Lucas
Encarei os rostinhos de Maria e Gabriela, que estavam deitadas sobre meu corpo enquanto dormiam feito dois anjos. Tirei o l óculos da minha amiga e deixei no sofá. Incrível como meu coração saltitava com aqueles momentos, eu realmente era feliz ao lado daquelas duas baixinhas.
Se alguém me pedisse para escolher algumas memórias de momento felizes da minha vida, eu escolheria três que me marcaram muito.
O primeiro foi um dos aniversários da Maria, o de 10 anos, meu irmão fez uma festa no salão do meu prédio. Ela já era meu xodó desde que nascerá, eu e meu primo, Arthur, que era padrinho dela, sempre disputavamos.a atenção dela. Nesse episódio, lembro dela fazer um discurso para as pessoas importantes para ela, e eu fui incluído nisso, suas palavras foram
muito mais madura do que de uma menina que tinha acabado de completar 10 anos.
Na verdade, ela sempre foi muito madura, e eu me orgulhava muito disso. Naquele dia lembro de chorar feito bebê, está bem confesso, eu sempre fui bem sentimental
e chorão. Mas naquele dia eu senti meu
coração se encher de felicidade, senti que
podia ser algo maior nesse mundo, aliás, tinha uma baixinha que acreditava em mim, na verdade, duas.
Um outra memória que eu diria, seria a
viagem de formatura do Ensino Médio. Eu,
Gabriela, Bariloche e muita diversão, com
toda certeza isso entraria para minha lista
de momentos mais felizes da minha vida.
Lembro de uma enrascada que nos metemos, no dia de ir embora, nos perdemos na cidade, não tínhamos ideia de como nos comunicar com alguém. O que tem de bom nisso? Eu estava ao lado da Gabriela, que conseguia tirar humor até mesmo dessa situação.
Essas histórias já me traziam muitas outras
que envolviam as duas, definitivamente elas eram a alegria da minha vida. E eu era muito grato por isso. Porém essa coisa de reviver momentos felizes não deu muito certo, logo algo que eu não imaginava me veio a cabeça...
Foi como um flash repentino de algo que
aquecia meu coração e o enchia de felicidade. Espera, felicidade? Nesse flash a Gabriela estava sorrindo enquanto me empurrava no sofá da sala e sentava sobre meu colo. Balancei a cabeça, o que era isso? Uma memória?
Acomodei as duas baixinhas sobre as almofadas e levantei indo até o quarto. O que tinha sido isso? Eu estava tentando lembrar os momentos felizes e me vem uma memória que eu nem sabia que existia. Sobre aquela noite, eu não lembrava nada até o momento, ou meu psicológico tinha forçado a esquecer e agora sabendo as consequências disso, elas me atingiam.
Sentei na cama e mais um flash me atingiu,
dessa vez eu encarava seus lindos olhos
enquanto tentava desfazer o laço do seu
vestido branco. Passei a mão pela minha
cabeça, eu podia muito bem estar criando
aquelas memórias também. Mas todo o meu corpo respondia a àqueles flash.
Meu coração estava acelerado e minhas mãos trêmulas. A campainha tocou e eu corri para atender e não acordar às meninas. Ótimo, assim eu não teria tempo para criar coisas na minha
cabeça
Abri a porta e encontrei meu irmão, todo no charme carregando sua mala. Ele
entrou, viu as duas dormindo e foi se sentar
a mesa, peguei dois copos de suco e sentei ao seu lado.
- Ela deu trabalho? - perguntou.
- Maria nunca dá trabalho. - dei um de tio coruja. - Só comeu umas besteiras.
- Ela sempre da um jeito de comer. Não
deveria ter acostumado ela comendo o que
ela bem entendesse! - bufou passando a mão pelo cabelo rente a cabeça. - Colocar ela na linha por um erro meu vai ser complicado agora, você não sabe a luta que é pra fazer ela comer legumes.
- Só deixar ela com a mamãe por algumas
semanas. - brinquei rindo.
- Você deixaria o seu filho? - ele rebateu a minha brincadeira.
- Até parece que a Gabriela ia deixa, ela conhece a nossa mãe muito bem - falei e ele começou a rir. - Deve ser tenso essa coisa de assumir um erro sobre tipo, um ser humano.
