–Não acha que deveria parar de tentar ajudá-la com Raoul? – Enrico falou ao ver Enzo arrumar-se para ir trabalhar. Eles não havia mais tocado no assunto sobre os sentimentos de Enzo desde a noite anterior.
–Como assim? Prometemos que iríamos nos divertir, se lembra? – o sorriso de Enzo poderia aparentar ser verdadeiro para todos, com exceção de Enrico, que o conhecia bem.
–Se estiver gostando dela, de verdade, conquiste-a. Raoul não há merece. Nos dois sabemos disso.
–Enrico...
–Faça o que tem vontade.
–Não posso fazer isso – murmurou.
–Por que não?
–Se eu fizer isso... A empresa irá para Giovanni.
–E daí? Seu dinheiro continuará sendo seu.
–Sabes tão bem quanto eu que o único preparado para este cargo é Raoul.
–Então espere um ano. Eles irão se separar e vocês poderão ficar juntos.
Enzo o olhou tentando sorrir, otimista. Ele sabia que Emma já começava a nutrir sentimentos por Raoul e ele por ela.
–Essa guerra eu já perdi – disse para Enrico ao sair do quarto. Saiu de casa pensativo e não demorou para chegar a seguradora. Assim que chegou foi para a sala de Raoul e estranhou não vê-lo.
***
Emma abriu os olhos sentindo o seu corpo languido. Olhou em volta e respirou aliviada ao se ver em seu quarto. Levantou-se e pela primeira vez percebeu estar apenas de lingerie.
–Como isso aconteceu? – se perguntou confusa. Levou o seu dedo aos lábios tentando recordar-se de tudo que havia acontecido.
Raoul arrumou a sua gravata, olhando-se pelo espelho, e não conseguia evitar um, largo, sorriso em sua face.
Flashback on
Emma retirou os sapatos assim que entrou no apartamento. Ela caminhava em frente a Raoul e ao jogar o par em um canto da sala, sorriu para ele.
–Fui uma boa companhia hoje? – ao vê-lo calado apenas a olhando, ela bufou. Andou ate onde ele estava, ficou na ponta dos pés e olhou em seus olhos – Fui ou não?
Raoul ainda não conseguia se acostumar com o jeito de Emma. Ele achava tudo estranho e convidativo demais.
–F.. Foi – falou hesitante. Viu o sorriso em sua face e antes que pudesse fazer algo, ela lhe beijou. Um beijo rápido e terno. – Porque me beijou?
–Para agradecer pela dança – falou marota ao se afastar dele.
Ele continuou parado na sala, olhando-a se afastar com, pouca, confiança.
Flashback Off
–Eu deveria deixá-la beber com mais frequência – se viu dizendo, sozinho, dentro do carro. O que o fez arquear uma sobrancelha. Estacionou o carro em sua vaga, pegou o elevador, ignorando os olhares de reprovação das pessoas que passavam por ele. Ao abrir a porta de sua sala, viu Enzo sentado, o esperando. – Veio cedo – comentou ao ir em direção a sua cadeira.
–Raoul.. Porque chegou tarde?
–Acordei tarde – olhou para Enzo e sorriu – por quê? Acha que eu faria algo com uma criança? Não seja ridículo. Estou contando os meses para me separar dela.
Enzo o estudou durante alguns segundos.
–Continua um hipócrita.
–Como?
–Qualquer um viu que gosta dela naquele jantar. Porque não admite de uma vez? Porque insiste em dizer que não sente nada e que vai se separar dela?
–És algum tolo? Sabes muito bem o motivo de eu estar casado com ela e morando sobre o mesmo teto.
–Sim, mas isso...
–Não seja tolo. Nunca iria me apaixonar por alguém como ela.
–Alguém como ela? – Enzo o olhou sem acreditar – eu vi. Você a beijou em frente a todos, sem necessidade. Você a ama.
–Desde quando beijar alguém é uma declaração de amor? – perguntou sarcástico – acho que está vendo romance demais.
–É você que esta vendo de menos. Nem sabe admitir quando ama alguém.
–Enzo.. Imaginei que já houvesse aprendido isso há muito tempo: “A ambição de poder é a mais forte de todas as paixões." Achas mesmo que eu vou me deixar cegar por uma mulher quando posso ter este império?
–Como consegue ser tão frio?
–Sempre fui assim – disse sorrindo.
–Espere... – Enzo o encarou sem piscar ou respirar – está fazendo com que ela se apaixone por você para que não peça o divorcio, é isso mesmo?
–Talvez – murmurou misterioso divertindo-se com o semblante pasmo de Enzo.
–Se estiver fazendo isso, eu lhe juro Raoul, que irá se arrepender.
–Está me ameaçando?
–Sim, estou – garantiu ao olhar sério para ele. Deu-lhe as costas e saiu a passos rápidos.
Raoul fechou os olhos ao escutar o som da porta sendo batida. Suspirou, levantou-se e ficou de frente para a sua janela. Avistou o céu acinzentado e não conseguiu evitar um aperto em seu coração.
–Enzo... Sentir, querer, admitir e confessar são coisas diferentes. Não posso me dar ao luxo de me apaixonar por alguém 15 anos mais nova. Já lutei muito para chegar onde estou e não deixarei nada destruir isso. É perturbador ver o olhar de reprovação de todos a sua volta. É ainda pior ter vergonha de se olhar no espelho por achar que o que está acontecendo é imoral. Não quero ficar com ciúmes de qualquer jovem que se aproximar dela. Não quero ser instável. Quero continuar o mesmo homem frio e seguro de si. Eu preciso disso para viver. – confessou, sozinho em sua sala.
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