Uma mulher demonstrava a sua impaciência ao olhar para o relógio em seu pulso pela décima vez em menos de cinco minutos. Raquel suspirou frustrada ao olhar em volta a procura de Raoul. O restaurante encontrava-se vazio dado o horário em que ele havia marcado de ir vê-la. A noite anterior havia se tornado um fiasco quando Raoul ligou desmarcando o seu encontro com ela, o encontro pelo qual ela estava ansiosa, pois iria revelar os seus sentimentos. Um sentimento que duvidava que teria recíproca. A taça de vinho solitária sobre a mesa foi levada ate os lábios carnudos dela de forma sensual, ela estava tão concentrada em seus pensamentos que não percebeu a chegada de Raoul.
Raoul ajeitou a gravata assim que adentrou no restaurante tão familiar. Sempre que se encontrava com Raquel iam para aquele mesmo lugar, sentavam-se na mesma mesa, riam um para o outro falando sempre das mesmas coisas. Algo em seu intimo suspeitava sobre o que ela queria falar.
–Não lembro-me de gostar de convites surpresas – Raoul falou ao puxar a cadeira em frente a ela – sabes tão bem quanto eu que prefiro os encontros planejados com antecedência.
–O único que cancelou ontem foi você – disse sorrindo colocando a taça sobre a mesa. – que bom que veio.
–Disse que tinha algo para falar.
–Na verdade sim..
–Estou aqui – tornou ao fazer um sinal para o garçom – um copo de uísque – pediu assim que ele se aproximou. – Ainda tenho alguns compromissos, peço que diga rapidamente o motivo de minha vinda.
–Sempre direto. – O olhar de Raquel demonstrava firmeza,mas ela começava a indagar-se se não estava equivocando-se. Para ela o importante era seguir os seus instintos só que com Raoul nada funcionava. – Estamos juntos há um tempo, não é?
–Presumo que sim.
–Nesse tempo pensou alguma vez em nós? Como um casal.
–Raquel, se me chamou aqui para dizer que está sentindo algo por mim acho melhor terminarmos quaisquer relações. Não sinto nada por ninguém. Deveria saber disso.
–Não é isso – mentiu sorrindo – essa é uma pergunta que me veio a cabeça agora. Queria saber se poderíamos viajar para a toscana no próximo final de semana. Soube que vai ter um festival de filmes, que eu me lembre és um cinéfilo.
Raoul ponderou a sua resposta ao observar a mulher a sua frente. Ele não precisava ser um gênio para saber que ela estava mentindo para ele.
–Sinto muito – disse levantando-se – mas este final de semana tenho compromissos inadiáveis. Estou indo primeiro – deu as costas a ela ao sair do restaurante suspirando fortemente. – Meu dia começou pessimamente – murmurou ao entrar em seu carro.
***
Emma levou a mão a boca antes de tossir mais uma vez. Nem ela conseguia entender como conseguiu forças para levantar da cama e ir ate o colégio. O seu corpo doía, não conseguia concentrar-se em nada e para piorar o seu estado se sentia cada vez mais quente. Por mais que o professor falasse ou escrevesse em sua mente existia apenas a sua cama. Aos poucos a sua visão ficou turva e não demorou para a escuridão tomar conta de seu corpo.
A enfermaria era o único lugar que Emma nunca havia ido no colégio,mas ao abrir os olhos, uma hora depois, descobriu que a partir daquele dia conhecia todos os cantos de onde estudava. Erguendo a cabeça com dificuldade viu cabelos ruivos do outro lado do quarto onde estava. Rupert estava sentado em uma cadeira lendo uma revista despreocupado.
–Rupert? - murmurou confusa ao vê-lo erguer os olhos a encarando com um sorriso nos lábios.
–Fico aliviado que tenha acordado – se levantou indo ate ela – você desmaiou no meio da aula. Eu te trouxe ate aqui e fiquei contigo. Como seus pais a deixaram vir com 40 graus de febre?
–40? – repetiu confusa ao levar a mão ate a sua testa molhada pelo suor. – não sabia que estava tão doente.
–Não se preocupe. O diretor já ligou para o seu responsável. Daqui a pouco ele deve estar vindo te buscar.
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