- Isso é parte de ser pai. Nem sempre a gente vai acertar, nem sempre vai dar pra ser o pai do ano. Ser tio é bem diferente de ser pai, impor ordens, dar bronca, falar não, é bem complicado, mas também é bem compensado.
Eu realmente não tinha noção do que era ser pai, aliás eu não era pai. E aquela conversa.pode ter me deixado um pouco assustado.
- Eu tenho a sensação que vou fracassar,
Rick. - deitei sobre meu braço.
- E você acha que eu não tenho essa
sensação até hoje? Fico pensando quando
essa menina fizer 15 anos, como vai ser? Eu
também sou pai de primeira viagem, tem
muitas fases dela que eu vou vivenciar e o
meu maior medo é fracassar. Mas Lucas,
essa sensação também faz parte de ser pai
e não pode te privar de nada! - ele apertou meu ombro. - Melinda, me deixou uma carta, para que eu lesse no aniversário de 11 anos da Maria, e você sabe que sempre respeitei as datas das cartas, enfim, ela dizia que e o melhor pai é aquele que aprende com o erro, que a gente vai sim gritar sem motivo,.vai sim deixar nossos filhos escapar pelos nossos braços, mas o que muda é a forma com que enxergamos nossos erros, não dá para abandonar o filho com medo de não ser um bom pai, e sim tentar melhorar. Não sei se você está me entendo, mas basicamente, não vou mentir para você, porque você vai falhar sim, mas o que vai fazer a diferença é o que
você vai fazer quando reconhecer esse erro,
Virei para Gabriela e ela ainda dormia, com
uma mão apoiada curvada sobre a barriga e a.outra envolvendo Maria.
- E se eu falhar com ela? - bebi o restante
do meu suco. - Ela tinha tantos planos, e isso pode mudar tudo.
Rick apoiou os cotovelos na mesa e me
encarou com seus olhos idênticos aos meus,
lá vinha coisa forte.
- Eu planejei terminar a faculdade e ela
também, planejei casar com 30 anos e ter um filho aos 32, por aí, com muito planejamento para que tudo desse certo. -a linha de seus olhos encheram de lágrimas. - Se as coisas acontecem como o planejado, eu teria ela aqui ao meu lado ainda Lucas. Mas não é assim que as coisas acontecem, você e ela vão ter que conviver pelo resto de suas vidas com o resultado de uma noite errada do não planejado. - ele
apertou meu ombro mais uma vez. - Não vou mentir para você meu irmão, a gente é falho, como pai, como homem, como filho, porque nossa espécie é falha. Ter medo de errar só de priva de viver algumas coisas, se eu tivesse medo de falhar com a Maria, acha que eu seria um pai presente? - ele perguntou.
Não preciso dizer que comecei a chorar
com os conselhos dele né? Sempre ouvi que
irmão mais velho existe para que o irmão
mais novo quebre menos a cara, e realmente, o Ricardo sempre esteve lâ me apoiando, me aconselhando, e não apenas l falando, mas me aconselhando, e não l apenas falando, mas me mostrando na sua vida os conselhos que ele sempre me dava.
Estendi a mão e ele bateu nela, segurei nossas mãos por alguns minutos e então levantei para abraça-lo.
Fomos muito próximos desde que me entendo por gente, apesar de implicante, Rick era um puta de um irmão. Quando me mudei para São Paulo junto com nosso pai, ficamos mais próximo ainda, nossa irmandade estava guardada abaixo de sete chaves.
— Mano, marquei médico com aquela doutora que vocême indicou lá no hospital.
Vamos lá na terça feira!
— Ela é ótima. Quando estiver indo me avisa, para que eu possa conhecer meu sobrinho. — ele falou e esfregou uma mão na outra. — Agora vai ser minha vez de mimar o filho dos outros. Aliás... — abriu sua mala preta e tirou uma sacola. — Acho que vou começar já.
Dentro havia um macacão branco com um
estetoscópio vermelho desenhado no pescoço. E ainda dois pares de sapatinhos, um com pequenos desenhos de injeções e outro de pequenos estetoscópios e termômetros.
— Isso ta me cheirando puxar meu filho pra área da saúde.
— Assim como você tá levando a minha a
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