Lucas Fraga
— Segure bem a mão dela. Agora a respiração, Gabriela. — a mulher coloco a mão na barriga dela.
Estávamos no grupo que participamos toda sexta feira, de pré-natal. A maioria das "aulas" até agora tinham sido de como trocar uma boneca, como escolher roupas confortáveis, massagens relaxantes para o bebê e mais outras várias coisas relacionadas a noites bem dormidas e cuidados com o neném.
Mas hoje à aula seria prática. Heloísa já
entrava no sexto mês, e então começamos
a frequentar a classe da senhora que usava
legging verde limão e um top rosa florescente, o cabelo dela parecia mais um ninho de passarinho, amarrado em um coque todo bagunçado.
Chegamos lá por volta da sete da noite e a recepcionista da pequena clínica nos direcionou para uma grande sala cheia de espelhos, colchonetes, bolas de pilates e a mulher com um ninho na cabeça. Ela já começou fazendo a Gabriela trocar o vestido azul que ela usava, por um maiô que ela deu.
Logo depois também fui obrigado a vestir um short de tactel que infelizmente tinha na minha mochila, por conta da "lista de material" que foi entregue no início do curso.
Quando sai do vestiário, a mulher cabelo de
ninho de passarinho estava falando sobre a diversidade dos partos e que iríamos começar pelo parto humanizado, um dos partos mais procurados segundo ela.
Ela nos levou para outra sala onde dois casais estavam em piscinas de plástico.
Olhei para minha amiga e comecei a gargalhar, mas acabei levando uma bronca.
Agora eu estava dentro de uma piscina de
criança, com as pernas abertas e a Gabriela no meio delas com os joelhos dobrados e fazendo uma respiração cachorrinho. No início não conseguia conter o riso, mas depois de levar várias broncas foquei em "participar do parto".
— Vamos Gabriela, faça força! — a cabelo de ninho de passarinho falou.
— Se eu fizer força vou parir agora. — a Gabriela respondeu.
Não contive o riso novamente, via instrutora revirar os olhos pegar minha mão e colocar sobre a barriga já bem grande da Gabi. Alisei um pouquinho e senti um chute mais forte.
— Lucas, presta atenção. Vem mais para
frente! — me assustei com o grito.
Fui um pouco mais pra frente ficando com o rosto bem próximo do pescoço da Gabriela.
Ela se encostou em mim e continuou sua
respiração de cachorrinho. Não me contive
em não analisar a situação, ela em meus
braços, seminua, dentro de uma banheira.
Meu Deus Lucas, para com isso. Algumas
situações me deixavam assim, estava
complicado superar a ela, confesso que vê-la acordando domingo de manhã com o short do pijama, cabelo desgrenhado, encostada no balcão da cozinha bebendo um copo.de água, nossa, só de lembrar meu corpo já reagia. Se eu fosse um pouco mais para frente ela sentiria o que estava causando em mim ultimamente, mas por sorte a bruxa do ninho de passarinho na cabeça estava contente pela forma que estava agora.
A maioria dos casais ali realmente era um casal, não dois melhores amigos que engravidarem por acidente, então pera bem normal alguns exercícios como aquele.
— Estou com fome. — ela sussurrou.
— Dizem que água da fome mesmo. Quer
jantar aonde?
— Você escolhe, mas churros seria interessante.
— Churros não é comida.
— Claro que é.
— Que tal comida japonesa? — sussurrei em seu ouvido quando a instrutora se aproximou.
— Estava pensando em algo com mais
gordura.
— Nem pensar, fui recrutado para não deixar você comer besteiras. — arrumei um fio de cabelo dela.
— Bom gente, acho que deu para aprender bastante sobre o parto humanizado hoje. Na próxima aula vamos ver mais sobre a
cesárea, não faltem. — a cabelo de ninho de passarinho disse batendo as mãos uma na outra. — Agora podem ficar a-vontade por mais uns dez minutos para se conectarem um como outro e com o bebê.
Ela saiu da sala e foi acompanhada por um
dos casais. Gabriela fez menção de levantar, mas envolvi sua barriga com meu braço e ela permaneço onde estava.
— Não ouviu a cabelo de ninho de passarinho? — falei bem baixinho no seu ouvido. — Fique quietinha aqui.
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