Meu melhor erro romance Capítulo 46

Lucas Fraga

Abri os olhos com certa dificuldade, estava bem claro. Minha cabeça reclamou de dor, indicando que eu havia bebido um pouco demais. Levantei o pescoço, e senti o lado direito do meu corpo pesado, olhei para o lado e encontrei os fios loiros da Gabriela no meu ombro.

Olhei melhor para a cena, ela estava usando apenas a blusa do dia anterior e uma calcinha azul, e eu apenas usando minha calça. Não, não, não podia ter acontecido e eu não lembrava de nada, não podia ter acontecido.

Coloquei a mão na cabeça perplexo. Estávamos no quarto de hóspedes, ela sobre meu corpo, seminua. Respirei fundo, puxei o ar com força, mas minha cabeça doeu.

Por que eu fui beber? Não era justo eu não lembrar de nada. Queria começar a chorar. Tentei me substituir por um travesseiro sem acordar a Gabriela. Minuciosamente levantei.

Como eu podia ser tão burro? Olhei para ela deitada sobre os lençóis branco. Queria me dar um grande soco. Caminhei até a enorme janela e fechei as cortinas, a luz estava me incomodando.

Depositei um beijo com carinho na sua testa e a cobri liguei o ar-condicionado para fazer ela descansar, logo mais o nosso filho vai era aqui por isso preciso que ela esteja aproveitando os momentos que tem para dormir.

Peguei minha blusa e a coloquei, precisava de um copo de água. No corredor encontrei Maria coçando o olho e com um pijama de ovelhinha.

— Bom dia, tio — falou com a voz rouca.

— Bom. Cadê seu pai? — perguntei a ela que ainda coçava os olhos.

Descemos as escadas, encontrando as coisas da festa no mesmo lugar e meu pai dormindo no sofá, fazendo um barulho estranho com a boca, parecendo um trator.

— Saiu logo cedo.

— E foi para onde? — espreitei os olhos curioso.

—  Para onde ele sempre vai todo dia 18 de agosto.

Realmente minha cabeça não estava muito bem. Rick pegava a estrada para praia todo aniversário da morte de Linda, dizia que ali sentia muito perto dela. Passei o braço pelo ombro da baixinha e apertei em uma tentativa de consolo, mas o fato era que eu sempre fui bom de ser consolado e não em consolar.

Em silêncio nós dois fomos para a cozinha, eu peguei um copo de água e ela um copo de suco. Olhei para o relógio, já passava das dez da manhã. Tomei a água e peguei um prato, enchi de salgadinhos e coloquei no micro-ondas. Maria roubou um quando tirei.

— Sabe que horas eu subi ontem? — perguntei a ela meio sem graça, eu não acredito que eu fiz isso de novo.

— Você não lembra? — pela cara que ela fez de supressa me deixou ainda mais chateado comigo mesmo.

— Não, acho que bebi muito vinho e cerveja.

— Essa é a terceira vez só nesse mês que escuto isso de você, toma cuidado para não virar um bebum. Você vai ter um filho sabia? Não pode ficar se embebedando em um aniversário de doze anos. — falou tudo na lata e acho que está precisando levar brinca da minha sobrinha.

— Aí, levando bronca de uma baixinha de doze anos. — coloquei a mão na cabeça com dor.

— Mas é a realidade tio, você precisa começar a ter mais responsabilidade. — deu de ombros.

— Você está certa, e olha que eu nunca fui muito de beber.

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