Gabriela de Sá
Nossos corpos se separaram, pois podíamos notar a noite caindo, trazendo para mim um certo cansaço, e um anúncio de que no dia seguinte ele tinha que ir trabalhar.
Fizemos mais algumas fotos dentro da estufa e por todo terraço, e então aquele dia cansativo tinha acabado. Lucas pagou parte do trabalho, e a outra parte seria paga na retirada do álbum. Depois de um longo banho de água quente, vesti minha camisola e uma blusa de moletom por cima e fui para sala, onde Lucas me esperava com uma folha de sulfite, um chá quentinho e um sorriso terno.
— Flores Gabriela. — falou fazendo uns rabiscos em busca de um logo.
— Está parecendo os mercadinhos perto da casa dos meus pais. "Mercearia da Maria", "Açougue do Zé". — gargalhei sentando ao seu lado e pegando minha xicara.
— Não zombe dos meus dotes publicitários. Eu sou o de humanas aqui. — balançou os ombros. — Falando nisso já contratei aquele advogado para ficar duas semanas depois que você ganhar nosso bebê, minha licença a paternidade. —deu uma risada engraçada e começou a desenhar novamente.
- Meu estômago está doendo.- reclamei alisando um pouco acima da minha barriga.
— Floripa. — falou tirando a xicara da minha mão.- Esqueci que chá da dor de estômago.
— Floripa é nome de cidade.
— Floro. — bateu a caneta nos lábios pensativo e isso deixava ele ainda mais sexy.
Não faz isso Lucas, vai me deixar louca. E quase que eu abro minha boca para falar o que estava passando na minha cabeça.
Comprimi meus lábios enquanto ele desenhava um círculo no papel.
— Flor de Jasmim. — falei arrumando meus óculos. — Era a Flor favorita da vovó Marta. — Com os olhos estáticos no papel ele parou de desenhar e aos poucos foi virando a cabeça para me encarar, um sorriso foi se abrindo como se ele tivesse ouvido uma grande noticia. Apenas senti seus braços apertando minha cabeça em seu peito.
— Perfeito, você é genial. — praticamente gritou voltando para sua tentativa de fazer um logo.
Rindo levantei para ir buscar um copo de água, enquanto enchia meu copo olhei para um calendário que tinha em cima do micro-ondas. O calendário tinha as bordas decoradas com fotografias de doces, minha boca se encheu de água ao ver uns churros.
Derrubei a água sem vontade alguma de tomar ela, eu só queria aquele churros.
Voltei para o sofá segurando o calendário na mão, lá estavam inúmeras marcações. Mas a que mais chamava atenção, era um coração marcado no dia 30 de setembro, pois ali poderíamos começar a esperar nosso bebê nascer. Apontei os churros mostrando para o Lucas.
— Eu preciso.
— Já são quase vinte horas, baixinha. — bufou.
— Eu não disse que eu quero, eu disse que eu preciso. — Falei como uma criança birrenta praticamente comecei a chorar.
— Amanhã eu trabalho — ele falou fazendo biquinho. — E outra eu nem tomei banho ainda. choramingou.
— Seu filho vai nascer com cara de churros.
— Quem inventou essa desculpa para grávidas merece apanhar. — se levantou e eu foi para o balcão pegar as chaves do carro.
— Onde eu vou achar churros a essa hora da noite.
— Vou pesquisar.
Pesquisei pelo celular e apareceu um monte de endereços de padarias que vendiam churros, mas nenhuma ali perto. Com cara de cachorro sem dono entreguei o celular para ele ver os endereços.
— Vila Guilherme a mais perto.— pegou seus óculos falsos no bolso e os colocou.
— Tudo bem, não precisa ir. Eu entendo, é longe e está tarde. —abaixei a cabeça e fui para o sofá com a boca ainda salivando.
— Eu já estou indo.- veio até mim e beijou minha testa e foi até o quarto pegar a carteira. — Qualquer coisa liga para mim ou para o Rick.
— Está bem.
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