando e contando histórias para que ele durma. O levando para passear e dando todos os doces que desejar, mas, isso não vai acontecer. A melancolia me atinge e não consigo disfarçar a tristeza quando percebo que Aurora nunca permitirá minha proximidade com o filho, não quando ela culpa a mim e mamãe pela morte de sua mãe.

— O que foi? — Pedro pergunta, tocando minha mão sobre a mesa.

— Nada. — Digo.

Ele bufa, jogando as mãos pra cima.

— Por favor, você não me engana. Seus olhos ficaram tristes e sei que deve ter um motivo.

Sorrio, tentando mudar minha expressão e convencê-lo de que estou bem.

— Não é realmente nada, estou feliz e ansiosa para o nascimento de Arthur.

Seus olhos me analisam enigmáticos, ele me conhece bem demais e sabe que estou mentindo.

— Vou fingir que acredito nisso. Me conta sobre você, o que anda fazendo? Tendo muitas ressacas? — Um sorriso malicioso enfeita seu rosto e tenho que agradecer por mudar de assunto.

Ressaca.

Hum.

Esse tópico me faz imediatamente pensar no cara sem nome que ando conversando sem parar e tento não me entregar com sorrisos.

Temos conversados por alguns dias, mas não faço a mínima ideia de quem seja e isso está começando a me assustar. Sua relutância em revelar sua identidade me faz acreditar que seja algum psicopata querendo vingança da família Leal. Não é o primeiro.

— Na verdade, Dona Anna Maria me fez jurar que ficaria longe de álcool, por enquanto.

Ele sorrir malicioso, me olhando de forma intensa e até engraçada.

— Você tá com cara de quem está ou vai aprontar.

Bufo.

— Eu sou uma santa. — Empino meu nariz, me defendendo de suas insinuações, desviando dos seus olhos interrogativos.

Uma risada alta e contagiante deixa sua boca e tenho que rir junto.

— Eu te conheço, Amélia Leal. Sua cara de boa moça não me engana. — Ficamos em silêncio, quando nossos olhares se cruzam e algo diferente surge entre nós.

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