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Parte 1...
Eu até que acordei me sentindo um pouco melhor hoje. Fiquei até tarde pensando em algumas ideias, mas não senti firmeza em nenhuma e abandonei.
Só que essa madrugada acordei mais cedo do que o habitual e fiquei deitado na cama, olhando para o teto e pensando. Se o que meu avô queria era que eu tivesse uma família, eu poderia conseguir isso, só não sabia ainda como e se haveria tempo para ficar dentro do prazo e não levantar desconfianças. Bem, não muitas, porque de qualquer forma iriam falar e meu irmão seria um deles.
Peguei o celular e mandei uma mensagem para Otávio e para Sandro, para eles irem até meu escritório para a gente conversar. Quero passar para eles as ideias mais prováveis que eu tive e ver se alguma é interessante. Eles vão me dar conselhos, vendo de fora cada uma e a mente de advogado vai ajudar a não meter os pés pelas mãos.
Engraçado que fiquei com a imagem de Ana dentro do ônibus. Ela parecia cansada. Só não sei porque essa imagem ficou comigo, eu a vejo todos os dias e nunca parei para reparar nela, a não ser quando faz alguma bobagem no escritório.
Tomei um bom banho para me livrar do cansaço mental da noite anterior e me animei mais para tentar resolver esse impasse. Não sei porque, mas tenho a impressão de que algo vai surgir. Só espero que seja coisa boa.
Quando saí do banheiro a luz de mensagem piscava. Era de Otávio. Ele estava animado, isso era bom sinal. Disse que já ia me ligar e marcar pra conversarmos mesmo.
Ainda bem, parece que depois do susto inicial algo de bom ia aparecer para aliviar a pressão. Tomei um café bem rápido e saí sem esperar a Patty.
Hoje é dia dela vir fazer uma geral na cobertura e sempre vem com uma ajudante. É uma senhora divertida, que trabalha pra mim já há quase seis anos, mas nem sempre paro para falar com ela.
Patty sabe meu gosto, é de confiança e não é fofoqueira. Nunca tive problema desse tipo com ela. Mas não tenho que esperar, ela passa na portaria e pega a cópia da chave da porta da cozinha e entra. É rápida e ainda cozinha de vez em quando, se tiver tempo. Depende do tamanho da bagunça que eu fizer.
Cheguei na empresa e já fui recebendo papelada para assinar. Mandei que entregassem tudo para Ana e ela iria separar o que fosse mais importante. Eu não assino nada sem antes ler direito e muitas vezes passo para os advogados da empresa.
Ana estava mexendo em algo na gaveta e quando levantou a cabeça se assustou ao mer ver parado.
— Nossa, que susto o senhor me deu - ela colocou a mão no peito.
— E por acaso eu sou algum fantasma?
— Não, mas estava relaxada e...
— Então, começe a trabalhar para adiantar o serviço. Aqui não é lugar de relaxar.
Fiz uma cara séria e entrei em minha sala sem esperar por sua resposta. Estou agitado. Tenho outras coisas a fazer, mas vou ligar para Lucas antes e saber o que ele quer comigo depois de todo esse tempo.
Ele atendeu até rápido. O começo da conversa foi meio lento, depois de tanto tempo. Lucas me disse que estava bem, porém queria saber se eu estava por dentro da questão do testamento e me fiz de tonto, deixando que ele falasse mais, para saber onde estava pisando. Tive cautela sobre isso.
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