Lucas
- Calma Gabi,, eles não podem fazer isso — falei e afaguei seus cabelos.
Gabriela tinha chegado naquele final de noite no meu escritório, estava chorando e com uma carta de demissão na mão. Tentei a todo custo dizer a ela que eles não podiam fazer isso, pois ela estava grávida, mas ela só chorava.
-Como eu vou pagar meu aluguel? E meu carro? E o concerto do carro?- ela falou despertada.
– Gabi, olha pra mim. - coloquei minhas duas mãos na maçã do rosto dela e limpei suas lágrimas que escorriam por debaixo dos seus óculos.- Está lembrada que eu me formei em direito? Que eu sou advogado? E
que eu trabalho nesse escritório resolvendo casos do tipo? Mandar uma funcionária grávida embora e sem nenhuma causa ainda, é errado, existem leis para isso. Vamos entrar com um processo e vai ficar tudo certo.
- Processos demoram séculos, quem vai me dar emprego comigo estando grávida? O que eu vou fazer agora?- soluçou.
- Para de desespero, Gabriela! Na segunda feira mesmo nós vamos lá conversar com o RH, e resolver isso. Calma, você não está sozinha nessa.
Encostei na minha mesa e puxei ela para meu peito. Ela me mostrou a carta que tinha recebido, lá dizia que ela estava demitida por problemas no setor financeiro, o valor do FGTS, que por sinal não estava de acordo com os três anos que ela trabalhou lá, e falando sobre o aviso prévio.
- Agora eu vou ficar em casa sem fazer nada?- fungou. - Eu tenho um filho pra criar e fui demitida.
-O filho também é meu, e olha só, eu ainda tenho dinheiro suficiente para sustentar vocês dois.
- Não nasci pra ser sustentada por ninguém. E outra você vai pagar a pensão dele, mas os maiores gastos sempre ficam com a mãe eu estava vendo um rupo de mães solteiras.
- Oh cabeça dura. -- dei um beijo no topo da sua cabeça. - Eu vou está com vocês, não se preocupe com isso por favor.
-Lucas, quem vai me dar emprego agora?
-A gente vai resolver isso, minha linda.
Senta aqui, vou pegar uma água pra você.
Ela se sentou na poltrona de frente pra minha mesa e eu fui buscar água no corredor.
Encontrei meu pai rindo e falando no celular enquanto saía da sala. Ele pediu licença para quem estava no telefone e veio falar comigo.
-Filho, estou com três processos de criminalista em cima da minha mesa, vou passar pra você. Tenho tantos na vara familiar que não estou dando conta.
- Tá bom, vou pegar.- segurei em seu braço e falei baixinho.- Pai, a Gabi foi demitida, queria pegar o caso, mas acho que se você pegasse seria certeza de causa ganha.
-Que isso meu filho, está duvidando da sua capacidade? Me diz quantas causas trabalhistas você perdeu nesses três anos? Né porque você é meu filho não, mas você arrasa garoto.
-E que não posso falhar com ela…
- Então não falhe. De o seu melhor!
-Ah pai! Sério que você não vai pegar?
- Não, eu posso falar com ela, mas você quem vai recorrer como advogado dela.
Bufei e peguei o copo de água balançando a cabeça para ele me seguir até minha sala. Gabi ainda estava chorando quando entreguei o copo na sua mão.
Meu pai sentou ao lado dela e segurou suas mãos gentilmente.
Ficou quase meia hora explicando todo o processo para ela, falou para ela ter calma que tudo daria certo, que ela só precisava confiar em mim. Também conversou sobre a gravidez, falou palavras bonitas que quase
me fizeram chorar também.
Era nítido a vocação que seu Marcelo tinha para a advocacia, queria ser assim quando eu crescesse, falar com essa serenidade e passar calma para as pessoas. Era visível anos de experiência ali.
Dei um abraço no meu pai e ele foi embora religando o celular, ali tinha coisa. Limpei mais lágrimas da minha amiga e fui levá-la para casa. Pedi a carteira de trabalho dela e todas as contas para gente fazer orçamento de como ficaria os próximos meses.
- Você é engenheira da produção, sabe muitos conceitos de economia familiar. - disse enquanto anotava todos os gastos num caderno.
- Mas Lucas, eu vou ter um filho, e eu não faço ideia de nada…
- Nós vamos ter um filho, você não vai ter sozinha.
Gabriela tinha muita dívidas no cartão, que tinha feito para mobiliar o apartamento, e ajudar no negócio dos pais dela e conseguia pagar tudo tranquilamente com o seu salário até agora, mas sem um emprego tinha minhas dúvidas se ela iria conseguir.
Mas estaria me precipitando, pois ainda entraria com o processo na empresa.
-O que eu quero dizer é que não faço ideia do custo que um filho traz.
Ela estava preparando chocolate quente pra gente enquanto eu estava jogado no sofá fazendo as contas. E cheguei a conclusão de que se ela fosse mandada embora, ela não conseguiria se manter sozinha, e infelizmente nem eu conseguiria ajudar tanto assim.
As dívidas do cartão, mais o aluguel, as dívidas do carro, agora o concerto, água e luz, telefone, internet, comida, não daria para suprir
com o FGTS e uma e a minha pensão que já deveria ter começado a pagar afinal a gestante também recebi e mesmo se eu desse uma ajuda extra.. Mas preferia primeiro ir lá na fábrica para depois dizer isso a ela.
Deixei as minhas anotações em cima do sofá e fui para a cozinha ajudá-la. Rick tinha me dito que os exames dela tinha dado muitas
alterações por conta das besteiras que ela comia, e desde então tentava convencer que ela deveria se alimentar melhor.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Meu melhor erro