Nas Mãos do Dono do Morro romance Capítulo 15

Felipe

— Tá certo, é isso que vamos fazer — finalizei a reunião onde repassamos o plano sobre o assalto de hoje.

Estou um pouco nervoso, mas tranquilo quanto ao resultado. Essa é a graça do negócio.

Agora eu preciso ir buscar a Amanda, quero ela junto, quero que ela se dê bem também. Confesso que não é muito necessário o papel que ela vai fazer, podia ser feito por qualquer outra pessoa contratada por cem reais, mas eu quero ela especialmente.

E outra, sem falar que eu tô em dívida com ela depois da burrada que eu fiz ontem. Eu sei que a mina é virgem e que nunca teve experiência sexual, mas o filho da puta aqui teve que inventar de mexer com ela, né?

Que bosta.

Cheguei na frente da casa dela e comecei a buzinar pra ela sair aqui e a gente ir.

— Oi Felioe, a minha irmã tá braba com você — o pivete disse no portão.

— Fala pra ela que eu quero falar com ela, manda ela vim aqui — pedi coçando a cabeça em baixo do boné.

Merda. É claro que ela está brava comigo. Como não estaria?

— Ei, Felipe, entra lá e fala com ela, ela está meia nervosa, mas tenho certeza que ela te ama e vai te perdoar.

— Vou lá falar com ela, — falei sem jeito, descendo do carro.

Se ele soubesse de toda a verdade, eu seria chutado pra fora no mesmo instante.

(...)

Consegui conversar com ela à sós e agora estamos indo comprar uma roupa bem dahora pra ela distrair o cara. Foi difícil, eu me sinto horrível por esse clima tenso... Mas ignorar é a melhor solução.

— Amanda, lembre-se de que não pode dizer o seu nome verdadeiro.

— Tá, eu sei, devo usar uma peruca também?

— É, seria interessante, já que voxe não vai usar uma máscara.

— Será que isso é muito errado?

— Depende dos olhos de quem vê, e outra, não se preocupe com isso, tá? Se preocupe só com a casa nova que você quer comprar pros seus pais.

— Você tem razão, não posso perder tempo pesando em coisas que não importam... A única coisa que importa pra mim é o que realmente importa.

Ui. Por quê que isso me soou como uma facada no peito?

Ela quer dizer que eu não sou importante e que não vai pensar em mim?

— Tem coisas que a gente não julga importante, mas que na verdade é, e muito ainda.

— Eu não me importo com o que eu não acho importante, só me importo com o que é importante.

Ok. Beleza. Prefiro ignorar isso que eu eu tô sentindo.

— Chegamos, não vai escolher algo muito caro, beleza?

— Pare de ser mão de vaca, você não disse que estava investindo bastante em armamento? Então, a minha roupa é uma espécie de arma.

— Tá, eu vou te esperar aqui, vai naquela loja ali — aponto a loja que eu sou acostumado a comprar — eles só tem coisas top, escolha o sapato também.

— Tá, mas você tem que vim junto, você que vai pagar.

— Tome, depois me devolve o troco.

— Tudo isso?

— Você já entrou em uma loja dessa, gata?

— Tá, se sobrar alguma coisa eu te devolvo, não sou ladrona não.

— Sei.

Gargalhei enquanto ela saiu pra fora do carro e entrou dentro da loja, segui o trajeto dela com os olhos.

Prefiro não pensar que agora ela vai ter que tirar a roupa e ficar só de calcinha e sutiã dentro do provador. Pensar nisso só complicaria a minha situação.

Ligo o som baixinho e fico ouvindo o meu Mc preferido, um carro de polícia passa na rua e em viro o rosto automaticamente pra não ser notado. Não gosto de polícia. Eles não me conhecem fisicamente, mas sabem sobre os meus corres passados. Não posso dar bobeira.

Que merda, por quê que ela tá demorando tanto?

Saio do carro sem paciência e vou pra loja.

Quando entrei perguntei pra moça onde a Amanda estava e ela me indicou.

— Amanda? Não escolheu anda? — perguntei atrás da cortina.

— Ai que susto! — resmungou lá dentro, — não vai me sondar, em? Eu tô sem roupa.

— Você tá comprando a loja inteira?

— Não me decido, é tudo lindo!

— Tem que ser alguma coisa sexy que chame bastante atenção.

— Eu sei, é tudo nesse estilo.

— Ande logo.

— Tô indo, você pode me dar mais privacidade, por favor?

Não, eu quero entrar aí com você e fazer coisas que eu não deveria até não querer mais.

— Vou te esperar ali no caixa.

— Ainda estou te ouvindo!

— Tô vazando.

Espero que ninguém perceba que o meu volume na calça tá inchado.

Não tô aguentando.

Ô merda. Que vacilo. Entro no provador de roupa ao lado do que ela está e fecho a cortina, ouço ela vestido a roupa e imagino a cena, na consigo evitar.

Fiz o que eu tinha que fazer pra me aliviar. Pareço um tarado, eu sei, mas eu não tenho culpa se é incontrolável, mais forte do que eu.

Eu ouvi quando ela saiu do provador.

E agora, caralho, ela deve estar procurando por mim... Se ela ver que eu estou aqui vai perceber alguma coisa.

Abro uma pequena parte da cortina pra sondar ela, não comigo vê-la, ela deve estar longe. Abro tudo e saio em passos rápidos, disfarçando pra ninguém me ver e ler na minha cara a porra que eu fiz.

— Felipe, onde você se meteu? — perguntou atrás de mim, quando me virei eu a encontrei corada como se tivesse acabado de...

Não. Merda. Não posso pensar nessas coisas.

— Vamos pagar? Quer pagar você ou quer que eu vá?

— Tome, vai lá você, — me deu o dinheiro, o sapato e as roupas.

Peguei e fui no caixa pagar enquanto ela ficou me esperando sentada no sofá que tinha no meio da loja.

Estou me sentindo eufórica. Não sei, ansiosa e sonhadora.

O que eu posso fazer com mais de meio milhão de reais?

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