Emma levou a panqueca aos lábios envergonhada. Aquela era a primeira vez em que lhe acontecia algo semelhante e Raoul não estava lhe ajudando ao aparentar ignorar o que havia acontecido.
–Obrigada pelo café – Emma agradeceu ao se levantar da mesa – eu.. vou indo.. já perdi a primeira aula, mas acho que chego para a terceira.
–Eu te levo, pode ficar calma – a olhou seriamente – não precisa pensar sobre a noite passada. Nada aconteceu e nada foi dito.
–Nada....?
–Nada – a assegurou – termine o seu café. Vou me trocar e daqui a pouco saímos – a viu assentir sem confiança, segurou o riso e foi para o quarto. Vestiu uma calça jeans, blusa de algodão com manga e não demorou para sair do quarto. A viu sentada ainda a mesa, entretanto podia perceber o seu olhar distante – Vamos? – ela o olhou surpresa, levantou-se e sorriu levemente.
O silencio algumas vezes era reconfortante, entretanto para o casal, ele estava consumindo-os. Emma temia dizer algo, enquanto Raoul encontrava-se pensativo. O trajeto acabou sendo feito na metade do tempo, assim que Raoul estacionou o carro, olhou para a jovem sentada ao seu lado. Ela possuía um olhar perdido e entristecido.
–Chegamos – anunciou ao observá-la atentamente – não vai ter problema em entrar sem uniforme?
–Acho que não – disse incerta ao olhar para a calça jeans e a blusa branca que vestia – eu vou explicar. Não deve ter nada.
–Ótimo – murmurou.
–Sim – o olhou – obrigada pela carona.
–Sem problemas – a viu abrir a porta e a chamou impetuosamente – Não.. Vá beber de novo daquela forma e..
–Eu tomarei cuidado – o interrompeu calma – dirija com cuidado – saiu do carro e seguiu em direção aos portões. Raoul ficou a observando entrar até retirar o seu cinto, desligar o carro e seguir para a entrada do colégio.
A diretora sorriu após escutar a explicação de Emma, lhe dando permissão para passar aquele dia sem o uniforme dentro da área do colégio.
–Ah, senhorita Belinni – a diretora disse antes que Emma saísse – não se preocupe com as coisas que escuta. Tudo acabará bem no final.
–O..Obrigada – agradeceu ao sair da diretoria. Por mais que tentasse ser forte era cada vez mais difícil, o que lhe dava alento era ver Caroline todos os dias a apoiando. Caminhava distraída pelo corredor ate ser abordada por um grupo de estudantes. Ao se dar conta do que estava acontecendo, se assustou. Ela estava cercada.
–Veja quem apareceu, Rupert – uma garota falou ao olhar para Rupert, o qual apenas observa a cena com satisfação – não acredito que ela te trocou por um velho.
–Na verdade ela me enganou – a corrigiu sorridente – engraçado como as pessoas são manipuladoras, não é Emma? – ele perguntou a olhando. – outro dia trocávamos beijos inocentes quando a noite deitava-se com ele.
Os murmúrios aumentaram junto com os risos de escárnio.
–Não se cansa de me perseguir Rupert? – Emma disse fria com fúria em seu olhar – Sei que sou importante na sua vida, mas é melhor parar com isso. Já cansei de suas brincadeiras infantis.
–Brincadeiras infantis? – repetiu perplexo, mas logo se recuperou ao pegar algo que um dos garotos que oferecia – vamos o que achará disso.
Rupert ergueu a mão, na qual havia dois ovos e quando estava prestes a jogar em Emma, escutou uma voz atrás de si. Virou-se ficando pálido.
–Se eu fosse você pensaria duas vezes antes de fazer isso –Raoul disse sério ao olhar para o jovem ruivo. Seus olhares se cruzaram com o de sua esposa rapidamente.
–Você..
–Senhor Belinni para um pirralho imaturo como você – o corrigiu. Andou ate onde estavam, a retirou do circulo, segurou em seu braço e a puxou para si – esta garota é a minha esposa e o próximo que lhe fizer algo.. Irá arcar com as consequências e acho que devo começar contigo, afinal os alunos devem se basear em exemplos – com frieza, retirou um ovo das mãos de Rupert e o quebrou em sua cabeça. Limpou a mão na casa do jovem e sorriu – Isso não é nada.. Nada mesmo do que faria com você se continuar com isso. Vamos? – perguntou ao se voltar para Emma, a qual olhava tudo encantada. Naquele instante Raoul virou o príncipe encantando dela.
