Toscana. A cidade natal de Raoul. Nada poderia ser mais romântico ou mais suave para a primeira viagem de recém-casados, entretanto para Emma e o homem sério ao seu lado aquilo não passava de uma obrigação. Logo na sexta a noite, eles haviam entrado no carro de Raoul seguindo viagem com o intuito de chegar à Toscana pela manhã, cedo. Ele pretendia surpreender a todos ao levá-la e mostrar a mulher, ou melhor, a jovem com quem a sua avó obrigará a se casar. Apesar da escuridão da estrada, Emma percebeu a beleza do lugar. Todo o caminho foi rodeado por Ciprestes e uma bela paisagem rústica. Parecia que o homem não havia ocupado aquela região ainda.
Dentro do veiculo, o silencio era brutal. Raoul não tinha animo para conversar, enquanto Emma não sabia sobre o que falar. Ela bufou antes de ligar o radio sem sequer dizer algo. A musica de Zero Assoluto preencheu os ouvidos deles.
Raoul olhou de soslaio para ela sem nada dizer. Aquele não era o seu estilo musical predileto, mas suportou por não ter que conversar com ela. Por algum motivo, sentia que aquela viagem não seria tão tranquila quanto a musica que tocava. Ele desejava, ardentemente, que nada acontecesse.
O carro seguia lentamente pela estrada, pouco, iluminada. A musica que havia embalado o silencio, começava a transmitir letargia. De forma inconsciente, Emma acomodou-se melhor no assento do carro, fechou os olhos não demorando para estar dormindo.
Uma hora depois, Raoul estacionou o carro em frente a uma casa de três andares. A casa de sua infância. Olhou com frieza para a fachada coberta por eras, suspirando em seguida. Tirou o cinto de segurança, desligou o carro e olhou para Emma. Saiu do carro após pensar um pouco a deixando adormecida.
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O sol brilhava intensamente através da janela de um quarto amplo possuindo uma jovem deitada, sozinha, na imensa cama. Ruídos eram escutados no andar de baixo da casa fazendo com que Emma abrisse os olhos, lentamente. Olhou em volta buscando alguma informação de onde estava, não demorando para lembrar-se de Raoul.
–Será que é muito tarde? – se perguntou ao levantar-se da cama indo em direção à janela onde viu varias pessoas conversando entre si, sorrindo, sentadas no jardim. – Eles não podem ser da mesma família, certo?
Raoul abraçou a mulher sorridente a sua frente sem conseguir evitar, um leve sorriso sincero em sua face.
–Fazia tempo em que não aparecia. Que tipo de família é você? – A mulher falou sorrindo.
–Estava ocupado como bem sabes – disse acariciando os seus cabelos que caiam como cascata pelas suas costas – mas pode ir me visitar sempre que quiser.
–Eu sei e também sei que isso é o mesmo que nada – fez uma carreta ao se separar-se dele. Olhou para a escada vendo uma garota loira vestindo jeans, uma blusa simples e tênis. – Quem é... ela?
Raoul voltou-se para a mesma direção que sua prima olhava, sorrindo, ao perceber que em poucos minutos a paz seria esquecida naquela família. Fez um sinal para que Emma se aproximasse dele.
–Irei apresentá-la no jardim com todos – esclareceu ao colocar a mão nas costas de Emma, incentivando-a a seguir em direção ao jardim sendo seguidos pela prima dele. Assim que saíram da casa, Emma percebeu o quão grande era a sua família. Havia umas cinco crianças brincando livremente, quatro casais, duas mulheres mais velhas e alguns jovens. Todos voltaram a sua atenção para Raoul quando chegaram ao jardim. – Buongiorno– disse com um sorriso zombeteiro nos lábios.
–Raoul, há quanto tempo – um jovem atraente o cumprimentou de longe olhando para a jovem ao lado dele – e quem é a criança contigo?
–Criança? – indagou pensativo fazendo-se de desentendido – esta jovem ao meu lado, quer dizer. Apresento a todos, Emma Sartorelli, a minha esposa. Emma, esta é a minha família.
Ninguém fez um único ruído. Ate as crianças pararam de brincar diante do silencio assustador. O único que possuía um sorriso no rosto era Raoul, que demonstrava sem pudor o seu divertimento.
–Esposa? – Enrico indagou olhando o casal com curiosidade – o que disse.. É verdade?
–Si, não tenho motivos para mentir para a minha família.
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