Lucas Fraga
Tempo depois
Hoje a Gabi me fez ir com ela de novo procurar o lugar onde ela vai fazer a floricultura dela eu pensei que ela ia esperar o nosso filho nascer, mas a Gabriela já que deixa tudo certo eu sei que para ela é difícil depender unicamente de mim.
— Mas aquele primeiro lugar não tem onde cultivar as flores para manter um estoque. — ela se sentou na cadeira.
— Mas aqui fica longe de tudo, você não vai ter para quem vender. Sem contar que é perigoso. — respirei cruzando os braços.
— Acho que isso não vai dar certo, eu deveria começar a procurar emprego. _ Agachei na sua frente e peguei suas mãos.
— Nós vamos encontrar o lugar perfeito, baixinha..— alisei sua barriga. — Ainda temos tempo, você vai precisar ficar um tempo em casa por causa do bebê, não precisa de tanta pressa nisso agora vai dá tudo certo.
— Minhas costas estão doendo, e esse neném não nasce, já é dia 14 e ele não quer nascer. — começou a chorar e deixou as mãos na minha gravata.
— Está tudo bem, se ele não nascer até semana que vem, vamos fazer a cesárea e vai dar tudo certo.
Puxei ela para um abraço, e fiz carinho nos seus cabelos. Ela tirou seus óculos e limpou a linha dos olhos. Eu a entendia, já estava agoniado também, já era para o neném ter nascido, mas parecia que não queria sair do quentinho da barriga dela.
No último mês tivemos dois alarmes falsos, na semana passada ela tinha sentido muita dor, mas ainda eram contrações irregulares e ao chegar no hospital a doutora Marília disse que ainda não era hora, era apenas um alarme falso. Era nítido a ansiedade dela e a frustração por estar demorando tanto. Limpei suas lágrimas e beijei as suas mãos em seguida fazendo carinho no seu rosto.
— Eu quero deixa tudo certinho antes dele nascer — falei e ele sorriu.
— Vamos ver aquele outro lugar? Aquele perto do centro? Ou melhor, perto do meu escritório? — falei
— Vamos. — secou suas lágrimas e sorriu se levantando e deixando a mão nas costas, parecia que estava sentindo bastante dor. Ela desde que saímos de casa está sentindo dor só que não quer me falar por medo de ser outro alarme, e sinceramente o melhor seríamos volta para casa.
— Podíamos alugar um lugar para você cultivar e outro para vender.
— Muito custo.
— Já sei! — pulei com a luz que veio em minha cabeça. — Tem aquele grande espaço no jardim da casa dos seus pais, você podia plantar lá.
— E uma opção.
Abri a porta do passageiro para ela, depois de nos despedir do dono do pequeno local. Dirigi para perto do meu escritório, tinha saído de lá uma hora mais cedo, para poder visitar todos os lugares com a Gabriela.
Tirei meu paletó, o dia estava frio, mas essa correria estava me deixando bem agitado. Estava sentindo que precisava fazer algo mais, estava com uma ideia maluca de me mudar do apartamento, talvez para uma casa, não sei, mas estava querendo mais espaço para esse bebê. Devia ter tido essa ideia antes, pois agora seria horrível mudar de casa, as vezes eu gostaria de me xingar.
Estacionei o carro em frente a uma loja de chocolate e fui ajudar Heloísa a descer do carro, ela parecia estar com dor. Segurou no meu braço e seguimos na calçada até uma loja desocupada que ficava entre um café e uma livraria, o local era perfeito, sem contar que ficava a duas quadras do meu escritório.
— Olá! — um senhor estava parado em frente ao local. — Vocês que vieram ver o lugar? — ele perguntou com um sorriso simpático.
— Isso.— respondi.
— Eu me chamo Carlos e sou o proprietário. Qual o negócio que vocês têm ideia de montar aqui? — perguntou enquanto abria uma das portinholas.
— Uma floricultura.
— Jura? Que engraçado, aqui funcionava a floricultura da minha filha, mas aí ela foi para um local maior do outro lado da cidade. Acreditem em mim, aqui é o local perfeito, vende muito. Vamos conhecer lá dentro.
Adentramos no local arejado, estava vazio, as paredes eram todas brancas, o chão de madeira estava empoeirado por conta de uma pequena reforma nos fundos. Era grande, devia ter entorno de 50 m2. Nos fundos havia um lavado, uma mini cozinha e então o que faltava para ficarmos com o local.
— Olha, dá para montar uma estufa aqui. — Gabriela saltitou olhando para o pequeno local de 5 m2 que havia nos fundos da loja. Assim como eu ela tinha aprovado. — Perfeito para um estoque.
— E aí? — cruzei os braços olhando o teto do local, checando a iluminação e gesso.— O que achou?
— Já imagino as prateleiras, os vasos, completamente perfeito.
— Também achei. — sorri e fui até o senhor que estava parado na porta de ferro. — Então Sr. Carlos, quanto ficaria o aluguel?
— Bom. ele tirou um papelzinho do bolso e uma caneta.— Minha filha a princípio queria alugar por 12 mil, porque aqui é uma área bem renomada e perto de tudo, mas está bem difícil de alugar. — ele tossiu e escreveu um valor no papel. — Pensamos em nove mil, para deixar mais fácil, porém minha filha está bem nos negócios dela com as flores, está feliz e não sente necessidade de cobrar muito caro não é mesmo?
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