Ele saiu a puxando pelo colégio sem importar-se com nada. A sua mente estava envolta em raiva e ao parar, no meio do pátio praguejou.
–Sua idiota porque não me contou o que estava havendo?
–Não havia necessidade – argumentou sem encará-lo.
–Necessidade? Tem consciência do que poderia ter acontecido?
–Eu só iria precisar de um banho depois.
Raoul a segurou pelos ombros e a sacudiu. Não sabia o que era mais irreal naquela situação, se era o modo como os alunos reagiam ou o modo como ele tentava ignorar tudo.
–O QUE HÁ COM VOCÊ? – esbravejou – eu estava preocupado, e olha para e diz que apenas tomaria um banho depois?
–É a verdade e porque está agindo tão superior? Nós dois sabemos que não sente nada por mim para ficar preocupado desta forma.
–Não sinto?
–Isso não sente.
–Presumo que Enzo falou algo.
–Não.. Eu apenas.. vi as coisas por uma nova perspectiva – o assegurou – e além do mais.. Não posso fazer nada... Quero dizer, Há coisas que não podemos fazer nada – disse entristecida – não posso fazer nada porque o que eles dizem é verdade. Eu enganei Rupert... eu enganei a todos. Sabe como eu me sinto? Como se tivesse pagando por minhas mentiras. Não vejo como algo... - Raoul a encarou sem dizer nada até perder o restante de paciência.
–CALE-SE – Raoul falou furioso tentando se controlar. Afastou-se dela e a olhou com cuidado – não quero saber o que se passa em sua mente, mas a partir de hoje não voltará para este colégio.
–Do que está falando? É claro que vou voltar.
–Não vai.
–Eu vou – o enfrentou.
–Eles estão lhe maltratando porque esta casada comigo.
–Eles estão me maltratando porque menti para todos.
–E por isso acha que merece esse tratamento?
–Sim – respondeu sem hesitar.
–És uma tola.
–Sou.. sou uma tola por estar arrependida.
–Faça como quiser – resmungou antes de dar as costas para ela – mas se continuar aqui tudo pode piorar.
–Se eu continuar aqui posso vencer.
Raoul apenas foi embora sem olhar para atrás deixando-a solitária em meio ao pátio.
***
Enrico fingia não escutar as perguntas de Enzo. Desde que chegou em casa seu primo não o deixara em paz ao perguntar onde Emma estava.
–Enzo já disse que não sei. A levei para sair e depois a coloquei em um taxi – mentiu com o semblante sério – ela deve ter voltado para o apartamento. Já foi lá?
–Eu liguei inúmeras vezes e não me atendeu.
–Ela deve estar dormindo. Deixe-a respirar um pouco.
–Enrico.. você não fez nada, não é?
–O que eu poderia ter feito?
–Não sei... mas algo me diz que tem culpa.
–Você e Raoul são bem parecidos, sempre colocando a culpa em mim – murmurou ao ir em direção ao seu quarto – falando em culpa, eu acho mais sensato deixar Emma ir para a viagem com Raoul.
–NUNCA – Enzo gritou emburrado.
–Sabe muito bem que não manda em sua vida, alem do mais.. sinto que ela irá – disse misterioso.
***
As passagens de avião foram postas em cima da mesa de Raoul pela sua secretaria. Ele fingiu não ver, mas assim que ela saiu pegou o envelope, abriu e um brilho de satisfação passou em seu olhar. Tudo já estava pronto para a sua viagem faltando apenas o principal, a sua esposa. Suspirou ao guardar o envelope dentro da gaveta virou-se para o computador e começou a ler os relatórios digitais a fim de se distrair. Entretanto surgiu em sua mente a imagem de Emma bêbada. Não conseguiu evitar que um sorriso surgisse em seus lábios.
–Ela fica uma graça bebendo – sussurrou consigo mesmo.
***
Caroline olhou para o semblante entristecido de Emma assim que ela entrou na sala e logo inúmeras situações passaram pela sua mente. Levantou-se e a puxou para fora da sala sem importar-se com o professor.
–Você esta bem? – indagou preocupado ao vê-la com o olhar perdido. – aconteceu algo? Foi Rupert, não foi?
Emma negou em um singelo movimento com a cabeça. Olhou para Caroline com os olhos marejados e a abraçou.
–Vai ficar tudo bem – Caroline disse ao passar a mãos pelos seus cabelos – eu estou aqui.. quando quiser falar.. eu te escutarei.
–Oh Carol.. porque tudo tem que ser assim?
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