Para Emma o homem a sua frente poderia ser qualquer pessoa menos Raoul. Ele ria, conversava com leveza com a mulher sem aparentar um décimo da frieza que transmitia ao falar com ela.
“Então ele é frio assim apenas comigo?” se perguntou em pensamento confusa.
–Nonna o que tem feito em minha ausência? – Raoul perguntou afetuoso ao olhar para a mulher a sua frente. Eles estavam sentados em uma mesa, almoçando calmamente uma macarronada, a especialidade dela. –Pelo que provei andou aprimorando a sua comida.
–Você continua um amor, Raoul – ela disse sorrindo – e quando casou-se? Pelo jeito ela é bem nova. Os italianos e suas paixões pela juventude.
–Nonna – a repreendeu suavemente – posso dizer que... Ficaria surpresa em saber como nos conhecemos – olhou para Emma sorrindo levemente, o que a fez arregalar os olhos em espanto. Aquela era uma das poucas vezes, se não a primeira que o via sorrir sem ironia ou zombaria.
–Adoro escutar historias de amor – suspirou- conte-me como foi.
–Um dia... Um dia contarei – prometeu mudando de assunto. Logo a conversa foi regada a recordações deles, enquanto Emma escutava tudo fascinada. Para ela, o homem ao seu lado era outra pessoa.
O almoço transcorreu sem grandes novidades. Assim que terminaram, Raoul despediu-se, abraçando-a afetuosamente. Entraram no carro em silencio continuando desta forma ate ele estacionar em frente a casa de sua família, minutos depois.
–Emma – Raoul disse sério assim que ela estava prestes a abrir a porta – não fique sozinha com Enrico, me escutou?
Ela o encarou confusa. Para Emma, falar com Enrico havia sido divertido e de certa forma o via como a versão mais espontânea de Raoul.
–E porque eu não devo ficar só com ele? Não o considero perigoso. – sorriu levemente sem conseguir evitar ao perceber a sua mentira, pois perigo foi à primeira coisa que lhe veio a cabeça quando o viu.
–Apenas faça o que estou dizendo. – disse mal humorado saindo do carro apressado.
–Isso é bem estranho – Emma murmurou pensativa ao caminhar em direção a casa sozinha.
Raoul passou direto por seus familiares ao entrar na casa, foi ate a cozinha, pegou o primeiro vinho tinto que viu, colocou em uma taça e bebeu. Ele não conseguia se entender. Apesar de se sentir incomodado ao lado dela, de querer afastá-la de si, não gostava de vê-la ao lado de Enrico, um homem acostumado a seduzir qualquer mulher que quisesse.
–Preciso apenas relaxar um pouco – disse a si mesmo ao beber mais uma taça de vinho.
Giovanni fez um sinal, quase, imperceptível para Enrico assim que Emma entrou na sala. Ela cumprimentou a todos ainda com timidez e já estava prestes a ir em direção a escada quando escutou o seu nome. Virou-se se deparando com o sorriso gentil de Enrico.
–Como foi a sua primeira visita a Toscana com o marido? Romântica? – indagou ignorando os olhares acusadores sobre si.
–Oh, foi... Interessante – falou após pensar. Ela não conseguia encontrar uma palavra que descreve-se melhor o dia que teve com Raoul. – e como foi o restante do almoço?
–Bem tranquilo sem as ironias de seu marido – sorriu – tem compromisso para hoje a noite?
–Não.
–Agora tem – disse misterioso – assim que o sol de pôr, irei lhe esperar no jardim, atrás da casa. – piscou para ela antes de dar as costas e voltar para a sala, sentou-se ao lado de Giovanni com um sorriso vitorioso no rosto.
–Esteja preparado. Não quero falhas – Giovanni sussurrou para Enrico, o qual apenas assentiu silenciosamente. “Me perdoe Tio, mas tenho um plano melhor para Raoul. Com certeza este será bem melhor que sua vingança particular”pensou.
***
Raoul ainda estava na cozinha olhando para o nada segurando sua taça de vinho quando avistou Enrico, sorrindo ao entrar na cozinha.
–Nunca lhe vi assim, com problemas? – Enrico gracejou ao imaginar que ele seria o motivo do semblante raivoso.
–Não tens medo de nada, não é? – Raoul falou sem olhar para ele – fique longe dela. Ela é menor de idade, lembre-se disso.
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