Peguei um Uber. Não pedi para que Mateus me levasse, também não quis que ele me buscasse. Ele era uma boa pessoa, mas eu não podia esquecer que ele trabalhava para Madeleine. E se ela perguntasse, sem dúvidas ele iria responder, e eu não precisava que ela criasse milhares de suspeitas. Eu não iria esconder, na verdade não sabia o que ia fazer, mas ficar chorando não estava mais nos planos. Subi no uber ainda tremendo por causa da tentativa de conversa com Luck. Meus olhos insistiam em se encher de água involuntariamente toda vez que pensava em como eu estava ferrada.
O carro parou em frente à minha casa e entrei de rápido. A casa estava silenciosa, algo que era bem normal, apenas estranhei por não ver Summer. Andei pelos cômodos e encontrei, pela primeira vez em três dias, Madeleine, sentada na poltrona na sala de estar em frente à lareira, de costas para mim, ficando visível apenas a ponta da sua cabeça. Suas mãos estavam relaxadas e apoiadas no braço da poltrona, segurando um copo de Bourbon. Pensei em subir correndo a escada, não queria que ela me visse e me enchesse de perguntas. Quando me virei, levei um susto ao ver Vivian.
—Vivian, que susto! — Apoiei a mão no peito, e ela me puxou silenciosamente para o corredor.
Vivian baixou a vista e, em seguida, sussurrou, balançando a cabeça em sinal negativo. — Eu sinto muito, Nicole.
Tá tudo bem. De certa forma, você estava certa. — Dei um sorriso sem jeito, e ela sorriu de volta.
— A culpa não é sua. — Suspirou arrependida. — Mas no momento, não é disso que se trata.
— O quê? O que foi? — disse quase surrando.
— Mateus me trouxe, sua mãe mandou me chamar. Pelo que parece, Summer achou seus exames.
Sorri instantaneamente para ela.
— Mas ele está aqui comigo. — Mostrei minha mão com o envelope pardo. Vivian negou com a cabeça
— Sim, esse está com você, mas o seu exame de sangue.
Eu senti como se meu sangue tivesse sido drenado do rosto, ou simplesmente havia passado por emoções demais por um dia. Eu estava tremendo, suando frio! Mas que diabos ela estava mexendo nas minhas coisas?
Vivian chamou meu nome mais alto que o normal para que eu saísse do transe, preocupada.
— Nicole! Você está pálida, precisa se acalmar! Eu não falei nada, disse que você não havia falado nada para mim ou Alice, mas tenho certeza que ela sabe, que não comprou a minha mentira. A Summer estava ajudado a empacotar as suas coisas e acabou vendo o envelope, mas não abriu, apenas o deu para sua mãe, que viu o resultado e me chamou. Eu fiquei sem reação. Ela gritou muito, porém eu não disse nada, juro! — Vivian cruzou seus dedos como em uma promessa e os beijou. — Sagrado, segredo.
— Aham! — Dei um pulo e olhei para trás após Summer ter pigarreado. — Sua mãe deseja falar com você a sós.
Olhei para ela com meus olhos grandes e surpresos, a respiração ofegante, as mãos trêmulas e o coração quase pulando. — Já estou indo.
Ela sorriu docemente e acrescentou. — Deve se apressar, ela não está de bom humor.
Vivian segurou firme a minha mão, como se não fosse me deixar sozinha. Eu correspondi o toque, segurando firme a sua. Passamos novamente pelo corredor adentrando a sala, onde Madeleine continuava da mesma forma. Diferente apenas era o copo de Bourbon, vazio.
Desculpe, Sra. Vivian, mas ela espera Nicole a sós. Se quiser, pode esperar na sala de estar ou até mesmo na cozinha comigo. Estou preparando um chá. — Summer deu uma piscadela, esticando as mãos para Vivian em um convite. Vivian demorou um pouco para aceitar, mas acabou cedendo e seguiu com ela casa adentro, enquanto eu finalmente estava sozinha com Madeleine.
Fiquei parada por um longo período. Não sabia o que fazer, se falava ou se
a esperava falar. Pigarreei de leve.
Sem resposta.
Aproximei-me um pouco mais da poltrona.
— Madel... Mamãe... — disse enfim.
— Não pensei que teria coragem — ela disse com a voz baixa e firme. — Percebi pela demora para falar comigo. E desde que passou por aquela porta, estou esperando.
— Err... eu... uh... você estava distraída, não pensei que fosse... notar minha presença.
— Mas eu sempre noto! — ela disse bruscamente. — Eu me preocupo! E não sei que diabos você acha que é o motivo desta conversa! Mas eu não sou de rodeios e você sabe. — Ela se levantou, expressão neutra. Caminhou até a mesa, servindo-se novamente de Bourbon. Meu olhar seguiu cada passo, cada piscada que seus olhos deram, seu peito que descia e subia rapidamente, desmascarando suas verdadeiras emoções. — Você está grávida — ela disse sem demora.
— Eu... Por favor, não me obrigue. — lágrimas que venho segurando começam a escorrer pelo meu rosto.
— Te obrigar? — ela disse sorrindo. — Você não sabe o que quer, Nicole! Você não passa de uma adolescente mimada, não sabe nada da vida! Você não pode... você vai me suceder na empresa! Se eu tivesse tido essa oportunidade.
— Você teria o que, Madeleine? Teria me abortado! Sua vida seria, com certeza, melhor sem mim, né? — Senti as lágrimas queimando em meu rosto.
— Não, Nicole, não se trata do que eu poderia ter feito! Afinal de contas, você já não está aqui! — Ela apontou para o meu peito com força.
— Sim, estou aqui! E me virei todos esses anos sozinha. Muitas vezes, esquecendo que tinha uma mãe.
— Ahhh. Por favor, Nicole, não atribua seus erros e escolhas a mim. Eu sempre lhe aconselhei, mesmo distante, a fazer as escolhas certas!
— É! Mas não é assim que se cria um filho! — Cuspi.
— E oque você sabe sobre criar um filho Nicole? — Sua mandíbula aperta e ela diz com agressividade. — Provavelmente você não sabe nada além de abrir as pernas.
— Talvez se, se ocupasse como eu fiz, não seria tão má. — Até eu tô surpresa pela resposta que dei a ela. E a raiva pisca em seu rosto. Confusão. Choque.
Suas palavras não tem sentido ou verdade, mas estão ali com o intuito de me machucar.
— Justamente por isso que você não deveria ter nascido! Eu nunca te quis! É isso o que você quer ouvir? Eu nunca, nunca quis ter filhos! George quis! Ele, sim, quis ter uma filha! Eu não nasci para ser mãe. Eu sempre fui atarefada demais com meu trabalho.
— Como você pode ser tão cruel, Madeleine?
— Cruel? Você não sabe nada da vida! Eu estou tentando te ajudar para que você não cometa os mesmo erros que eu! Hoje, você pode não entender, mas daqui a alguns anos irá me agradecer por ter lhe dado essa oportunidade!
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O bebê do bilionário
Está faltando capítulos autora...
Cadê o resto dos capítulos?...