Nas Mãos do Dono do Morro romance Capítulo 32

Amanda

Eu não sabia que cuidar de um mercado dava tanto trabalho. Estou exausta. Por sorte o povo sempre tá comprando, são pobres mas comem bem. Pelo menos isso. Não posso reclamar.

— Pai, o senhor precisa é largar mão de ficar trabalhando de graça pros outros sendo que a sua esposa e a sua filha precisam de ajuda aqui no mercado.

— O seu pai não está trabalhando de graça, Amanda – minha mãe o defendeu.

— Meio salário não ajuda em nada — retruquei.

— Pare de desmerecer, filha, você sabe muito bem que é por uma boa causa — meu pai disse erguendo uma caixa de papel higiênico pra eu organizar em cima das prateleiras.

Nos fundos do mercado é possível notar a pilha de mercadorias que eu ainda preciso organizar.

— Eu não acredito em política, pai, mas tá bom, não vou te julgar por ter esperança.

Ele sorriu e me passou outra caixa.

Me desequilibrei, ele me ajudou a não cair da escada.

Ele continuou me ajudando, enquanto os clientes faziam fila mo caixa pra pagar o que comprou. Até a Ju vem comprar aqui. A minha mãe sente falta de produzir os pães e doces dela, ela reclama de ficar sentada o dia todo. Não vai ter jeito, vamos ter que contratar alguém pra nos ajudar.

Hoje cedo tivemos um problema com um pivete que entrou e roubou um pacote de bolacha e uma caixa de bombinhas. Tivemos que ser cautelosos ao conversar com ele, levamos-o até a casa e conversamos com oa pais dele. Espero que não ocorram mais episódios assim, a gente fica meio que sem saída, eu jamais iria chamar a policia pra um menino.

(...)

Hoje vamos fechar o mercado mais cedo. Não está tendo condições, ee cansativo demais. Vamos deixar uma mensagem de aviso colado na porta, de que abriremos só amanhã.

(...)

Eu havia terminado de fechar a porta do mercado e caminhando em direção à porta de casa quando o meu celular começou a tocar, aí eu me lembrei que o esqueci dentro da gaveta do caixa. Voltei e o peguei, por sorte existe a porta que liga a casa ao mercado, seria cansativo precisar abrir e fechar a porta enorme da frente sempre que fosse necessário.

Vi uma ligação perdida do Felipe. Uma não, três.

Que estranho. O que ele quer comigo?

Aff, ainda não chegou o fim de semana.

Tá, vou parar de fingir que eu não tô morrendo de curiosidade.

Retornei a ligação imediatamente, na terceira chamada ele atendeu:

— Oi?! — tá, essa não é a minha voz de verdade, a minha é um pouco menos aguda.

Mas saiu assim naturalmente.

— Amanda, onde você ta?

— Felipe, eu não te devo nenhuma satisfação da minha vida, entendeu? — respondi sentindo-me insultada pelo tom rude com que ele me falou.

— Amanda, vem aqui, o sapo vai buscar você aí, vê se não faz nenhuma cena, ou o bagulho vai ficar feio pro seu lado.

— O quê? Você está bem? Está passando mal? Só pode ser isso pra você pensar que pode me usar a hora que quiser, e não dê um de machão pra cima de mim porque comigo não funciona!

— Ele ja deve tá chegando aí, fique aí na frente, é sério, Amanda, na moral, ele está autorizado a usar a força, espero que não seja preciso.

Desligo o celular quase chorando de raiva. Meu coração começa a bater forte de medo. Eu não posso subestimá-lo, eu não posso pensar que ele não seja capaz de me fazer mal, afinal, se ele ele está onde ele está é porque coisa boa ele não fez.

Tremendo e sentindo uma dor de barriga repentina eu vou até a janela da sala e fico sondando por trás da cortina vermelha de cetim pra ver se o sapo está ali na frente me esperando.

Eu não posso chamar a merda da polícia, isso seria imperdoável e pode ser que os bandidos matem a minha família por conta disso. Não, e outra, a polícia não iria se importar com o meu problema.

O que eu devo fazer?

Fugir?

— Mana, o que você está olhando atrás da janela? — meu irmão veio puxando a minha blusinha.

— Ah! Muleque, fique quieto!

— Eu quero ver também!

— Cala a boca! Fique quieto!

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