Claramente que eles não se davam bem. E de repente tudo mudou, eles não se desgrudavam. Tanto eu quanto Alice desconfiávamos que eles haviam tido algo, mas para mim era apenas uma tensão sexual, não algo tão profundo. Depois de um tempo ela teve suas férias fora de época. Julguei que tivesse sido por causa da decepção amorosa. Meu coração doeu com sua história. Pobre Vivian, por um momento, ela tinha tido tudo e, no momento seguinte, não havia mais nada.
— Depois disso, eu realmente saí de férias. Fiquei duas semanas na Itália, e aquele tempo foi bom para mim, mas não curou e nem vai curar esse vazio aqui. — Ela disse, colocando as mãos em direção ao coração. — E meu pai me presenteou com meus silicones. — Ela piscou para mim e soltou uma risada triste.
— Eu sinto muito, Vivian, não sabia que você tinha passado por isso. Eu
poderia ter lhe dado força, eu não sei, poderia ter feito qualquer coisa.
— É essa força que eu gostaria que você tivesse sobre si mesma. Você pode, Nicole! Pela primeira vez na vida, você pode escolher o que realmente quer! Eu sei, eu sei... Eu penso no que eu passei todo santo dia, e dói tanto. Então eu te digo, se você realmente quer essa criança, você precisa lutar. Você precisa...
— Vivian, eu quero, você sabe, mas eu... eu não tenho como.
— Sim! Sim, você pode! Você é tão capaz quanto eu e a Alice! E é para isso que eu estou aqui. — Ela estendeu a bolsa, que até então eu não tinha visto, e disse: — Aqui tá a solução.
Olhei para ela como se um ponto de interrogação gigante estivesse estampado na minha testa. Ela abriu a bolsa e me mostrou um cartão.
— Sr. Colleri Tunner. — Li em voz alta e, em seguida, olhei para ela, ainda sem entender.
Ela abriu um largo sorriso.
— Sim! — disse com calma. — Há uns oito anos meu pai salvou um homem do cativeiro. Ele não o reconheceu na hora mas, mais tarde, veio a reconhecer como Colle. Ele é ex SEAL e dono da empresa multimilionária Security Enterprises. Ele disse que ele faria qualquer coisa que meu pai precisasse, a qualquer momento, bastava uma ligação e os problemas estariam resolvidos.
Tentei falar, mas perdi a voz.
— Err... uh... aquela Security Enterprises?
— Sim! — ela disse. — Ele e meu pai são grandes amigos.
A Security Enterprises era uma empresa mundialmente conhecida, que fazia trabalhos grandes como segurança pessoal de famosos e de empresas tão milionárias quanto a de Madeleine. Sim, eles também prestavam serviços para minha mãe.
— Mas o que ele poderia fazer por mim? Eu nem o conheço.
— Eu sei, Nicole, mas ele deve favores ao meu pai. Depois que ouvi a conversa de vocês hoje, roubei o cartão dele do escritório do meu pai e liguei. Deixei recado, ele não me atendeu. Porém, à noite ele me respondeu. Eu sabia que você faria o aborto de manhã e que não poderíamos perder mais tempo.
— O quê? Vivian, no que você tá pensando? Eu não posso fugir, não tenho onde cair morta, não tenho dinheiro! Como vou me manter? Como vou manter esse bebê?
— Calma! Alice e eu pensamos em tudo.
Vivian parecia nervosa, ela se levantou da cama e começou a andar de um
lado para o outro.
— Como eu estava dizendo, ele retornou a ligação. Eu disse que estava ligando a pedido do meu pai, e que era hora de saldar a sua dívida. Ele aceitou gentilmente. Eu disse que era um favor para uma amiga da família que precisava de abrigo por um tempo. E também de um trabalho, qualquer coisa que lhe desse sustento por um tempo. Em seguida, ele falou que estava aposentando a sua Governanta e procurava alguém que pudesse ajudá-la e futuramente substitui-la. O serviço não é nada pesado, já que a casa é de veraneio. Ele precisa de alguém para apenas manter as coisas em ordem e ficar de olho na propriedade. Então, eu confirmei. E você tem um voo que vai sair daqui a duas horas. Eu sei que não tem muitas roupas, então Alice e eu arrumamos tudo para você. Não é como se fosse uma verdadeira fuga, afinal a mansão fica em Dallas, e você não terá que se preocupar com nada, só tem que ir. Nós já providenciamos tudo. — Ela finalmente parou de falar para, em seguida, tomar uma lufada de ar.
— Eu... eu... não sei... isso tudo tá acontecendo tão rápido! — Levantei e me aproximei dela.
— Olha, eu sei que é difícil, mas você precisa pensar rápido. Se quer mesmo essa criança, não vejo outra opção. Mas se você não quiser... Eu prometo, Nicole, que não haverá julgamentos. Você poderá seguir em frente normalmente e nenhuma de nós jamais tocará neste assunto de novo. — Ela escolheu os ombros e deu um meio sorriso. — Olha, não é muito... — ela disse, estendendo a mão com um bolo de notas envolto por um elástico. — Eu e Alice pegamos pequena parte das nossas poupanças porque imaginamos que Madeleine deve ter bloqueado a sua e, provavelmente, você vai precisar de todo o dinheiro que puder.
Eu estava sem palavras, elas haviam pensado em tudo. Não poderia pedir melhores amigas. Então, eu a abracei e só chorei. Eu estava tão triste e, ao mesmo tempo, tão feliz, que nem sabia como era possível um misto de sentimentos tão intenso. Eu queria o bebê, sei que parecia difícil entender, mas eu precisava sentir o amor mais puro possível, o amor que eu nunca senti, o amor que eu estava pronta para dar. Eu queria ter a doce sensação de proteger, de ser protegida, de ter uma família de verdade.
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Os comentários dos leitores sobre o romance: O bebê do bilionário
Cadê o resto dos capítulos?...