Lucas Fraga
Eu amo falar sobre o meu filho ou filha.
— Temos um sério problema.- sorri cruzando os braçose me afastando mais da
mesa.
— Qual? — ela falou realmente preocupada.
— Escolher padrinho e madrinha.
— Temos um grande problema. — riu. — Eu voto na Joice e no Rick.
— Rick nem pensar. — falei rindo. — ele não me escolheu para ser da Maria, preferiu o Arthur a mim. — fingi secar uma lágrima e fiz voz de chorão.
— Ah quanto remorso.
— O Maurício ou o João. Ou seu irmão.
— O ruim de escolher meu irmão é que ele é casado e sei lá, acho estranho colocar apenas um do casal. Além do que ele tem três filhos e nunca me chamou para ser madrinha... — ela falou começou a rir.
— Depois dói eu que guardo remorso.
— Eu gosto da ideia do Maurício, mas temos um pequeno problema.
O Maurício era um dos meus primos, era só um ano mais velho que eu. Considerava ele pra caramba, apesar da convivência ter sido dificultada porque ele trabalhava demais.
Mas seria uma ótima ideia chama-lo para ser padrinho do meu filho.
— Qual problema Gabizinha? - perguntei tratamento sem entender.
— Esqueceu que ele e a Joice...
— Já ficaram qual o problema Gabi, se duvidar nosso filho ou filha vira até cupido para estes dois que são mais enrolados que tudo.
A comida chegou e Gabriela se serviu, observava ela pegando o sushi com os hashis.
Tinha que parar de olhar para ela desse jeito, se ela notasse não iria gostar muito. Passei a mão pelo cabelo jogando para trás e também me servi com um sushi.
Com essa história de padrinho e madrinha
lembrei de uma conversa que tive com Sara, ela falando que gostaria de ser madrinha, mas nem comentaria com a Gabi, nem eu e, com toda certeza, nem ela gostaria que isso se tornasse realidade.
Interrompendo meus pensamentos, Gabi pegou uma das minhas mãos sobre a mesa, o lugar que ela tocou começou a formigar. Levantei os olhos e ela estava curvada coma outra mão na boca, para me falar algo.
— 0 que?
— Acho que o homem da mesa ao lado vai pedir a namorada em casamento.
Comecei a rir da discrição dela em me contar isso, mas ganhei um tapa na mão.
— Por que você acha isso?
— Ele está tremendo, gaguejando, está usando um terno, seus olhos brilham quando olha pra ela. — ela falou e comeu mais um pouco. — E tem uma aliança no bolso dele.
Olhei para a mesa ao lado, um homem,
parecendo um pouco mais velho que eu,
estava usando um terno cinza, com as mãos
sobre a mesa segurando as de uma mulher,
que usava um vestido vermelho e sorria.
Deu para notar o volume no bolso da calça dele, onde devia estar a aliança. Depois de analisar e comprovar tudo que Gabriela tinha me dito olhei para ela, encarando discretamente o casal da mesa ao lado, parecia que queria chorar.
Peguei a mão dela que tinha ficado sobre a mesa e entrelacei nossos dedos, isso fez com que ela virasse o rosto para revezar os olhares entre nossas mãos juntas e meus olhos analisando cada movimento dela.
Suspirei e assim como ela fez me inclinei para falar algo, tentando disfarçar que só tinha feito aquilo para realmente segurar sua mão.
— Acha que ela vai aceitar?
— Ela parece confusa. Talvez diga sim só por dizer.— deu de ombros.
— Ou vai ver que ela gosta mesmo dele. — rebate
— Só gostar não é suficiente para construir
um relacionamento, é preciso muito mais.
Amar talvez seja...
— Talvez?-olhei em seus olhos.
— Sim, relacionamentos não se mantém só
com amor.
— Realmente. E se não se mantém com amor...
— Não se mantém com um gostar. — me
completou.
Quando ela terminou de falar, o homem
se levantou e depois ajoelhou na frente da
mulher de vermelho e começou a fazer uma.linda declaração. Sentimental como sou, comecei a ficar emocionado. A Gabriela conteve o riso, mas seu olhar não negava a vontade que ela estava de gargalhar da minha cara.
No final das contas ela aceitou, eu chorei, Gabriela riu da minha cara e todo os clientes bateram palmas para o casal. Foi o tempo de terminamos de comer e pagar a conta. Já no carro, ela me zoou um pouco mais por ter chorado.
— E meu churros? — ela perguntou e fez bico.
— Tinha esquecido. Está com o pé doendo?
— Não.
Desci do carro e ela me seguiu. Tinha uma feira de artesanato próximo dali, como era sexta à noite, os bares, boates e restaurantes estavam abertos, então nem dava medo de ir. Ousei passar o braço pelo ombro dela, que não reclamou.
Caminhamos em silêncio pela calçada da
avenida movimentada, Gabriela olhava tudo atentamente e eu só olhava para ela, tanto que passei do lugar que vendia churros. Só depois que percebi isso e voltamos. Fui zoado mais uma vez por ter "cabeça de vento".
— Você tem certeza que não quer? — falou
colocando o churros de doce de leite na
minha cara.
— Estou cheio.
Ela estava sentada em um banquinho de
frente pra mim. A feirinha de artesanato
não estava tão cheia, somente o lugar onde
ficava a parte de alimentação. Mas naquele
momento parecia que só a gravidinha queria comer churros.
— Come só um pouco. — colocou na minha
frente e eu dei uma mordida.
— Feliz?
— Não muito. — ela deu mais uma mordida
e gesticulou com a mão livre. — O que você
tem, Lucas?
— Como assim?
— Você está tristonho, amuado, pensativo. O que está acontecendo?
— Eu estou normal. — menti.
O que ela esperava que eu falasse? Que estava me controlando para não tirar o doce de leite que havia ficado no canto da sua boca? Que eu estava extremamente confuso por causa dos meus sentimentos por ela?
— Essa não cola comigo. — revirou os olhos.
Suspirei, precisava pensar em alguma desculpa rápida.
Afinal a Gabriela é minha melhor amiga e me conhece muito bem, toda fez que ficava confuso ou não sabia lidar com a situação eu chama ela para me ajudar, mas agora ela não pode nem sonha com o que estou confuso.
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