Meu melhor erro romance Capítulo 28

Gabriela

Lucas Fraga: "Boa noite, mamãe do

meu filho. Queria me desculpar por ontem,

prometo que não irá se repetir, eu estava

de cabeça quente e sei lá acho que seus

hormônios estão me afetando também kkk.

Enfim, me desculpa e volta logo, acho que

essa chuva vai destruir sua estufa, ela vai

precisar de cuidados."

Li a mensagem e suspirei, ah Lucas, nem

imagina você que eu não conseguia parar de pensar que não deveria ter fugido daquele beijo. Mas se ele estava falando isso, com toda certeza deveria estar arrependido de ter tentando me beijar.

Levantei do sofá e fui para o pequeno sofá acoplado na grande janela da sala. Olhei para a chuva lá fora, olhei para a mensagem novamente e um raio iluminou o céu.

Derrubei mais uma lágrima e comecei a

digitar a resposta.

Gabriela : "Está tudo bem em relação a isso,

acho melhor esquecermos mesmo. Quanto a minha estufa, bem que você podia dar uma olhada nas minhas plantinhas por um tempo, estou ajudando a minha mãe fazer os bolos para encomenda dela, não sei se volto ainda essa semana."

Enviei e sequei a lágrima que escorreu pelo meu rosto. Não queria esquecer, queria voltar naquela noite e não empurrar seus ombros.

Fechei minha mão e apertei minhas unhas

contra a palma. Seja lá o que era isso que eu estava sentindo, estava acabando comigo.

Bloqueei o celular e encostei a cabeça na

janela. Ouvi passos e vi meu pai descendo as escadas da sala, sequei minhas lágrimas com pressa, mas não tinha jeito, ele me olhou com uma cara e foi até a cozinha.

Voltou alguns minutos depois com um copo de água.

— Desde que chegou ontem em casa você só

chora, meu amor. Estou ficando preocupado, se abre com o papai.

Bebi a água e entreguei o copo novamente

para ele. Seu Rogério passou a mão pela

careca e sentou ao meu lado, esperando que eu dissesse alguma coisa.

— Eu não sei, papai. Minha vida mudou de

cabeça para baixo no último mês, eu não sei mais de nada.

Seu Rogério deixou o copo no chão e me

puxou para um abraço. Solucei e ele respirou fundo, me afastei e ele com seu polegar limpou minha lágrimas.

— Realmente tudo mudou muito rápido

minha pequena, e não tiro seu direito de

estar assim. Um filho, perder o emprego, estar com o coração confuso, olha minha querida você está enfrentando uma barra, mas eu sempre tive uma pequena guerreira dentro de casa, você sempre foi mais independente que seu irmão, sempre mais forte, corajosa e autêntica. Você vai passar por tudo isso — ele me abraçou novamente e deu um beijo na minha cabeça.

— Eu queria voltar para meus quinze anos.

— Uma grande filósofa muito inteligente,

que não me lembro o nome agora, diz que a

essência das pessoas não está na idade, no

que ela pode fazer ou no que ela tem, e sim

nos sonhos, na forma como ela enfrenta seus problemas e na sua persistência..

— Ei, eu disse isso. — me recordei.

— Sim, disse isso há dois anos quando foi

morar no seu apartamento. Eu e sua mãe

estávamos passando por vários problemas

relacionado a adoção, estávamos até mesmo brigados e a situação estava pesada e difícil e então você me disse isso. — ele afagou meu cabelo. — Incrível como você sempre foi madura na hora de dar conselhos. As vezes eu ia dormir pensando no que você havia me dito e pensava "Caramba minha filha, tão mais nova que eu, sabe sempre o que dizer.".

— Pena que eu nāo sei o que fazer com a

minha própria vida.

— Minha princesa, sofrimento alheio

não serve como apoio, mas eu e sua mãe

Conseguimos, seu irmão conseguiu, nossa

família tem sangue de vencedor, com você

não vai ser diferente.

Assenti e voltei a chorar, ele afagou mais

meus cabelos. Me aconcheguei em seu peito, quando como tinha cinco anos e estava com medo da chuva. Meus pais nasceram totalmente para exercerem papel de pais. Tanto minha mãe quanto meu pai sofreram com a gravidez precoce dela, comeram o pão que o diabo amassou, e nunca deixaram faltar nada para a gente.

Quando resolveram adotar os meus irmãozinhos eu lembro de dizer isso a eles, que com toda certeza do mundo eles tinham nascido para ser pais.

Dona Gisele tinha seu "Q" de exagerada e

dramática, mas sabia exatamente como dar

uma bronca e cuidar da educação de uma

criança ainda sendo amorosa e não deixando faltar absolutamente nada para suas crias.

Meu pai sempre foi mais bobão, de certa

forma até me lembrava o Lucas, apesar de

pagar de durão na hora da bronca, sempre

babava nos filhos.

— Papai, como é ter um filho?

— Não vou mentir Gabi, é bem difícil, muito dificil na verdade. Ter seu coração batendo fora do seu corpo é quase torturador, a preocupação, o amor, o ciúme, o mix de emoções que um filho traz é inexplicável. Mas ainda que difícil, eu jamais poderia deixar de dizer que a melhor coisa que me aconteceu foi virar pai.

— Achei que tinha sido ver o Corinthians

campeão da libertadores. — brinquei.

—  Não corta meu momento pai do ano. — riu. — Agora fiquei na dúvida.

— Eu sabia.

— Mas falando sério. Foi difícil, até mesmo

estava conversando com sua mãe esses dias, você sabe que o que a gente passou não foi nada fácil, mas foi na dificuldade que eu aprendi que a paternidade me fez homem.

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