Enzo bateu a porta de seu quarto com força. Ele ainda não conseguia se entender. Perguntava-se incansavelmente o motivo de não ter impedido Emma de ir com seu primo. Ele queria ter tido iniciativa de a levar para longe.
–Mas não posso fazer isso.. Não seria o certo – sussurrou para si mesmo ao jogar-se na cama fitando o teto branco.
–Lamentando-se? – Enrico comentou ao abrir a porta, observando Enzo atentamente.
–Não tem com quem sair? – perguntou sem olhá-lo.
–Mais ou menos –sorriu
– Contou a Raoul onde eu estava, não foi?
–Não exatamente. Ele foi atrás?
–Isso não importa mais – murmurou – não acho que eu esteja correto. Não posso querer tirar a única coisa pela qual ele lutou tanto e continua a lutar, quero dizer, ele está seduzindo uma garota de 16 anos para ter uma empresa, isso não é normal, não é?
–Está a favor dele ou contra? Não entendi.
–Nem eu sei... Foi a primeira vez em que o vi daquele jeito. Ele sempre foi racional, frio e cruel conosco. Nunca se importou com brincadeiras e nem demonstrava emoções, mas com ela... Ele foi intenso.
–Agora esta idolatrando-o? isso está ficando estranho – sorriu – o que ele fez, exatamente?
–Ele nos viu juntos... quando estávamos nos beijando e simplesmente... demonstrou ciúmes de um verdadeiro italiano. Não o reconheci.
–Talvez esteja gostando dela. Ela é apaixonante quando sorri.
–Raoul não tem como gostar de alguém. Ele é imune a sentimentos humanos, sabe tão bem quanto eu.
–As pessoas mudam...
–Esta sendo muito a seu favor – o olhou – o que está havendo afinal?
–Nada, apenas quero que... Tudo acabe bem.
Enzo o fitou com curiosidade, pois Enrico não costumava demonstrar piedade pelas pessoas e muito menos compaixão.
“Algo esta acontecendo...” pensou incomodado.
***
Emma entrou em seu quarto sem dizer uma palavra a Raoul, o qual mantinha-se impassível. Assim que aterrissaram um carro esperava por eles e logo encontravam-se em frente ao edifício.
Raoul sentou-se no sofá sentindo o cansaço transbordar pelo seu corpo. Ele não sabia por quanto tempo aguentaria continuar com aquela mentira tendo Enzo como rival. Fechou os olhos lembrando-se do beijo de Emma e da forma como a acariciou.
–Mas não posso negar que me acostumaria facilmente a isso – sorriu levemente.
***
Algumas semanas haviam se passado desde o incidente. Enzo encontrava-se confuso, imaginando a melhor forma de conquistar Emma, enquanto ela começava a perceber seus sentimentos, o que a deixava desconfortável. A sua formatura aproximava-se deixando todo o colégio eufórico e empolgado pela festa. Entretanto uma jovem encontrava-se pensativa afastada de todos.
Flashback on
Assim que terminou de se arrumar Emma olhou-se no espelho e levou a mão aos lábios lembrando-se do beijo de Raoul e suspirou ao perceber que deseja beijá-lo novamente. Fechou os olhos recordando-se da sensação dele perto de si.
–Isso é loucura...- murmurou ao abrir os olhos e menear a cabeça saindo do quarto em seguida. Ao sentar-se na mesa deparou-se com Raoul vindo em sua direção segurando uma pasta e vestido formalmente. –Bom dia.. – sussurrou.
–Emma – Raoul falou com a voz baixa a olhando – espero que não se encontre com Enzo hoje. Estou sem tempo para salvá-la do perigo.
–Perigo? Enzo não representa nenhum perigo para mim – disse o encarando. – “O único perigo para mim é minha aproximação de você, cada vez mais” pensou.
–Não representa? – sorriu debochado – muito bem.. Continue a vê-lo e saberá do que estou falando, entretanto.. Saiba que terá consequências.
Emma nada mais disse, mas ao virar o rosto sentiu um beijo em seu pescoço. Ao olhar para Raoul o viu sorrir, acenar e ir embora.
Flashback off
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