Amanda
Pai amado me livra de todo mau.
Em que merda eu me meti? Porra! Tudo o que eu queria era me dar bem pelo menos uma vez, uma única vez! Sei lá, parece que todo mundo se dá bem nessa bagaça, e quando eu tento fazer alguma merda pra me dar bem eu descubro que eu tô me mentendo com a droga de um traficante.
É isso. Tenho certeza que aquele gato lindo de morrer é um traficante. Agora não sei qual deles é ele, não sei se ele é um dos grande ou se é um laranja, não importa, é perigoso.
- Venha, gata, vou te levar, - o tal do Marquinhos disse me puxando pelo braço.
- Eu não vou pra porra nenhuma, me solta agora seu merda! - falei me sacudindo tentando me soltar.
- Qual é malandra, pensou que ia se dar bem pra cima do chefe? Se fuseu gatinha, agora não adianta ficar miando não, a pipoca vai estourar pro seu lado, tá ligada?
- Me solta ou eu grito, seu bandido de merda - cuspi na cara dele e na mesma hora ele me deu um tapa na cara que me jogou no chão.
Me levantei com pressa e dei uma cabeçada na cara dele, mas tenho certeza que isso doeu mais em mim do que nele. Quase desmaiei com a tontura que me deu de imediato.
- Qual é, vadia? - Marquinhos me segurou pelos ombros, apertando e me sacudindo, - acho melhor você abaixar essa crista ou você vai pro saco preto, tá pensando que eu sou o que, em vadia?
- SOCORRO! - gritei o mais alto que eu pude para a Ju me ajudar, mas o Marquinho começou a rir de mim.
- Tu acha que tem chance de se salvar gritando desse jeito? - aproximou-se do meu ouvido e falou com uma voz rouca - você não sabe o que eu estou imaginando fazer com você, antes de dar um tiro na sua cabeça.
Comecei a me debater para fugir desse bafo de menta que me dá vontade de vomitar. Uma sensação de medo e pânico não me deixam respirar.
- JUUUUUUU! SOCORROOOOO! - falei o mais alto que eu pude, até ser calada por mais um tapa que dessa vez me derrubou e eu não me levantei.
Estou exausta demais pra levantar.
Ouvi passos vindo, respirei aliviada porque certamente é alguém que iria me ajudar.
- Vamos parar com essa gritaria? - Ju me olhou assustada e depois para o Marquinhos, - o que está acontecendo aqui? - perguntou me olhando com ar de acusação.
- Ju, chame a polícia, me ajude - supliquei começando a chorar.
- O que ela fez? Solte-a, ela é filha de uma amiga, - Ju tentou me defender.
- Sinto muito, tia, essa ladra tentou roubar do chefe, ele quer resolver as coisas com ela.
- Roubar? A Amanda? - Ju parecia bem confusa.
- Sim, vai saber se não roubou de você também? Sai da frente que vou levar essa pilantra, de tchau pra ela, no céu vocês se vê de novo.
Marquinhos começou a me arrastar para fora da casa e a Ju não fez nada, não importava o quanto eu gritava, ela não fazia nada.
Eu vi a minha bicicleta com a cesta e gritei desesperada lembrando-me da minha família.
Eu sou muito nova pra morrer.
- ERA SÓ A PORRA DE UMA ARMA! ME DEIXE VOLTAR PRA CASA! - gritei, mas o Marquinhos não me ouviu, só me enfiou no porta-malas de um carro que nem vi a cor por causa do medo.
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