As palavras de Raoul ainda ecoavam na mente de Emma em seus sonhos. Ela sentia o cheiro dele ao seu redor não precisando abrir os olhos para saber que estava em seu quarto. Ele havia a levado para lá por estar mais quente que em seu quarto. Abriu os olhos, horas depois, sentindo-se mais restabelecida. Já estava se levantando da cama quando avistou o mesmo homem do café na porta a olhando com um sorriso na face. Um grito foi escutado por Enzo, que apenas fez uma careta.
–Vejo que esta bem.. Tão bem que quer me deixar surdo – brincou ao caminhar ate ela colocando a sacola próximo a ela. – trouxe para você. Espero que goste.
–Oh meu deus – puxou a coberta ate o seu queixo pálida – se não sair daqui.. Irei gritar. Eu juro. Não estou sozinha.
–Na verdade não está. Eu estou aqui – sorriu.
–SAIA DAQUI – gritou ao pegar a primeira coisa que viu. O despertador de Raoul – eu vou jogar em você.
–Ei, qual o seu problema? Não lembra que sou o primo de.. – antes que ele falasse algo, Emma jogou o objeto em cima dele. Enzo desviou com o rosto confuso.
–És algum maníaco? Me vigiou esse tempo todo, esperou eu ficar sozinha e me atacar? Oh Mio Dio, o que fez com Raoul? Não o matou, não é?
Enzo gargalhou ao olhar para ela. Foi ate o closet, abriu umas das portas fuçou ate encontrar um velho álbum de fotografia.
–Isso deve lhe acalmar – disse entregando a ela. Emma olhou com desconfiança, mas à medida que passava as paginas o seu rosto denunciava a vergonha. – Não é necessário se desculpar, mas acho que Raoul não vai gostar de ver o seu despertador desse jeito – meneou a cabeça ao ver o objeto quebrado no chão.
–Scusi – pediu com a cabeça baixa – eu pensei que... eu não sei o que pensei.
–Não tem problema – sorriu – antes de ir embora eu compro um relógio parecido. Ele nunca nota a diferença – deu de ombros.
–Eu.. estou envergonhada pelo que fiz. Desculpe-me.
–Já disse que não deve se preocupar, falando nisso porque não abre o que eu lhe trouxe?
Emma assentiu ao pegar a sacola retirando dela um urso de pelúcia branco. Um sorriso genuíno brotou em seus lábios.
–Obrigada... Eu adorei.
–Imaginei que fosse gostar. Tenho duas irmãs, sei como garotas gostam dessas coisas.
–E.. Raoul? Ele já foi? – indagou após alguns segundos em silencio.
–Aquele homem vive para o trabalho como o diabo vive para o inferno.
Ela assentiu sentindo-se um pouco triste.
***
–Ele é mesmo o tio dela? – Rupert indagou a Caroline no intervalo entre as aulas. Ele não conseguia conter a sua curiosidade – eles não pareciam parentes.
–Eu discordo – disse sem saber o que falar. Ela havia prometida não contar nada a ninguém e continuaria mantendo segredo ate que fosse necessário – mas.. Ele veio buscá-la mesmo?
–Sim – assentiu confuso ao se lembrar da cena – ela estava incomodada na sua frente. Pareciam dois desconhecidos.
–Deve ser impressão sua.
–Pode ser – disse pensativo – vai visitá-la caso não venha a aula amanha?
–Provavelmente – falou sem certeza – porque?
–Eu gostaria de ir junto.
Caroline olhou tentando esboçar algum sorriso. Ela não conseguia entender o interesse repentino dele por sua amiga.
***
Emma sorriu novamente ao escutar as historias de Enzo. Ele havia passado a tarde toda fazendo companhia e cuidando dela.
–Você não trabalha? – questionou no final da tarde enquanto viam um programa qualquer.
–Trabalho. Sou o diretor de marketing da mesma empresa de Raoul. Por quê? Porque estou aqui com você?
–Na verdade sim.
–Raoul faz todo o trabalho, enquanto me divirto. É perfeito – brincou sorrindo – mas... Ele é quem deveria estar aqui.
–Ele não esta errado de qualquer forma.
–Como não esta? Você ainda é sua esposa mesmo que seja apenas no papel.
–Isso não é bem um casamento, está mais para uma convivência forçada com prazo de validade.
–Por que... diz isso? – perguntou cuidadosamente. Ele não sabia ate onde Emma tinha conhecimento de sua situação.
–Estou trabalhando para ir morar sozinha. Sei que trabalhar de meio período naquele café não irá tornar as coisas mais fáceis – deu de ombros ao olhar para o nada – mas tenho confiança que vou conseguir algum quarto. Qualquer coisa.
–Raoul está lhe tratando mal? – ao vê-la negar continuou – então porque sair daqui?
–Não quero ficar dependente de ninguém. Quero aprender a me cuidar sozinha. Daqui há um ano ou dois, não serei mais casada com ele. Estarei sozinha no mundo – disse com pesar. – tenho que me acostumar.
Em um ímpeto, Enzo a abraçou acariciando os seus cabelos afetuosamente.
–Seu cunhado sempre estará por perto – garantiu sincero.
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